quarta-feira, 24 de junho de 2015

Túlio Maravilha volta a campo para realizar sonho de atuar com o filho

Aos 46 anos, atacante suspende aposentadoria e veste camisa do Aparecida ao lado de Tulinho, volante que diz já ter se irritado com provocações sobre os mil gols do pai

Por 
Goiânia

Túlio Maravilha vive de sonhos e está prestes a realizar mais um. O ex-jogador vai suspender a aposentadoria, decretada em fevereiro de 2014, quando marcou pelo Araxá o milésimo gol - nas contas do próprio atacante -, por uma causa nobre: atuar ao lado do filho Tulinho, de 17 anos, no Aparecida, time profissional da região metropolitana de Goiânia.

Irreverente e com boa forma física, Túlio se diz em pré-temporada para o primeiro compromisso agendado, que será o amistoso entre Aparecida e Goiânia, sábado, às 9h30, no estádio Anníbal Batista de Toledo, em Aparecida de Goiânia. O atacante confirmou presença na partida e também cogita vestir a camisa do clube ao lado do filho na terceira divisão estadual.

- Tulinho joga no Aparecida e está subindo agora. Recebi o convite para defender o clube neste amistoso e será uma honra. Atuar ao lado do meu filho como profissional sempre foi um sonho e estou tendo a chance. Vou sentir a reação do corpo e ver. Quem sabe prolongo essa experiência.

Túlio Maravilha e Tulinho (Foto: Guilherme Gonçalves/GloboEsporte.com)Túlio e Tulinho: pai e filho jogarão juntos neste sábado pela primeira vez (Foto: Guilherme Gonçalves/GloboEsporte.com)
Túlio Costa Filho nasceu em 1998, ano em que o pai vivia a segunda passagem pelo Botafogo, não tão brilhante quanto a primeira, quando sagrou-se campeão brasileiro em 1995. Terceiro filho de Túlio Maravilha no primeiro casamento - o atacante tem mais um casal, Tulianne e Cristhiann, com a segunda esposa -, Tulinho divide com as irmãs mais velhas, Gabrielle e Marcella, a grande admiração pelo jeito carinhoso e o faro de gol do pai artilheiro.
Atuar ao lado do meu filho como profissional sempre foi um sonho e estou tendo a chance. Vou sentir a reação do corpo e ver. Quem sabe, prolongo essa experiência"
Túlio, sobre a volta para atuar com Tulinho 
- Ele é um paizão e um grande amigo. O futebol sempre nos uniu. Mesmo quando ele ficava um pouco longe quando ainda jogava, sempre estávamos em contato de alguma forma. Hoje em dia, falamos muito de esporte. Pergunto o que ele achou dos jogos, ele me conta histórias da carreira, lembra gols e me dá conselhos. O curioso é que não tivemos muito o hábito de jogar juntos. Meu pai nunca foi de ficar jogando pelada. Esse amistoso será algo único.

Com a experiência de quem brilhou com as camisas de Goiás e Botafogo e atuou em clubes como os tradicionais Corinthians, Fluminense e Cruzeiro, além da seleção brasileira, Túlio Maravilha tenta encaminhar o filho no futebol e dá a receita, que também inclui alertas.

- Essa é a profissão que ele escolheu e acredito que tem um futuro todo positivo pela frente. Se depender de mim, estarei sempre ao lado para dar força. Nem só de vitória vive um atleta de futebol. É na derrota que reconhecemos o valor de um atleta. Espero poder contribuir e que os sonhos dele possam se tornar realidade, pois também fazem parte dos meus 




VOLANTE E FÃ DE POGBA
Ao contrário do pai, Tulinho não tem na genética a fome de gols. No começo, até tentou ser atacante, mas logo mudou de posição. Jogou de lateral-direito, mas se firmou mesmo foi como volante. Apaixonado por futebol, o garoto diz acompanhar o esporte diariamente. Além da rotina de treinos no Aparecida, concilia o sonho de virar jogador com os estudos - está na reta final do ensino médio. Como ídolos, menciona Túlio Maravilha, Cristiano Ronaldo e Pogba, do Juventus.
Como sou volante, tenho observado muito os jogadores dessa posição e admiro o Pogba. Ainda é novo e vai ser um dos maiores do mundo"
Tulinho, sobre o volante francês do Juventus
- Meu pai é meu maior exemplo como atleta. Também gosto do Cristiano Ronaldo. Só que, como sou volante, tenho observado muito os jogadores dessa posição e admiro o Pogba. Ainda é novo e vai ser um dos maiores do mundo. Sou fã do futebol dele - afirma.

Tulinho revela que, quando mais novo, costumava ser esquentado em campo. Quando treinava na escolinha do Goiás, não aceitava provocações dos adversários e acabava sendo expulso. Além das ofensas tradicionais no futebol, uma em especial o irritava bastante:

- Odeio quando falam que meu pai não marcou mil gols. Muitos jogadores de outros times usavam isso para me irritar, cheguei a perder a cabeça algumas vezes, mas agora já estou mais tranquilo quanto a isso. Sei que não posso cair na provocação - sentencia.

Túlio Maravilha e Tulinho (Foto: Guilherme Gonçalves/GloboEsporte.com)Túlio bate bola com o filho no condomínio em que mora, em Goiânia (Foto: Guilherme Gonçalves/GloboEsporte.com)
MILÉSIMO PRIMEIRO: O GOL FAMÍLIA
Acostumado a batizar os gols que marca com nomes específicos, Túlio Maravilha já adiantou qual alcunha pretende dar a um possível gol no amistoso. Ele projeta a participação do filho no lance, nem que seja com um lançamento ou na base da ligação direta do campo de defesa.

- Como o Tulinho é volante, é difícil aparecer no ataque. Me contento com um passe longo, vindo lá de trás. Eu dominaria no peito e faria que sei fazer de melhor. Seria o Gol Família! - vislumbra.

Túlio Maravilha e Tulinho (Foto: Guilherme Gonçalves/GloboEsporte.com)Pai e filho posam com a camisa do Aparecida, time profissional de GO (Foto: Guilherme Gonçalves/GloboEsporte.com)fonte: globo