Vice-presidente santista confirma ausência do meia durante dois dias no CT Rei Pelé. Clube aguarda explicação do jogador para se posicionar
Por Marcelo Hazan
Santos, SP
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Com futuro indefinido no Santos e na mira do São Paulo, o meia Paulo Henrique Ganso não compareceu a duas sessões de fisioterapia programadas para recuperação da sua lesão na coxa esquerda, no CT Rei Pelé. A informação foi confirmada pelo vice-presidente Odílio Rodrigues. Segundo o dirigente, o departamento de futebol aguarda uma explicação dos motivos das faltas para depois se posicionar sobre o assunto.
Ganso acreditava em um desfecho da negociação entre Santos e São Paulo nesta semana. Por isso, o jogador se ausentou do clube. Enquanto a novela sobre seu destino não for encerrada, é provável que o jogador continue ausente das sessões.
- Ele não tem comparecido. Não sabemos o motivo, se é justo ou não, porque seria bom para ele tratar direito, independentemente das negociações, para se recuperar bem. É importante para ele e para o clube que cumpra o tratamento. O departamento de futebol vai conversar com ele, talvez os motivos sejam justos. O departamento médico segue o aguardando (nos próximos dias) - afirma Odílio Rodrigues.
Enquanto tiver esse litígio, não sabemos se a DIS tem 55%, 45% ou 25%, e a DIS também não sabe o quanto o Santos tem. Então, ou resolve esse litígio agora, para ficar tudo esclarecido, ou vamos aguardar"
Odílio Rodrigues, vice-presidente do Santos
O dirigente aproveitou a ocasião para esclarecer os motivos pelos quais o Santos não liberou a saída do atleta para o São Paulo. Apesar de ter aceitado a oferta de R$ 23,8 milhões do Tricolor, o Peixe quer o desfecho das pendências judiciais com a DIS para concretizar a negociação.
- Existe um litígio na Justiça entre Santos e DIS. Nisso, estão envolvido 25% dos direitos do Ganso. Então, para negociar o jogador que tem uma parte em litígio, o jurídico recomenda isso. O Santos quer que haja um acordo com a DIS para fazer com que esse litígio deixe de existir. Assim, ficará tranquilo para negociar com o jogador, sabendo quem tem quanto de porcentagem sobre os direitos - explica o dirigente.
- Enquanto tiver esse litígio, não sabemos se a DIS tem 55%, 45% ou 25%, e a DIS também não sabe quanto o Santos tem. São as duas partes. Então, ou resolve esse litígio agora, para ficar tudo esclarecido, ou vamos aguardar - completa o vice-presidente.
Nos bastidores, o Santos entende que se fizer a negociação e não resolver a pendência judicial, se enfraquecerá dentro do próprio processo contra a DIS. O clube tem o desejo de "zerar" tudo em um acordo. A empresa, porém, não está disposta a misturar as coisas. Enquanto as partes não se acertam, o futuro de Ganso segue indefinido.
Relembre o caso
A confusão começou em 2010, quando a Comissão Fiscal do Santos, verificando as contas dos dois últimos anos da gestão de Teixeira, considerou que o DIS pagou muito pouco para comprar uma "cesta" com partes de sete jogadores: 25% de Ganso, Diego Faria, Anderson Planta, Tiago Luís, Wesley, André e 20% de Breitner. A empresa gastou, em média, R$ 500 mil com cada atleta.
Para questionar esse valor, a Comissão Fiscal utilizou os valores das multas rescisórias dos jogadores. No caso de Ganso, a multa, na ocasião, era de € 50 milhões. Portanto, 25% seriam € 12,5 milhões (R$ 32,5 milhões em valores atuais) - o DIS não considera essas contas, argumentando que não houve rescisão de contrato desses jogadores, mas uma negociação normal. Portanto, não se pode levar em conta o valor da cláusula.
Por conta dessa confusão, o Santos se recusou a repassar ao DIS porcentagens da venda do meia Wesley ao Werder Bremen, da Alemanha, em 2010. A empresa processou o clube, que chegou a ter 20% de suas receitas penhoradas e já recorreu.
Confira a íntegra da nota santista divulgada nesta quarta-feira:
O Santos FC esclarece, a respeito das informações publicadas hoje em parte da imprensa, que:
1) Recebeu ontem nova proposta do São Paulo FC pelo atleta Paulo Henrique Ganso. O documento, do ponto de vista financeiro, atende aos interesses do Clube;
2) Os assessores jurídicos do Santos FC não recomendam a negociação enquanto houver pendências na Justiça envolvendo parte dos direitos econômicos do atleta junto à empresa DIS. Esta situação é de conhecimento do São Paulo FC.
Comitê de Gestão
FONTE: GLOBO