terça-feira, 16 de junho de 2015

Caso Fifa: confissão evita que Chuck Blazer passe resto da vida na cadeia

Ex-dirigente da Concacaf recebeu imunidade em processos que poderiam deixá-lo até 75 anos na prisão em troca de "informações verdadeiras e precisas" para investigação

Por 
Nova Iorque, EUA
Chuck Blazer em 2011 (Foto: Getty Images)Chuck Blazer foi secretário-geral da Concacaf por 21 anos (Foto: Getty Images)
Autoridades americanas divulgaram nesta segunda-feira o acordo de confissão de Charles "Chuck" Blazer, ex-secretário-geral da Concacaf e personagem determinante na investigação do escândalo de corrupção na Fifa, deflagrado no último mês. No extenso documento, de 19 páginas, foram revelados todos os benefícios para que o ex-dirigente, que é réu confesso, entregasse os detalhes das transações em que esteve envolvido. Em troca de "informações verdadeiras, completas e precisas", o americano, que é alvo de dez acusações, conseguiu imunidade judicial e evitou uma pena que poderia chegar a até 75 anos de prisão.
No termo, Blazer se compromete ainda a testemunhar em julgamentos futuros de ex-companheiros da Fifa e a participar de atividades encobertas sob instruções de agentes da lei. O americano também devolveu mais de US$ 11 milhões em impostos não pagos. É possível perceber no documento que o ex-Secretário-Geral da Concacaf fornecia informações para investigação desde dezembro de 2011, dois anos antes de se declarar culpado em uma dezena de acusações, entre elas de extorsão, fraude e lavagem de dinheiro. Além da venda de votos para eleição de sede de mundiais, o ex-membro do Comitê Executivo da Fifa aceitou suborno e propina nas negociações dos direitos de transmissão e marketing de cinco edições da Copa Ouro, principal torneio de seleções da Concacaf.
O documento, sigiloso em um primeiro momento, se tornou público por exigência do juizado federal localizado no Brooklyn, em Nova Iorque, na última quinta-feira. O ato foi reflexo do pedido de vários meios de comunicação, após o indiciamento de 14 oficiais da Fifa e executivos de empresas.
No dia 3 de junho, as autoridades americanas já tinham divulgado a confissão do ex-dirigente, de 70 anos. No documento, com 40 páginas, ele admite a prática de suborno na entidade máxima do futebol - envolvendo já a escolha da sede da Copa do Mundo de 1998, na França (a propina seria por votos a favor de Marrocos), e também confirmando o pagamento de propina a favor da África do Sul como local do Mundial de 2010. No material, o juiz Raymond Dearie trata a Fifa como uma "organização criminosa influenciada por extorsão".

A confissão, que é de 25 de novembro de 2013, não escancara novos nomes. No depoimento, Blazer deixa claro, porém, que não age sozinho no esquema de corrupção. Sete dirigentes da entidade foram presos na semana passada, em Zurique, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin. 

fonte: globo