sábado, 21 de agosto de 2010

Em busca de algo mais, Conca sonha com a seleção. Seja qual for

Praticamente ignorado em seu país, apoiador do Fluminense aceitaria defender o Brasil, mas se mostra humilde: ‘O país tem jogadores melhores'


Conca Coletiva Fluminense
Conca durante coletiva do Fluminense
(Foto: Cezar Loureiro / Globoesporte)

Conca está encucado, acha que não tem jogado o suficiente, busca um algo mais. "Algo mais?", perguntariam os tricolores. Tudo bem, pelo Fluminense o argentino só não faz chover. É o principal jogador da equipe que lidera o Brasileirão, com direito a participação em mais de 50% dos gols. Mas isso não é suficiente para o baixinho de 1,67m e 27 anos. Ele sonha mais alto. Sonha com a seleção. Qual delas? Pode ser qualquer uma: a brasileira ou a argentina.

Desde 2007 no Brasil, Darío Conca chama a atenção não somente pelos dribles, jogadas de efeitos e passes magistrais. Neste período, apresentou uma regularidade que o fez ser apontado como um dos principais jogadores do país nos últimos campeonatos nacionais – em 2009, por exemplo, foi eleito o craque da galera no Prêmio Craque do Brasileirão.

O reconhecimento do torcedor brasileiro, em especial do Fluminense, no entanto, é tratado com descaso em sua terra natal. Aclamado no Brasil, sequer estampa manchetes na Argentina ou é cotado para a seleção. Quando é lembrado há sempre o “porém” de sua passagem frustrante pela equipe principal do River Plate.

A situação não incomoda o “hermano” tricolor. Muito pelo contrário, o motiva ainda mais para “fazer chover” e, enfim, ser lembrado.

Penso que alguma coisa está faltando. Em alguma coisa tenho que melhorar para poder brigar por uma vaga. Se não fui chamado, é porque falta algo."
Conca, sobre a seleção argentina

- Penso que alguma coisa está faltando. Em alguma coisa tenho que melhorar para poder brigar por uma vaga. Se não fui chamado é porque falta algo. Fazer mais gols, chegar na área, melhorar. A Argentina é como o Brasil, há grandes jogadores e os convocados têm sido bem escolhidos.

Da Argentina o máximo que Conca recebe é o carinho de familiares. Esses, sim, orgulhosos de seu sucesso além das fronteiras e ávidos por notícias.

- Sempre recebo ligações de amigos, familiares que se preocupam. É um orgulho para mim jogar no Brasil, por tudo que o futebol do país representa. Além de estar em um grande clube como o Fluminense.

Ignorado pela equipe principal, Darío, como é chamado internamente no Flu, já teve oportunidade nas categorias de base da seleção argentina. Em 2002, disputou nove partidas e marcou um gol. O histórico, porém, não o impede de cogitar algo tratado como utopia pelo próprio: defender a Seleção Brasileira.

- Sempre falei, por tudo que o Brasil tem me dado, que jogaria, sim. Mas acho difícil. O Brasil conta com jogadores muito importantes, sempre teve grandes seleções. Sei que o país conta com jogadores melhores do que eu.

Em 2002, Conca defendeu a seleção sub-20 da Argentina em nove partidas e marcou um gol

Especialista em leis do futebol, o advogado Marcos Motta dá asas para a imaginação de Conca e deixa claro que, caso seja convidado, o argentino poderia, sim, defender o Brasil.

- Pode jogar, sim. Se tivesse atuado pela seleção “A” da Argentina, não seria possível, mas como foi apenas na base, não há problemas.

A bola agora está nas mãos de Mano Menezes, que comanda processo de renovação da equipe nacional. Enquanto isso, Conca segue em busca do “algo mais” e defende o Fluminense, domingo, às 18h30m (de Brasília), no Maracanã, no clássico contra o Vasco, pela 15ª rodada do Brasileirão.
fonte: globo