Flu, Bota e Vasco lucram com negociações; Rubro-Negro libera de graça jogadores dos quais tinha 100% dos direitos para aliviar folha
Janela fechada e bolso vazio. Pelo menos, no Flamengo. Os números
apontam 2013 como uma temporada vantajosa para os clubes cariocas no que
diz respeito a negociações, principalmente para o exterior. No total,
cerca de R$ 136,8 milhões (valor bruto das negociações) chegaram aos
cofres das principais equipes do Rio de Janeiro com venda ou empréstimo
de jogadores. Neste montante, no entanto, nem R$ 1 foi para os cofres
rubro-negros, que encerram a temporada zerados neste quesito em seu
demonstrativo financeiro.
Com uma política voltada para equacionar dívidas e diminuir gastos
desde o início do ano, o Flamengo até se desfez de muitos jogadores. O
foco, porém, foi aliviar a folha salarial e não gerar novas receitas.
Foi o que aconteceu nos casos de Alex Silva, Ibson, Renato Abreu e,
principalmente, Vágner Love, a grande perda na temporada. O quarteto
tinha 100% de seus direitos econômicos ligados ao Rubro-Negro e seguiu
outros caminhos de graça.
Ibson
saiu do Fla para o Corinthians, Vagner Love atualmente está no Shandong
Luneng, Renato acertou com Santos e colocou Rubro-Negro na Justiça e
Alex Silva parou no Boa Esporte (Foto: Editoria de arte)
Com mais três anos de contrato, Love foi liberado pela diretoria para
voltar ao CSKA Moscou ainda em janeiro, sob a alegação de que o clube
não tinha condição de pagá-lo. A devolução fez com que o Fla aliviasse a
folha salarial, além de abrir mão de uma dívida de € 6 milhões (R$ 16,2
milhões, na cotação da época) por seus direitos. Pouco mais de seis
meses e dois títulos conquistados depois, os russos conseguiram um
retorno financeiro ainda maior e negociaram o atacante com o Shandong
Luneng, da China, por quase R$ 20 milhões.
A postura adotada com Love foi repetida logo em seguida com Ibson. Após
bom início da Carioca com Dorival Júnior, o volante foi preterido por
Jorginho em situação que gerou discursos contrastantes entre afastamento
por questões técnicas e por se tratar um jogador caro. No fim das
contas, o Flamengo entrou em acordo para rescindir o vínculo, que
duraria até o fim de 2015, e o volante seguiu de graça para o
Corinthians. Desta vez, houve apenas um abatimento na questão
financeira, pois o clube segue tendo gastos todos os meses com parcelas
que incluem dívidas com direitos de imagens e referentes ao distrato.
Alex Silva e Liedson seguiram na mesma linha e ficaram livres de seus
contratos mediante negociações que os colocaram no mercado sem que o
Flamengo recebesse um tostão sequer. Pelo contrário, o Rubro-Negro segue
pagando uma parcela menor a dupla para tê-los fora de seu plantel. O
zagueiro atualmente defende o Boa Esporte, da Série B, enquanto o
Levezinho, após empréstimo gratuito ao Porto, está sem clube.
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Com Renato Abreu, a situação foi bem diferente. O antigo camisa 11
tinha contrato até o fim desta temporada, mas foi demitido em junho
através de nota no site oficial. Três meses depois, o meia defende o
Santos sem que o Flamengo tenha sido recompensado. Neste caso, porém, o
alívio na folha salarial pode ser transformado em dívida, pois o jogador
entrou na Justiça cobrando uma indenização por danos morais e os
salários referentes aos seis meses restantes de contrato.
Nem mesmo com jovens o Rubro-Negro engordou um pouco mais seu caixa.
Prata da casa, Thomás foi mandado de volta para as categorias de base
por Jorginho e Mano. Fora dos planos, recebeu sondagens do Espanyol, de
Barcelona, e do Siena, da Itália. Por ter cidadania italiana, optou pelo
segundo, onde ficará um ano emprestado também sem custos. Esta, por sua
vez, pode ser vista como uma aposta, já que o Flamengo estipulou em
cerca de R$ 12 milhões seus direitos econômicos, caso o clube da Toscana
queira comprá-lo em maio de 2014. Além dos citados, Ramon, que é
vinculado ao Corinthians e estava na Gávea por empréstimo, também seguiu
outro rumo recentemente e defende o Besiktas, da Turquia.
Apesar do caixa vazio, o especialista no tema, Emerson Gonçalves, do
blog "Olha Crônico", do GLOBOESPORTE.COM, aprova as medidas rubro-negras
no mercado. Com o caso Renato como único porém, o blogueiro defende sua
posição:
- Na minha visão, é plenamente favorável às medidas tomadas pela
direção do Flamengo. Ressalvo, parcialmente, o caso de Renato Abreu e
desaprovo totalmente a forma como se deu sua dispensa. Dos cinco
jogadores, o único com real potencial de gerar caixa é Thomás e, no seu
caso, a negociação encaminhada não foi ruim. Vagner poderia gerar caixa,
sem dúvida, mas para isso o clube teria que desembolsar um monte de
milhões sem a garantia de retorno rápido. Os outros três, ressalvando
Renato sempre, geraram caixa com a simples ausência da folha de
pagamentos.
No mesmo período, rivais cariocas também enxugaram suas folhas
liberando atletas de graça, mas ainda assim conseguiram aproveitar a
voracidade do mercado exterior. No Botafogo, a antiga dupla de zaga
formada por Fábio Ferreira e Antonio Carlos hoje defende Criciúma e São
Paulo, respectivamente, sem que o clube tivesse recebido dinheiro. As
vendas de Marcio Azevedo, Fellype Gabriel, Andrezinho e, principalmente,
Vitinho, por outro lado, engordaram a conta alvinegra.
O Vasco abriu mão de Elsinho, Leonardo, Fellipe Bastos e Romário, mas
compensou as saídas gratuitas com as idas de Douglas para Ucrânia, Dedé
para o Cruzeiro e o empréstimo de Eder Luis para um clube dos Emirados
Árabes. Por fim, o Flu foi quem mais lucrou. Se Monzon foi devolvido ao
Lyon e Berna liberado para o Náutico, R$ 57 milhões entraram na conta
com as transferências de Wellington Nem para o Shakhtar Donetsk, Thiago
Neves para o Al-Hilal e Wallace, para o Chelsea.
O GLOBOESPORTE.COM tentou uma posição do Flamengo sobre o tema, mas a
assessoria de imprensa não obteve resposta dos departamentos financeiro e
de futebol.
fonte: globo