quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Em alta na Turquia, ex-jogador do Fluminense tatua a bandeira do país

Destaque da surpresa Kayserispor, André Moritz é chamado de ‘puxa-saco’ por colegas de time, mas admite se naturalizar e atuar pela seleção local

Por Marcos Felipe Rio de Janeiro

Andre Moritz Kayserispor tatuagem
Homenagem de Moritz à Turquia (Foto: Divulgação)

Visto como arte marginal há alguns anos, a tatuagem atualmente é algo praticamente normal e aceitável em todas as classes sociais. No futebol, boa parte dos boleiros ostenta ao menos uma, geralmente homenageando um filho ou parente. Mas, na Turquia, um brasileiro inovou.

Desde 2007 atuando no futebol local, o meia André Moritz, ex-Fluminense, prestou um trubuto ao país tatuando no braço o símbolo da bandeira turca.

- Não planejei muito na verdade. Gosto muito de tatuagens e não faço somente por fazer. Gosto por conta do significado. Tenho uma em homenagem aos meus pais e fiz essa porque adoro a Turquia onde já estou há três anos. Até os torcedores dos clubes grandes como Fenerbahçe, Besiktas e Galatasaray me reconhecem. Aqui sou respeitado e vivo um ótimo momento - disse Moritz, principal nome do Kayserispor, terceiro colocado do campeonato local e uma das surpresas da temporada.

Apesar do quarto crescente (a lua e e a estrela) encontrado na bandeira ser uma forte referência ao islamismo, Moritz garante que ninguém ficou ofendido.

- Todo mundo que vê, adora. Me dizem que virei turco de verdade e não veem nenhuma maldade ou desrespeito aos muçulmanos. Só os meus colegas de time é que tiram sarro, dizendo que estou puxando saco do país. Sabe como é jogador... (risos) - contou o jogador, de 24 anos.

Naturalização

Moritz assegura também que a tattoo não tem relação com uma possível naturalização e a conseqüente chance de atuar na seleção da Turquia. No entanto, ele não descarta seguir os passos de outros brasileiros que fizeram o mesmo caminho como, por exemplo, o volante Mehmet Aurélio, do Besiktas.

Andre Moritz no treino Turquia com bandeira turca
André Moritz durante um treino do Kayserispor (Foto: Divulgação)

- É uma possibilidade que aceitaria sim. Até agora ninguém da federação me procurou, mas a imprensa vive batendo nessa tecla. Quando você completa cinco anos de trabalho na Turquia, você ganha direito a cidadania - explicou.

A adaptação ao país é tão grande que, além de falar turco fluentemente (assista aqui a uma entrevista na língua local), Moritz não se incomoda nem um pouco com as rígidas tradições da cidade de Kaiseri, localizada na parte oriental da Turquia.

Andre Moritz Kayserispor
Andre Moritz em ação pelo Kayserispor (Divulgação)

- A cidade é bastante fechada mesmo. Apesar de ser grande e ter mais de um milhão de habitantes, só tem um shopping. Além disso, não é vendida bebida alcoólica por aqui. Um dia meus pais queriam sair para beber um vinho e nada (risos). Mas, por outro lado, isso é muito positivo pois nada atrapalha a concentração da equipe. Além disso, a cidade inteira respira futebol. Você si nas ruas e recebe muito apoio e calor humano - salientou.

Fluminense

Apesar de ter sido revelado no Internacional, foi no Fluminense que André Moritz conseguiu aparecer para o futebol e ganhar uma chance na Europa. Apesar de estar distante, o meia ainda segue acompanhando o Tricolor carioca, líder do Brasileirão.

- Quando não fica muito tarde eu assisto aos jogos, afinal, o time está na liderança. Toda minha família é Fluminense e assim como eles estou na torcida.