Na entrevista de domingo, meia falou com exclusividade ao LANCENET! e abriu portas para retorno
Alex é ídolo do Fenerbahçe, da Turquia (Crédito: Fabio Aleixo)
Depois de sete anos no futebol turco, atuando pelo Fenerbahçe, a saudade já começa a bater e a volta para o futebol brasileiro, que parecia distante, começa a se tornar real. Esta foi a principal revelação feita pelo meia Alex em entrevista exclusiva ao LANCENET!, em Istambul.
Na loja oficial do clube no qual é o grande ídolo, o jogador falou sobre seus planos para o futuro – tem contrato até junho de 2011, mas pode conseguir a liberação no começo do ano –, o presente na Turquia, mas não deixou de tocar em alguns assuntos do passado.
Felipão releva desejo de contar com meia Alex
O mais polêmico? A relação com Luiz Felipe Scolari, o técnico que o deixou fora da Copa do Mundo de 2002. Alex não fez críticas, mas, pelas suas palavras, é possível notar uma certa mágoa. E agora, que Felipão o quer de volta no Palmeiras? Vão ter que aparar algumas arestas, diz o meia, que completa 33 anos na terça-feira.
LANCE!: Recentemente, o jornal turco “Fanatik” noticiou que você poderia estar de saída do Fenerbahçe. Existe algo real nisso?
Aqui acontece o seguinte. Dificilmente você fala com a imprensa. Estou aqui há sete anos e falar assim com alguém (entrevista), exclusivo, acho que foram nove ou dez vezes, e isso depois de muita choradeira. Assim, a imprensa trabalha muito em cima de especulação. Neste período da janela todo mundo é contratado e mandado embora. Tínhamos expectativas de jogar em nível europeu nesta temporada. Existia e não aconteceu. Quando veio a eliminação, as coisas aumentaram. Eu fui mandado embora pelo presidente, o Cristian foi mandado embora do presidente. Alguns jogadores turcos foram liberados. De efetivo, nada.
L!: Falando sobre uma possível saída, existe alguma coisa concreta com o Palmeiras, já que é de conhecimento de todos que você mantém contato com a diretoria?
A única coisa concreta que tive com o Palmeiras foi uma conversa no ano passado. O treinador ainda era o Luxemburgo. O Savério Orlandi (diretor de futebol) esteve comigo aqui durante três dias. Conversamos sobre diversas situações. O Palmeiras fez uma proposta interessante, era algo que me agradava. Mas eu dependia do meu clube, porque tinha renovado contrato seis meses antes. Savério voltou ao Brasil com as coisas bem encaminhadas. Mas na hora que botei para o presidente do Fenerbahçe, ele disse: “Esquece, pode botar tua cabecinha aqui. Independentemente do que você queria, você segue aqui”.
L!: Com o Felipão lá você voltaria?
Não sei, teria de conversar. Não vejo problema nenhum.
L!: Como é a sua relação como Felipão atualmente, já que ele não o levou para a Copa de 2002?
Não tenho relação com o Felipão hoje. Tive há oito anos. Depois da lista da Copa do Mundo, o Felipão foi para a Ásia comandar o Brasil. Depois do título, ele foi para Portugal. Eu tinha que me apresentar ao Parma, tive problemas e voltei ao Brasil. Minha última conversa e relação com ele foi em 2002. Segui a minha vida e ali nos separamos.
L!: Depois de sete anos fora do Brasil, está começando a bater a vontade de voltar para o país?
Tenho esta vontade, sim. Este é o primeiro ano que penso nessa situação. Sempre via o futebol brasileiro e ficava torcendo pelos times que gosto e pelos meus amigos. Este ano já começo a falar com o pessoal sobre a situação no Brasil. Como só tenho mais um ano de contrato e estou na curva para o fim da carreira, começo a imaginar esta situação.
L!: Seus ex-clubes (Coritiba, Palmeiras e Cruzeiro) teriam prioridade ou você toparia ir para outro?
Prioridade eles são sempre, pois tenho ótima relação com esses três clubes. Coritiba nem conto pois é minha casa. É uma relação diferente, mais passional do que profissional. Já com Palmeiras e Cruzeiro criei uma relação especial e me dou bemcom as pessoas que dirigem os clubes. Mas, agora, por exemplo, eu vejo o Cruzeiro com um meio de campo montado. O Palmeiras está tendo algumas dificuldades, mas vai se acertar. Assim, o Palmeiras podia me querer o ano passado e não me querer mais agora. O Cruzeiro, a mesma coisa. O clube não pode me querer porque fiz sucesso lá anos atrás. Isso não quer dizer nada. Palmeiras e Cruzeiro podem não me procurar e outro clube, sim. Vou sentar e ouvir. Há outros grandes clubes e o mínimo que posso fazer é ouvi-los.
L!: Os torcedores dos seus ex-clubes mandam muitas mensagens de carinho para você hoje em dia?
Com esta coisa do Twitter, agora o pessoal sempre fica escrevendo pedindo para eu voltar e querendo saber quando eu vou voltar. Mas isso é normal, pois tive sucesso nas equipes brasileiras que defendi.
