Técnico da Seleção responde ao presidente da FCF e atinge futebol catarinense; dirigentes se mostram contrariados e exaltam a evolução do estado nos último anos
Por GloboEsporte.com
Florianópolis
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Felipão na coletiva desta quarta-feira, no Rio
(Foto: Mowa Press)
A declaração do técnico da seleção brasileira Luiz Felipe Scolari, ao dizer que “Santa Catarina nunca ganhou nada”, a não ser o título do Criciúma em 1991, quando ele era o técnico, causou incomodo naqueles que trabalham com futebol no estado. Arrogância, desunião e infelicidade foram alguns dos termos utilizados por dirigentes do estado que detém três clubes na Série A e dois na Série B do Brasileiro.
Em reposta ao presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim de Pádua Peixoto – que havia dito que treinador está “ultrapassado, obsoleto” e que “não pode mais voltar para a Seleção”, Felipão foi duro com o mandatário da FCF e também com o futebol de Santa Catarina.
- O único título que o futebol de Santa Catarina tem, eu era o técnico [a Copa do Brasil de 1991 com o Criciúma]. Então o Delfim tem que me agradecer de joelhos. Nunca ganharam nada. E o que ganharam foi graças a mim. Eu não vou ficar respondendo a presidente de federação nenhuma –comentou Felipão em entrevista coletiva nesta quarta-feira.
Minutos após ao que disse o técnico, Delfim de Pádua Peixoto usou o Twitter para fazer a tréplica. Foi mais duro com o treinador.
- Ele está vivendo do passado. Não se atualizou quanto ao futebol catarinense. O Brasil jamais vai esquecer: o técnico do maior vexame da história do futebol brasileiro foi o boçal. Para de dizer bobagens Felipão. Basta as varias que fizeste na Copa. Estas realmente ultrapassado. Ele é que deveria agradecer ao Criciúma e a Santa Catariba, que o projetou. Antes qual o time de projeção ele tinha treinado? E o crescimento do futebol catarinense e seus clubes? É o segundo estado em importância nos campeonatos brasileiros, três clubes na A. dois na B, dois na D e cinco na Copa do Brasil. A Copa do Brasil pelo Criciúma não foi o único título do futebol catarinense; ele nunca soube do título do Avai campeão da série C; nunca soube dos títulos de campeão brasileiro das séries C e B pelo Criciúma. E ele não ganhou sozinho a Copa Do Brasil pelo Criciúma. Os jogadores a ganharam, sem falar que ele pegou um time quase todo montado - escreveu, em diferentes e seguidas postagens.
Os presidentes de Avaí, Chapecoense, além de um ex-jogador que esteve no Tigre campeão da Copa do Brasil no começo da década de 90, exaltaram a evolução que o futebol catarinense teve nos últimos dez anos, principalmente a ascensão das equipes que participam da Séria A. Além disso, concordaram com Delfim de Pádua Peixoto, sobre a falta de atualização de Felipão em termos técnicos e táticos. Um outro ponto argumentado, foi a necessidade de uma reformulação do futebol brasileiro.
De fato, o título de maior expressão de Santa Catarina, no cenário nacional, é conquista do Criciúma sob o comando de Felipão, porém, além deles os clubes catarinense ergueram outros quatro troféus em âmbito nacional. Ao todo o estado acumula cinco taças nacionais, mas nenhuma do Brasileirão ou de expressão continental. Em 1998, o Avaí venceu a Série C, o Criciúma, em 2002, a Série B e, quatro anos mais tarde, a Terceirona. Por último, o Joinville, em 2011, ergueu o título da Série C.
Confira o que disseram aqueles que trabalham com futebol em Santa Catarina
NILTON MACHADO, PRESIDENTE DO AVAÍ
Nilton Macedo Machado não gostou das declarações de Felipão (Foto: Diego Madruga)
O presidente do Avaí, Nilton Macedo Machado falou em arrogância por parte do treinador da seleção brasileira. Para ele, o técnico desconhece a evolução do futebol catarinense e que ao invés de fazer críticas, deveria olhar para os erros cometidos na partida da última terça, quando o Brasil foi derrotado por 7 a 1, no Mineirão.
"Isso significa para nós mais um ato de arrogância do Felipão, que mostra desconhecer o futebol brasileiro e Santa Catarina. Hoje o futebol do estado tem três clubes na Série A e dois na Série B, nós só perdemos para São Paulo em proporção. Ele foi infeliz nessa declaração. Ele tem que verificar os erros dele, não basta assumir os erros e ficar por isso mesmo. Foi infeliz".
SANDRO PALLAORO, PRESIDENTE DA CHAPECOENSE
Sandro Pallaoro espera por uma reformulação no futebol (Foto: Cleberson Silva/Chapecoense)
Sandro Pallaoro, presidente da Chapecoense, também se mostrou incomodado com a posição de Felipão sobre o futebol de Santa Catarina. Para ele, é preciso saber analisar e perceber o crescimento dos clubes e também utilizar a derrota "catastrófica", como define, para tornar o momento propício para uma reformulação no modelo do futebol brasileiro.
- Realmente o único título expressivo foi em 1991. Só que tem todo o trabalho que foi feito em Santa Catarina. Por mais que o futebol não tenha tantos títulos, como em São Paulo, Minas Gerais ou Rio de Janeiro, só que nos últimos anos o futebol de Santa Catarina cresceu muito. Em termos de representatividade a gente perde apenas para São Paulo. São clubes como a Chapecoense, que não têm dívidas e são transparentes, ao contrário de muitos outros. Espero que essa catástrofe sirva de exemplo para que a gente olhe para o nosso futebol de outra forma. É preciso ter humildade e aprender com os erros. Não podemos brigar entre nós, temos que nos unir e crescer, é preciso uma reformulação total e o momento é agora.
ALEXNDRE, EX-GOLEIRO DO CRICIÚMA
Alexandre reconhece o crescimento do futebol de SC
(Foto: João Lucas Cardoso)
Goleiro do Tigre no título em que Felipão se referiu, Alexandre Pandóssio concorda em parte com o que disse o técnico da Seleção Brasileira. No entanto, o ex-jogador de futebol não deixa de apontar que dá lá para o futebol do estado se desenvolveu.
- Em nível nacional, é verdade que aquele foi o principal título. Cheguei no Criciúma em 1989 e não lembro de outros clubes conquistarem títulos neste nível. Aquele foi o primeiro, mas não quer dizer que Santa Catarina tenha feito um futebol ruim. Neste ano, o estado tem três times na primeira divisão do Campeonato Brasil – conta o hoje corretor de imóveis na cidade do Sul de Santa Catarina.
FONTE: GLOBO