Corte de cabelo de Ciel vira moda entre garotos do Al-Shabab e é proibido pela federação local. Brasileiro usa 'jeitinho' para não precisar pagar multa
Por Lucas Loos
Rio de Janeiro
10 comentários
Neymar fez do moicano uma tendência na cabeça de vários jovens brasileiros nos últimos anos. Mal sabe o craque do Santos que, ultimamente, um outro jogador também inspirou crianças e adolescentes a adotarem o corte de cabelo... nos Emirados Árabes. Porém, no conservadorismo local, o penteado não caiu bem, e o atacante Ciel, ex-Fluminense e atualmente no Al-Shabab, recebeu a seguinte ordem da federação local: que não usasse mais o moicano.
- Quando cheguei ao futebol árabe há dois anos, vim com moicano e não falaram nada. Quando comecei a me sair bem, uns meninos da categoria de base resolveram imitar. Sabe como é criança, né!? Quando admiram um jogador, querem ser iguais a ele. Então, cortaram o cabelo igual ao meu. Só que a norma do país é que este tipo de coisa não pode. Aí, os pais começaram a reclamar quando viram as crianças com o penteado, e a federação veio em cima de mim - disse o jogador, com passagem por diversos clubes brasileiros.
No início, o jogador resistiu. O resultado foi uma multa que o clube teve de arcar (segundo Ciel, o valor foi de 15 mil dirham - algo em torno de R$ 7,5 mil). A medida não deu muito certo, e ele insistiu no penteado. A federação local, então, foi no bolso da equipe outras duas vezes. No quarto aviso, os dirigentes disseram que não pagariam mais, e a entidade ameaçou suspendê-lo.
Pressionado, acatou a sugestão, deu um novo estilo às madeixas e, logo no primeiro treino que apareceu sem o moicano, nesta quinta-feira, recebeu um apelido curioso: Shakira, embora ele reclame do fato de não ter lá muitas semelhanças físicas com a cantora colombiana.
- Ela é loira e eu sou moreno. Mas eu entendo que é só uma brincadeira do pessoal.
Mesmo com toda a pressão, Ciel garante que deu o famoso jeitinho brasileiro e não cortou um único fio de cabelo. Inspirado no estilo do marfinense Gervinho, do Arsenal, ele jura que adotou as trancinhas só para não ficar sem jogar. Além disso, garante que não estava disposto a tirar nada do bolso para arcar com a multa.
- Os dirigentes falaram que, se fosse multado mais uma vez, eu teria que pagar. Vim aqui para trabalhar e vou tirar dinheiro da minha família para gastar com isso? Tem que pensar nessas coisas. Além disso, estou no país deles e tenho que aceitar. No meu caso, foi a federação que ordenou, mas, se fosse algum jogador do país, a ordem teria vindo direto do sheik - reclamou o brasileiro.
"Pediram um gol sábado com o novo cabelo e disse inshalá"
Bem adaptado e com planos de até encerrar a carreira no futebol árabe, Ciel estreou na atual edição da Premier League dos Emirados Árabes Unidos com uma vitória sobre o Bani Yas, por 2 a 0, na última segunda, ainda com o penteado antigo. O próximo desafio será contra o Al Wahda, sábado, em Abu Dhabi, pela segunda rodada da competição, duelo no qual vai debutar com o “estilo Gervinho”.
- A criançada gostou das tranças. A comissão técnica e a diretoria ficaram do meu lado e gostaram do cabelo. Agora, me pediram um golzinho no sábado com o novo cabelo e eu disse inshalá - brincou Ciel, numa referência a expressão que significa “se Deus quiser” em árabe.
FONTE: GLOBO