L!: Você possui uma conta no Twitter, tem um blog, um site e expressa bem a sua opinião. Você pensa em ser comentarista quando encerrar a carreira?
É uma coisa que me agrada, mas o que vou fazer depois que encerrar a carreira é algo que não dá para saber. Quando fiz o site, na época do Palmeiras, era mais uma coisa para colocar fotos. Não existia blog, Twitter. O tempo foi passando, conversei com o pessoal do site e eles pediram uma coluna semanal. Não sabia se tinha qualidade para escrever, não sou jornalista. Não me via com esta capacidade. Eu escrevia, eles davam uma corrigida. Depois de um tempo, o cara do site me disse: “Alex, a coisa está legal, nem precisei corrigir. E foi indo.” L!: Esses sete anos que você passou na Turquia de alguma maneira distanciaram você da Seleção? Q Não acredito nisso, não, porque tivemos bons anos jogando na Liga dos Campeões, batendo de frente com outros grandes times do mundo. Eu penso o seguinte: se um treinador quer você na Seleção, ele vai acompanhá-lo em qualquer parte do mundo. Meu distanciamento foi por causa do Parreira. Ele imaginava um time sem minha presença. Mesmo quando estava bem no Cruzeiro as chances foram menores.
L!: Caso você nunca tivesse defendido a Seleção Brasileira jogaria pela Turquia?
Acontece que joguei pela Seleção Brasileira na base, desde cedo. Porém, pelo carinho que os turcos têm comigo e como sempre fui tratado no país, daria até para pensar. A gente vê a dificuldade da seleção para se classificar para a Eurocopa, para a Copa do Mundo. Mas teria de pensar bem.
L!: Falando ainda de Seleção. Como você vê este novo momento com o Mano Menezes?
Não vejo ainda. Neste pouco tempo em que ele está trabalhando, ainda não deu para ver nada. O que já se percebe é que ele vai dar chance à nova safra que o Brasil tem. Pelo que ele fala, sabemos que vai jogar em cima da escola brasileira, de toque de bola. Mas é cedo para saber. O cara só fez um amistoso. Mas pela qualidade técnica e individual dos atletas e pela organização que ele consegue implantar em suas equipes, tem tudo para ir bem.
L!: Em qual clube pelo qual você passou a idolatria foi maior?
Aqui, com certeza. No Cruzeiro e no Palmeiras foram muito grandes, mas aqui é maior com certeza. Cada clube é diferente. Quando cheguei ao Palmeiras, tinha 22 anos. Naquele time de 99 o ídolo era o Evair, tinha o César Sampaio, que é um monstro. Eu era mais um naquele time. No Cruzeiro, o torcedor teve uma idolatria muito grande pois consegui ser campeão brasileiro, um título que o Cruzeiro jamais havia vencido e, por isso, os torcedores eram provocados pelos do Atlético.
L!: Todo o sucesso que você faz aqui fez com que diversos clubes turcos corressem atrás de brasileiros. Você se considera o grande abridor de portas na Turquia?
Quem abriu as portas aqui foi o Taffarel. Ele veio quando ninguém vinha e conseguiu títulos importantes pelo Galatasaray (campeão da Copa da Uefa e Supercopa da Europa em 2000). Depois veio o Jardel e também teve o Fabio Luciano, que émuito querido pela torcida. Depois foi a minha vez. Aí teve o Zico. Vários brasileiros se enquadraram aos costumes daqui e as coisas caminharam bem. Mas não podemos esquecer dos que passaram por aqui anos atrás, como Didi e Parreira.
L!: Aos 32 anos, você já está pensando em quando vai encerrar a sua carreira?
Ainda não. Claro que o fim da carreira está mais perto agora do que no tempo em que comecei a jogar. Mas ainda não penso nisso.
L!: Por que nunca atuou em grande centro do futebol europeu?
Tive a chance de jogar no Parma, em 2001, mas na época o clube estava com muitos problemas financeiros, que levaram a Parmalat a pedir concordata. Passei 20 dias lá e estive mais tempo na Fifa, em Zurique (SUI), resolvendo problemas do que na Itália. Perdi praticamente um ano na carreira. Sempre quis jogar na Espanha, mas as coisas iam bem aqui, estavam dando certo. Aparecia um outro time da Europa fazendo proposta, mas o Fenerbahçe sempre oferecia algo melhor. Nunca apareceu algo que me encantasse.
L!: Há algum time especial pelo qual você tenha sonhado jogar?
O Barcelona. Quando era criança, via os jogos. Era uma época em que jogava o Romário, o Laudrup. Esse foi um dos maiores meios de campo que vi jogar. O Barça tinha um time espetacular. Então, sempre tive essa vontade.
L!: Você tem um filho de apenas dois meses. Acha que ele vai seguir o pai e ser um jogador?
Vamos esperar ele crescer e ver o que vai querer. Ele tem de optar por isso, não vou obrigá-lo.