Inscrito na vaga de Adriano, zagueiro de 17 anos diz não se importar com numeração, mas guardará uniforme que usar na estreia na Libertadores
Por Carlos Augusto Ferrari
São Paulo
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Espinhas pelo rosto de adolescente, aparelho nos dentes e nada menos que a mística camisa 10 do Corinthians sob sua guarda. Marquinhos, a maior aposta das categorias de base do Timão nos últimos anos, herdou o lugar e o número de Adriano para o início do mata-mata da Taça Libertadores. Peso? Responsabilidade? Nada abala o zagueiro de apenas 17 anos que encanta cada vez mais o técnico Tite.
– Estou com a camisa 10, mas continuo na zaga. Acho que ela pesaria se eu fosse um meia ou um atacante. Mas, para mim, é tranquilo. Independentemente do número, meu papel é fazer com que a equipe não tome gols – disse.
A camisa 10 se transformou em um símbolo de talento e idolatria, principalmente depois de ser usada por jogadores que marcaram época, como Pelé e Maradona. No Corinthians, a magia perdeu força nos últimos meses. Contratado para substituir o ídolo Ronaldo, Adriano esteve longe de construir um novo império e deixou o clube pela porta dos fundos ao ser demitido por justa causa, antes mesmo de usá-la na maior competição das Américas.
Os camisas 10 do Corinthians na história da Taça Libertadores | |
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Jogador | Ano |
Palhinha | 1977 |
Neto | 1991 |
Souza | 1996 |
Edilson | 1999 |
Edilson | 2000 |
Gil | 2003 |
Tevez | 2006 |
Danilo | 2010 |
Bruno César | 2011 |
Marquinhos, aliás, entrará para um seleto grupo de jogadores que vestiram tal camisa na Libertadores pelo Timão. Ele será também o único defensor entre eles. Nas outras nove participações do clube no torneio, o número pertenceu a Palhinha (77), Neto (91), Souza (96), Edilson (99 e 2000), Gil (2003), Tevez (2006), Danilo (2010) e Bruno César (2011).
– São grandes ídolos, mas eu não estou entrando para ser maestro (risos). Essa coisa de número já não está pegando muito. Tem jogador com a 30, a 80. Mesmo assim, vou deixar a minha guardada em casa com a família – prometeu o garoto.
Campeão da Copa São Paulo no início do ano, o jogador é visto como uma grande aposta para o futuro. O desempenho nas nove partidas que disputou comprova a expectativa. Ele vem sendo constantemente elogiado por Tite e, com as cirurgias de Paulo André e Wallace, se transformou no reserva imediato da dupla Chicão e Leandro Castán, deixando Felipe, contratado do Bragantino, para trás.
– Eu não esperava uma ascensão tão rápida. Eu sonhava estar um dia aqui com todos esses ídolos, ter esse grande prazer de vestir a camisa do profissional. Mas nada caiu do céu. Foi fruto de muito trabalho. Preciso continuar com os pés no chão.
A aposta do Corinthians é tanta que o zagueiro faz até tratamento para crescer e ganhar massa muscular. O defensor tem apenas 1,80m, altura considerada baixa, se comparada com a maioria dos atletas da mesma posição. Além disso, toma suplementos alimentares diariamente para ficar mais forte.
Eles (os outros jogadores) me chamam de juvenil, me fazem levar as bolas para o campo, ser o primeiro no bobinho. Qualquer piadinha já sobra para o juvenil"
Marquinhos
– Se eu não tenho altura, tento compensar com posicionamento, impulsão e recuperação. São as minhas virtudes. Faço um trabalho na academia e tomo suplementação todos os dias de manhã, à tarde e à noite. Eu subi três quilos, mas não é fácil. Como muito, mas não consigo ganhar peso (risos).
Ser o “queridinho” da diretoria não significa ter regalias em um elenco de jogadores bem mais experientes. Novato no CT Joaquim Grava, ele sofre com as brincadeiras do grupo, mas curte os momento perto de quem até recentemente via os ídolos apenas pela televisão.
– Todo mundo me acolheu muito bem. Eles sempre me chamam de juvenil, me fazem levar as bolas para o campo, ser o primeiro no bobinho. Qualquer piadinha já sobra para o juvenil.
Com dez anos de clube, Marquinhos sabe a importância que a Libertadores tem para o Corinthians. Com a taça nas mãos, o número da camisa seria o menos importante.
– É o que todos nós sonhamos. Ficaríamos marcados para sempre.
FONTE: GLOBO