Apesar dos sete gols de Alexandre Pato, setor ofensivo naufraga e deixa time cada vez mais longe do G-4: são 25 gols a menos do que o Cruzeiro
Por Alexandre Lozetti
São Paulo
53 comentários
Alexandre Pato, Guerrero e Sheik. Um ataque de respeito em qualquer disputa no videogame, mas que, misteriosamente, não tem obtido sucesso no Campeonato Brasileiro. O Corinthians só fez mais gols do que o Náutico, lanterna da competição. Foram 20, mesmo número do São Paulo, ameaçado de rebaixamento. Todas as outras equipes marcaram mais vezes, e a grande maioria, para não dizer todas, tem jogadores mais baratos e menos badalados em seus setores ofensivos.
No último domingo, o Timão perdeu por 2 a 1 para o Goiás, e manteve sua média inferior a um gol por jogo no campeonato. As sete finalizações erradas foram um dos pontos fundamentais para o mau resultado. Pato, Guerrero, Romarinho, Sheik e até o zagueiro Gil tiveram chances claras, mas faltou competência para marcar.
Há um abismo de diferença para o impressionante ataque do Cruzeiro, melhor do Brasileiro até agora. Foram 45 gols, mais do que o dobro do Timão. Mas há uma ressalva. Nenhum jogador do líder mineiro balançou as redes mais vezes do que Alexandre Pato. Contratado por R$ 40 milhões do Milan, o renomado atacante ainda não caiu nas graças da torcida, que reclama do seu comportamento um tanto quanto frio, mas já fez sete gols, praticamente um terço do total marcado pelo Corinthians na competição.
A diferença é que somente nove jogadores do time alvinegro fizeram gols (e um deles, o volante Paulinho, já foi negociado), enquanto 17 cruzeirenses comemoraram ao menos uma vez depois de 21 rodadas. Ricardo Goulart é o artilheiro da equipe, com seis gols, à frente dos atacantes Luan e Vinícius Araújo, e do volante Nilton, que têm cinco. Isso se reflete na tabela. A Raposa tem 46 pontos, 16 a mais do que o Timão, sexto colocado.
saiba mais
Os mesmos R$ 40 milhões usados pelo atual campeão mundial para contratar Pato foram o valor total gasto pelo Cruzeiro para montar o grupo de 2013. O atacante Willian, por exemplo, veio do Metalist como parte do pagamento pela venda do meia Diego Souza. Negociação comemorada pela diretoria e pelos torcedores.
Botafogo, Atlético-PR e Internacional vêm em seguida, com 35 gols. Com exceção ao Colorado, que investe alto para bancar jogadores como Leandro Damião, Forlán, D'Alessandro e Scocco (contratado durante o Brasileirão por cerca de R$ 14,5 milhões, e salários de R$ 400 mil), os outros dois times também possuem elencos mais modestos. Os cariocas, vice-líderes do Brasileiro, têm em Rafael Marques, renegado até pouco tempo pela própria torcida, o seu artilheiro. O astro Seedorf também colabora, além de jogadores que se destacaram em clubes menores, casos de Elias e Hyuri.
Ainda mais surpreendente é o Furacão de Ederson, goleador do campeonato com 13 gols. Ele chegou ao clube ainda nas categorias de base. Depois atuou por empréstimo em equipes do Nordeste, e voltou para ser um dos principais nomes do Brasileiro, mesmo sem a fama dos colegas de posição que atuam no Corinthians.
O sucesso fez o Atlético renovar o contrato de Ederson até 2017. Seu novo salário não foi revelado, mas estima-se que seja inferior ao dos mais antigos e conhecidos jogadores do grupo: o zagueiro Manoel e o meia Paulo Baier.
Além de Pato, que voltou a ser convocado para a seleção brasileira em razão da lesão de Fred, o Timão tem Paolo Guerrero, grande ídolo da seleção peruana. Ele fez quatro gols no Brasileiro, mas tem longa imunidade com os torcedores. E é fácil de explicar. Foi ele quem marcou o gol do título mundial no ano passado, sobre o Chelsea, no Japão.
Outros dois atletas que vivem situação curiosa no campeonato são Sheik e Romarinho. O primeiro conquistou títulos nacionais por Flamengo, Fluminense e Corinthians, em sequência, e fez os dois gols da vitória alvinegra diante do Boca Juniors, na final da Libertadores, no Pacaembu. Porém, no atual Brasileiro, só marcou duas vezes. Um dos motivos - e também consequência - disso pode ser o fato de Emerson ter perdido a condição de titular absoluto.
Romarinho também ficou marcado por gols importantes, em clássicos contra Palmeiras e São Paulo, e na Bombonera, na primeira decisão da Libertadores contra o Boca. No Brasileiro fez só um. Contra o Goiás, ele e Sheik perderam chances incríveis.