Seduzido pela seleção do México, técnico sai do Tricolor após quatro meses em meio à crise política do clube para tentar disputar Copa do Mundo de 2018, na Rússia
Juan Carlos Osorio decidiu trocar o São Paulo pela seleção do México. O treinador confirmou a saída ao presidente Carlos Miguel Aidar na terça-feira, em meio à crise política do clube que culminou na saída do vice-presidente Ataíde Gil Guerreiro – o dirigente caiu após agredir o mandatário, e o caso gerou uma série de demissões de outros diretores. Agora, a oposição tenta se articular para isolar Aidar e forçar uma renúncia.
O comandante admitia há algumas semanas a possibilidade de deixar o clube, em busca do sonho de treinar uma seleção na Copa do Mundo. Ele poderá ter a chance se conseguir a classificação nas Eliminatórias da Concacaf para o torneio na Rússia, em 2018.
O São Paulo estuda quem poderá substituir o colombiano no cargo de treinador – o uruguaio Diego Aguirre é um dos nomes, mas Milton Cruz pode assumir interinamente. No total, Osorio comandou o São Paulo em 28 jogos, com 12 vitórias, sete empates e nove derrotas.
Durante os quatro meses de trabalho no Tricolor, o técnico colecionou momentos marcantes. Relembre alguns deles abaixo:
RODÍZIO DO LORDE
Osorio e Aidar falam sobre foto do técnico com a camisa do Tricolor, durante apresentação (Foto: Marcelo Hazan)
Osorio foi recebido no São Paulo com festa. Na apresentação do dia 1º de junho, o clube exibiu um vídeo especial com imagens da sua despedida no Atlético Nacional, da Colômbia, pelo qual conquistou seis títulos em três anos. Também mostrou uma imagem em que o colombiano aparecia com uma camisa do Tricolor, do ano de 1987.
Com fala pausada para tentar se fazer entender em português, idioma em que não é fluente, ele justificou logo de início o apelido de Lorde pela boa educação. Nas primeiras palavras como treinador, elegeu o São Paulo como o maior desafio da carreira e confirmou o rodízio.
– É um grande desafio fazer os jogadores entenderem que o rodízio é um princípio do jogo. Não se compara jogadores por dinheiro ou por história. Isso se respeita. Mas o princípio é de que em um grupo de trabalho todos sejam importantes. Durante as finais, analisando o elenco, chegando à consistência, pois há jogadores muito mais importantes no elenco. (O rodízio) seguramente será um fator que tenho que pesar em um momento de decisão, mas sempre vou tentar errar o menos possível. Sempre vou pensar no adversário e em dar oportunidades a todos do grupo. Sem isso, não se pode promover jovens jogadores para o time.
PROFE OBSERVADOR
Do dia 1º a 8 de junho, Osorio praticamente só observou os trabalhos do auxiliar Milton Cruz e do preparador José Mário Campeiz. As cinco sessões de treinos, além dos jogos contra Grêmio e Santos, tiveram pouca influência do colombiano. A ideia foi entender a rotina do clube para depois implantar sua filosofia de trabalho, após a saída de Muricy Ramalho, em 6 de abril.
PROFE NO COMANDO
A partir do dia 10 de junho, Osorio mudou de postura e assumiu o comando dos treinamentos. Intensidade e jogo em progressão, com toques para frente, eram algumas das cobranças. O estilo ganhou elogios dos jogadores.
"JOSEF", "ALEXANDER", "RICARDO"
Souza aprovava o método de trabalho de Osorio (Foto: Divulgação/saopaulofc.net)
Os primeiros dias de trabalho de Osorio renderam inúmeros elogios dos jogadores. Souza, posteriormente negociado com o Fenerbahçe, destacou a humildade e a filosofia de trabalho do treinador, considerado "diferente de tudo o que vemos no Brasil". Outros atletas como Alexandre Pato e Alan Kardec também o aprovaram.
Uma das curiosidades que chamaram atenção no início foi a preferência por se comunicar com os jogadores usando os primeiros nomes. Souza virou Josef, Centurión passou a ser chamado de Ricardo, e Pato se tornou "Alexander", em referência ao nome Alexandre.
– Há três dias comecei a chamar cada um pelo seu nome. Dizem que o que é mais importante para o ser humano é o seu nome. Por isso, faço questão de chamar pelo primeiro nome – explicou o colombiano na ocasião.
fonte: globo