Atacante já tem duas advertências por ausências em treinos. Se receber a terceira, clube poderá encerrar o acordo
Por Janir Júnior e Richard Souza
Rio de Janeiro
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Mal começou e a terceira passagem de Adriano pelo Flamengo está em risco. Nesta segunda-feira, o atacante faltou ao treino no Ninho do Urubu e não justificou a ausência. O motivo foi a visita que fez à Vila Cruzeiro, comunidade do Rio de Janeiro na qual foi criado. Passou o dia por lá e envolveu-se num acidente no qual um motociclista foi atropelado. Foi a segunda falta do jogador a um treinamento desde que retornou ao clube. Na última quarta, o Imperador treinou normalmente pela manhã, mas pouco antes do horário marcado para a atividade da parte da tarde ligou avisando que não iria comparecer. Ele alegou cansaço. O jogador é aguardado na tarde desta terça no CT. O treino está marcado para as 15h. Caso não apareça, o camisa 10 receberá a terceira advertência e pode ter o vínculo encerrado, conforme previsto em contrato firmado até 22 de dezembro.
O Flamengo se resguardou no contrato firmado com Adriano, com cláusulas que fazem referência à questão disciplinar e com base na produtividade. As cifras estão longe de valores astronômicos: salário fixo de R$ 50 mil por mês - total de R$ 200 mil por quatro meses – e R$ 50 mil por cada jogo disputado.
Apresentado no último dia 22 de agosto pela presidente Patricia Amorim, pelo diretor de futebol do clube, Zinho, e pelo vice de futebol Paulo Cesar Coutinho, o atacante reconheceu que seria a última chance de voltar a ser o Imperador. Disse que estava preparado para ser cobrado e que o sucesso na nova tentativa dependeria apenas dele. Mas o futuro do camisa 10 no Flamengo está ameaçado. A diretoria ainda não se pronunciou sobre o assunto. Zinho quer ter uma nova conversa olho no olho com Adriano antes de comentar o caso. Na chegada do jogador, o diretor prometeu ser enérgico com atos de indisciplina. Agora, terá de agir.
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- Eu dou carinho, aposto nele, mas serei enérgico dentro de um respeito com o profissional, mas sempre cobrando aquilo que combinamos. Não vejo como um desafio, mas como uma responsabilidade para todos. O Adriano vai cumprir as mesmas regras de todos os jogadores. Não tem privilégio e nem cobrança excessiva. São as regras de um clube profissional. Terá as mesmas responsabilidades de outros atletas, de horários de treinos, de concentração - disse Zinho à época.
Logo que assumiu o cargo, em maio, Zinho teve um grande problema para resolver: Ronaldinho Gaúcho. O ex-camisa 10 tinha uma rotina de problemas disciplinares. De início, o dirigente conversou com o jogador e chegou a encobrir indisciplinas e defendê-lo quando apareceu sem condições ideais para treinar. Aos poucos, porém, a situação ficou insustentável. O dirigente passou a falar abertamente sobre as falhas do jogador e decretou:
- Acabou a festa, acabou a bagunça.
Na primeira semana, Adriano teve comportamento exemplar e foi muito elogiado. Chegou cedo aos treinos, cumpriu com as atividades programadas, algumas em dois períodos, e até se concentrou com o time para a partida contra Botafogo, no Rio. A primeira falta, no entanto, ocorreu na quarta passada. No último fim de semana, o jogador viajou com a delegação para Porto Alegre. Enquanto a equipe se preparava para enfrentar o Inter, ele fez treinos físicos e com bola. Na volta ao Rio, uma nova recaída.
O clube deu carinho, escancarou as portas para o Imperador e jogou sobre ele a responsabilidade de demonstrar comprometimento. Lavar as mãos, no entanto, não é tão simples. Adriano tem apoio de grande parte da torcida, que deixou de lado qualquer desconfiança e aprovou o retorno do atacante mesmo depois das duas cirurgias no tendão de Aquiles do pé esquerdo. Desde junho de 2010, há mais de dois anos, foram apenas 16 jogos – oito pelo Roma e oito pelo Corinthians – e dois gols marcados, o último deles no dia 25 de fevereiro, há mais de seis meses.
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FONTE: GLOBO