quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Depoimento: histórias que ouvi e não esqueci de Pelé e seu amigo repórter

Paulo Cesar Vasconcellos, chefe de redação do canal SporTV, lembra tabelinhas entre o Rei do Futebol e o jornalista Oldemário Touguinhó

Por Paulo Cesar Vasconcellos Rio de Janeiro

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Oldemário e Pelé (Foto: Adyr Viera / CPDOC JB)

Nunca antes na história desse país houve um jogador como Pelé e um repórter como Oldemário Touguinhó. E viveram na mesma época. O Pelé com cara de menino, e o Oldemário, mais velho, mas com fôlego de garoto para a notícia. Tive o prazer de conviver com o jornalista e ocasionalmente com o Pelé. Com o primeiro aprendi que a notícia não tem hora, e que o bom sempre pode ser melhor; o ótimo, excelente, e por aí vai. Do segundo guardo os melhores momentos que um jogador - tá certo que o Garrincha também me deliciou muito - pode ofertar para um jovem apaixonado por futebol.

Fui testemunha auditiva de muitas histórias entre um e outro, graças ao tempo de convivência na redação do "Jornal do Brasil", à época jornal impresso e lido por muitos. Lembro que o casamento de Pelé com sua primeira mulher foi antecipado pelo Oldemário; recordo de ouvi-lo chamar o “Rei do Futebol” de crioulo, e não havia ali nenhuma manifestação racista. O vi muitas vezes dizer ao Pelé, pelo telefone, o que fazer nesta ou naquela situação. E olhem que o Oldemário não falava alto. E se tinha uma coisa que deixava o Oldemário irritado era quando invocavam uma suposta fama de pé-frio do Pelé.

- Como pode ser pé-frio um cara que sempre me deu notícias quentes? - gritava o Oldemário.

A relação de ambos sempre foi de carinho. Tenho certeza que, nesta setenta data querida, o Pelé lembrará do Oldemário. Com aquele jeito intenso que só o Oldemário sabia ter e com aquele jeito de dizer: “Ô crioulo, não faça isso que não é bom para você.”.Oldemário era o conselheiro, e Pelé, o ouvinte. Que dupla!

fonte: globo