quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Fininho, Abel espera voltar ao Mundial com time dos Emirados Árabes


Técnico comanda o Al-Jazira, líder do campeonato local. País será a sede do torneio da Fifa em 2009 e 2010


Esqueça a imagem de um Abel Braga turrão. Feliz da vida em Abu Dhabi e oito quilos mais magro, o técnico campeão do mundo com o Internacional em 2006 só tem motivos para sorrir no Al-Jazira. Líder do campeonato local, o time está perto de conseguir uma vaga no Mundial de Clubes da Fifa de 2009, já que o torneio será realizado nos Emirados Árabes e o campeão nacional garante uma vaga. É tudo com que Abelão sonha. O treinador recebeu o GLOBOESPORTE.COM em sua sala no estádio Mohamed Bin Zayed, antes da vitória por 4 a 0 sobre o Al-Wasl, pela Copa dos Emirados Árabes.


O campo está em obras para receber a final do Mundial em dezembro. Abel conta com Rafael Sobis e Fernando Baiano para conquistar o campeonato e se garantir no torneio da Fifa. - O Al-Jazira jamais conquistou a liga. É um clube que vai fechar o estádio totalmente para o Mundial. Ganhar o campeonato é o complemento para disputar de novo o Mundial. Para mim não tem preço, vamos apostar tudo nisso – disse o treinador ( assista à entrevista no vídeo abaixo ). Abel conheceu melhor o clube árabe quando visitou os Emirados Árabes com o Internacional, em janeiro do ano passado. A viagem mudou a opinião do treinador sobre o Oriente Médio. A má impressão que teve em 1978, quando foi à Arábia Saudita com a seleção brasileira, foi deixada para trás. A qualidade de vida em Abu Dhabi o impressionou, e o técnico topou o desafio de comandar o Al-Jazira.

Além de Sobis e Fernando Baiano, o técnico contratou também o volante Radamés e o zagueiro Márcio Rosário, ex-Internacional de Santa Maria. O Al-Jazira lidera a liga com 25 pontos em dez rodadas, tem o melhor ataque (24 gols) e a melhor defesa (sete). Baiano ainda é o artilheiro, com dez. Abelão só reclama da arbitragem. Na partida acompanhada pelo GLOBOESPORTE.COM em Abu Dhabi, o técnico não deu sossego ao quarto árbitro, ao lado do banco de reservas. A cada erro do juiz, reclamações.
No intervalo, Abel ainda encarou o árbitro com olhar ameaçador. No final, só alegria: vitória de 4 a 0 sobre o Al-Wasl. - Nós tivemos apenas uma derrota de uma maneira estranha, arbitragem. Mas o time está jogando muito. Coincidentemente, nos dois jogos contra times grandes, fora de casa, tivemos problemas: contra o Al-Wahda, que fica aqui a 500 metros do nosso clube e é o maior rival, e o Al-Ahli, de Dubai – lembrou.
O ex-zagueiro não tem do que reclamar dos brasileiros da equipe. Fernando Baiano e Sobis formam a melhor dupla de ataque do país. Na zaga, Rosário transformou uma das piores defesas do ano passado na melhor desta temporada. O único problema é com Radamés. Como podem jogar apenas três estrangeiros por partida, o volante não tem tido chances e pode até ser liberado agora para ser negociado. Mas a “menina dos olhos” do treinador é o africano Ibrahim Diake, da Costa do Marfim.
Camisa 10 e capitão do Al-Jazira, o meia é considerado por Abel como o melhor jogador do país. - Ele é anormal, jogando futebol é anormal. A maneira que dribla, a mudança de velocidade com a bola no pé. Já trabalhei com muitos craques, mas esse Diake, sinceramente, é anormal. Joga em qualquer time do mundo – afirmou. Entre africanos, brasileiros e árabes no elenco, Abel tem que se virar para conseguir se comunicar.
Sem dominar o inglês, o técnico conversa em francês com seu intérprete, que repassa as orientações em árabe para a maioria do grupo. - O legal disso tudo é a relação humana. Essa é minha maior virtude. Conseguir formar um ambiente muito bom, positivo, legal. Jogadores da base, todo mundo já coloquei para jogar, teve chance. Eu faço rodízio. Está todo mundo feliz, até os reservas – concluiu.


fonte: globo