Europeus abrem as quartas de final com promessa de jogão no quarto clássico em Copas. Alemães defendem vantagem conquistada nos anos 80 e tentam feito inédito
Por Alexandre Alliatti, Sergio Gandolphi e Victor Canedo
Rio de Janeiro
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O Maracanã combina com um grande jogo, daqueles de parar meio mundo na frente de uma televisão e não deixar um buraco sequer nas arquibancadas. Um França x Alemanha em mata-mata de Copa do Mundo também pede um estádio mítico, adjetivo repetido à exaustão por quem pisou e pisará em seu gramado e dará aquela olhadinha ao redor. Pois a ocasião, neste caso, foi ainda benevolente com o espetáculo: os europeus farão não apenas o clássico que decidirá o primeiro semifinalista no Brasil, nesta sexta-feira, a partir das 13h (de Brasília), mas também a 100ª partida daquele que será o palco da grande decisão do Mundial.
SAIBA MAIS
O novo Maracanã foi inaugurado no dia 2 de junho de 2013. Brasil e Inglaterra empataram por 2 a 2 em amistoso às vésperas da Copa das Confederações, com o primeiro gol marcado por Fred. O atacante da Seleção e do Fluminense só balançou menos as redes na versão recente do estádio do que Hernane, do Flamengo - são 20 do Rubro-Negro contra nove do Tricolor. O jogo 99 aconteceu sábado passado e teve como protagonista o colombiano James Rodríguez, autor dos dois gols na vitória sobre o Uruguai. Neste intervalo até mesmo os franceses atuaram lá - ficaram no zero com o Equador, ainda pela fase de grupos.
O encontro desta sexta reúne elementos para acreditar que se trata de um jogão. França e Alemanha estão entre os quatro melhores da Copa até aqui - os alemães marcaram nove vezes, os franceses oito. Apesar de não convencerem totalmente, as duas seleções carregam ainda uma grande exibição da primeira fase: o hat-trick de Thomas Müller na goleada por 4 a 0 sobre Portugal e o show de Benzema e companhia diante da Suíça (5 a 2), ambos na Fonte Nova.
Alemanha fez o treino de reconhecimento do Maracanã na última quinta-feira (Foto: Reuters)
Além dos números há uma rivalidade continental, de três encontros em Copas. A vantagem é da Alemanha, vencedora nas semifinais de 1982 (vitória nos pênaltis após um 3 a 3 épico na prorrogação) e 1986 (2 a 0). O triunfo da França aconteceu na disputa do terceiro lugar de 1958: 6 a 3, com quatro gols de Just Fontaine. No retrospecto geral, contabilizando amistosos e Eurocopa, os franceses estão à frente: 11 vitórias, oito derrotas e seis empates.
QUATRO SEMIFINAIS SEGUIDAS?
A Alemanha tenta um feito inédito. Vencer está atrelado a conseguir o que nenhuma seleção foi capaz na história das Copas: alcançar ao menos as semifinais por quatro vezes consecutivas. Em 2002, na única das recentes oportunidades em que chegou à decisão, perdeu para o Brasil de Ronaldo Fenômeno.
Thomas Müller pode levar a Alemanha à quarta semifinal consecutiva (Foto: André Durão)
É enorme a pressão por títulos. Gerações já nasceram e substituíram outras desde que a Alemanha conquistou a Eurocopa de 1996 e a Copa de 1990. Chegar longe e morrer na praia - o que no Rio de Janeiro ganha ainda conotação irônica - é algo que tem incomodado especialmente o técnico Joachim Löw, presente nos fracassos em 2008, 2010 e 2012.
O treinador também está sendo cobrado pelo posicionamento de seu capitão em campo. Philipp Lahm passou a jogar como meio-campista no Bayern de Munique de Pep Guardiola. Löw resolveu testá-lo assim na seleção e gostou. Mas a opinião pública e especializada não concordou. Eles querem Lahm na lateral direita, sua posição de origem, o que ainda não deverá acontecer.
Outra preocupação envolve a condição física dos alemães. Desgastados após a prorrogação contra a Argélia, na segunda-feira, sete deles ainda foram atacados por uma forte gripe. Thomas Müller, artilheiro do time com quatro gols, foi um deles. O técnico confirmou a existência do vírus dentro do elenco, mas acalmou os temores. O zagueiro Hummels, ausente diante dos africanos pelo mesmo motivo, está de volta à equipe. Há ainda a chance de Schürrle ganhar a vaga de Götze no ataque.
FRANÇA “COME QUIETO”
A França leva à decisão desta sexta-feira o desejo de criar novo capítulo em uma história que remete às Copas de 1982 e 1986. Em ambas, foi eliminada pela Alemanha nas semifinais. Agora, deixa nas mãos do rival a maior fatia da pressão pela vitória. Afinal, o oponente é figura recorrente em retas finais de Mundiais - foi às semifinais dos últimos três. Enquanto veem o adversário lidar com a pressão pública por causa do rendimento cambaleante nos últimos jogos, os Bleus valorizam ter chegado às quartas de final. Antes da Copa, davam pinta de que não iriam tão longe, especialmente com o corte do craque Ribery.
A França de Benzema e Pogba preferiu jogar a pressão para a Alemanha (Foto: Reuters)
A campanha francesa surpreendeu e é até melhor do que a alemã. Mas com adversários teoricamente mais frágeis. Agora, a França vive seu maior desafio.
- Avançamos na competição, e os jogos ficam mais complicados. O time alemão tem um nível mais alto, ao menos no papel, do que nossos outros adversários. Temos que jogar o máximo possível na defesa e no ataque. É um time que exige mais – comentou o técnico Didier Deschamps.
O time francês tem uma dúvida no ataque. Giroud disputa posição com Griezmann. O primeiro foi titular contra a Nigéria, pelas oitavas de final, mas o time melhorou quando ele foi substituído pelo segundo. Na zaga, Sakho está de volta.
fonte: globo