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Em entrevista exclusiva ao Sangue Azul, o meia Ramires fala sobre o momento difícil enfrentado pelo Chelsea, sua relação com José Mourinho e com as lendas dos Blues, bem como sobre a Copa do Mundo de 2014.
SANGUE AZUL: Após a conquista contundente na última temporada, o Chelsea vem enfrentando muitas complicações no início do período 2015/2016. A que você atribui esse momento difícil?RAMIRES: É difícil achar uma explicação lógica pelo fato do grupo ser praticamente o mesmo, mas o importante é que estamos nos empenhando para reverter. Sabemos que temos um grande time, que pode mais, que tem capacidade para isso, e estamos lutando muito em campo para fazer o Chelsea encontrar a regularidade que precisa para voltar a brigar em cima, que é o que sempre precisa acontecer.SANGUE AZUL: Ao contrário da equipe, individualmente, você vem apresentando seu melhor futebol desde a temporada 2011/2012, quando escreveu seu nome na história do clube com aquele gol contra o Barcelona, no Camp Nou. Você está plenamente recuperado das lesões que te prejudicaram na temporada passada?RAMIRES: Graças a Deus. A última temporada foi atípica para mim por causa das lesões, ainda sofri um pouco no começo dessa com um problema no joelho, mas agora estou totalmente recuperado e podendo fazer o meu melhor em campo. Estou feliz por estar jogando bem, mas sempre focado em melhorar. Acho que é pensando dessa forma que você consegue manter um bom nível.SANGUE AZUL: A imprensa britânica tem sistematicamente publicado rumores de que os jogadores do Chelsea estão promovendo um motim contra José Mourinho. Por outro lado, John Terry, Cesc Fàbregas, Diego Costa vieram a público apoiar incondicionalmente o treinador. Quem está com a razão?RAMIRES: Não tem nada de motim contra o Mourinho. Se você pegar os últimos jogos vai ver que todos estão correndo muito, dando a vida em campo, como costumamos falar. Quando o momento é ruim, é natural que as especulações negativas comecem a aparecer, mas o grupo está fechado e focado em fazer o que o Mourinho nos pede e, consequentemente, ajudar o Chelsea a vencer.Getty ImagesSANGUE AZUL: Ainda sobre o Special One, ele demonstra ser um grande admirador do seu futebol e da sua versatilidade. Como é sua relação com José Mourinho?RAMIRES: Temos uma relação muito boa, de muito respeito um pelo outro. Sempre procuro fazer o meu trabalho da melhor forma possível, ele também. Fico feliz pelos elogios que ele tem me feito, é sempre gratificante ouvir boas palavras de seu comandante. Isso me dá ainda mais motivação para seguir em frente.SANGUE AZUL: Qual é a sua posição de jogo predileta?RAMIRES: Sempre preferi jogar como segundo volante, com liberdade de movimentação. É a minha posição de origem. Mas eu tenho essa característica de versatilidade e sempre que for preciso estarei à disposição para ajudar.SANGUE AZUL: Você conviveu com verdadeiras lendas do Chelsea. Quais são as principais qualidades de John Terry e Frank Lampard, enquanto jogadores e pessoas? O que você aprendeu com eles? Lampard ainda mantém contato com alguns colegas?RAMIRES: Não tenho tido muito contato mais com ele, mas é um grande jogador. Aprendi muito desde que cheguei ao Chelsea com o Lampard. Ele tem uma qualidade fora do normal. O Terry é um cara experiente, que conhece muito de Chelsea, e um espelho dentro de campo para todos, pela regularidade e liderança. São duas pessoas que tive e estou tendo o prazer de trabalhar.SANGUE AZUL: Fora os outros brasileiros, quem é o jogador com quem você se dá melhor no elenco?RAMIRES: Me dou muito bem com todos. Temos um grupo muito legal de trabalho. A gente acaba ficando mais junto dos brasileiros naturalmente pelo idioma, pelos costumes serem parecidos, mas o bom ambiente existe mesmo, não é algo que falo só da boca pra fora.SANGUE AZUL: Você gosta de Londres? Sua família está feliz nesses 5 anos morando na capital inglesa?RAMIRES: Estou completamente adaptado aqui, a Inglaterra se tornou meu segundo país. Tenho muitos amigos, meu terceiro filho acabou de nascer em Londres e é um lugar muito bom para morar. Sou carioca, então sinto falta às vezes do calor do Brasil, mas você acaba se acostumando. Não tenho motivos para reclamar de nada em Londres. É um lugar muito bom para educar meus filhos, com total segurança e organização.SANGUE AZUL: Quem te acompanha nas redes sociais sabe que você conserva um carinho muito grande por suas ex-equipes. Você se vê de volta ao Brasil para seus últimos anos no futebol? Qual camisa você gostaria de vestir?RAMIRES: Sempre me perguntam para onde eu vou e eu já falei que pretendo voltar ao Cruzeiro e ao Joinville antes de encerrar a carreira. Mas estou com 28 anos ainda, tenho uma lenha para queimar antes de tomar a decisão do que vou fazer antes de parar de jogar. Mas, inegavelmente, são duas equipes que estão no meu coração. Sempre que eu posso eu vejo os jogos, acompanho tabela, placar. Sou JEC e Cruzeiro sempre.SANGUE AZUL: Todos apontam que a Seleção Brasileira da Copa de 2014 pecou muito no equilíbrio emocional. Todos pareciam demasiadamente nervosos e ansiosos em todas as partidas. Sendo parte do grupo, a que você atribui o 7x1?RAMIRES: Dificil falar daquele momento. Todo mundo ficou sem entender exatamente o que aconteceu. Acho que é injusto atribuir o que houve a a, b ou c. Perdemos todos e temos que dividir esse peso em partes iguais, independente de quem estava em campo ou não. Mas isso não apaga a trajetória de cada um do grupo e tudo o que todos conquistaram anteriormente.SANGUE AZUL: Para encerrarmos, deixe uma mensagem para o torcedor brasileiro do Chelsea, Ramires. Nossa torcida é cada dia maior, mais apaixonada e está de coração apertado com a má fase que a equipe enfrenta.RAMIRES: Gostaria de agradecer o apoio, a torcida de vocês e podem confiar que sempre vou procurar dar o meu maximo pelo Chelsea, para dar alegrias a todos os torcedores do Brasil e do mundo que são apaixonados por essa camisa. Tenho confiança de que as coisas voltarão a acontecer para nós em breve, já está dando para ver uma melhora nos últimos jogos. Esperamos que vocês sigam nos apoiando. Muito obrigado pelo carinho. Abraços!
Por fim, registro meu sincero agradecimento ao camisa 7 do Orgulho de Londres, que nos atendeu com muita simpatia e simplicidade, evidenciando que o sucesso e os milhões de libras não lhe tiraram a humildade de quem um dia era apenas um garotinho de família simples de Barra do Piraí - RJ e hoje é um campeão da UEFA Champions League.
FONTE: ESPN