Na semana de aniversário de 50 anos do Pibe, ex-companheiro de Napoli afirma que argentino é tranquilo e diz que rixa com Pelé começou no Brasil
Poucos brasileiros tiveram a oportunidade de estar tão perto de Diego Maradona como Alemão. Assim como o compatriota Careca, o ex-volante de Botafogo e Seleção atuou ao lado do Pibe no Napoli no final da década de 80 e início dos anos 90, época de ouro na história do clube italiano. O convívio permitiu que o maior ídolo do futebol argentino tivesse uma ligação mais íntima com o Brasil. Na semana em que "El Diez" completa 50 anos de vida, Ricardo Rogério de Brito, nome de batismo do ex-meio-campista, se lembra do antigo companheiro com carinho, embora admita que tenha perdido contato com o amigo, com quem não se encontra há dois anos.
Apesar da distância, Alemão ainda lembra de detalhes de Maradona nos bastidores. Com jeito polêmico dentro das quatro linhas e diante dos microfones, o Pibe, que faz aniversário no próximo sábado, era um sujeito simpático e amigável fora dos gramados. Além disso, o ex-volante da Seleção afirma que a rixa entre o então camisa 10 da Argentina e Pelé teria sido uma polêmica criada pelos brasileiros e que Maradona não dava importância para essa briga na época de atleta.
- Sempre nos demos bem. Éramos próximos e, inclusive, ele já passou réveillon na minha casa por duas vezes. Essa rixa entre Brasil e Argentina era um assunto que ele nem tocava. Esse tipo de comparação (com o Pelé) começou mais do lado de cá. Na verdade, o Maradona fora de campo não tinha nada a ver com o jogador. Ele era bem tranquilo e sempre foi muito simpático - lembra Alemão, que se encontrou com Maradona pela última vez há dois anos, em um evento na cidade de Nápoles.
da Uefa da temporada 1988/89 (Getty Images)
A passagem de Maradona, reforçada pela presença de Alemão e de Careca, por Nápoles mudou a cara do principal time da cidade. Se o Napoli não exercia nenhum papel de protagonista no futebol local até então, a partir da segunda metade da década de 80 a situação mudou consideravelmente. Com o Pibe, o clube, enfim, pôde comemorar seu primeiro Scudetto na temporada 1986/87. Dois anos depois, a conquista seria ainda em maiores proporções. Já com os dois brasileiros no elenco, o Napoli faturou a Copa da Uefa, atual Liga Europa, após bater os alemães do Stuttgart na decisão.
Ex-companheiros não sabiam dos problemas com drogas
O Napoli ainda iria faturar mais um título italiano na temporada 1989/90, antes de uma das maiores derrotas da carreira do Pibe. Em 1991, o argentino foi flagrado no exame antidoping por uso de cocaína, o que deu início à decadência de Maradona como jogador. Apesar do problema do ex-meia com drogas ficar escancarado ao público, Alemão diz que, antes disso, a situação era desconhecida pelos jogadores do Napoli.
- Ninguém sabia de nada. Ele sempre foi um cara normal, que treinava normalmente. Mas isso foi um acontecimento que ficou lá atrás, e nem me lembro direito dessa história. Só sei que todo mundo estava torcendo por ele.
“Privilegiado por atuar ao lado do Pibe”, como o próprio reconhece, Alemão assistiu à última Copa do Mundo com um olhar especial para os nossos hermanos. Mas quem pensa que o motivo foi a presença ilustre de Messi, o melhor jogador do mundo, está enganado. Para o brasileiro, a grande atração do último Mundial foi Diego Maradona, que teria brilhado no comando argentino durante a competição.
- Acompanhei toda a Copa do Mundo e achei muito boa a atuação dele como treinador. Na verdade, se teve uma coisa boa nessa Copa, foi a atuação dele na Argentina. Acho que ele ainda vai voltar a ser o treinador da seleção, afinal o país todo quer ele. Por mais que os dirigentes não tenham o mantido no cargo ele estará de volta mais cedo ou mais tarde.
A exemplo de Maradona, Alemão se tornou treinador após pendurar as chuteiras. Ainda procurando seu espaço na nova função, o ex-volante comandou times como América-MG e Nacional-AM entre 2008 e 2010 e está sem clube atualmente.