terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Kléber traça metas: ‘Quero ser ídolo no Cruzeiro e chegar à seleção brasileira’

Após dizer não ao Porto e voltar, Gladiador diz que não jogou a toalha em relação à Copa de 2010 e que quer marcar nome na história celeste

Kléber: família e vontade de fazer história no Cruzeiro pesaram na decisão de ficar no clube

O Gladiador, enfim, falou. Após dizer não ao Porto e retornar a Belo Horizonte nesta terça-feira para cair nos braços da torcida do Cruzeiro - que o recebeu com festa no Aeroporto de Confins - Kléber concedeu entrevista coletiva, após o treino que fechou a preparação para o jogo contra o Real Potosí, nesta quarta, no Mineirão, pela fase prévia da Taça Libertadores. O atacante explicou que a família e outras questões particulares o demoveram da ideia de acertar a transferência para o clube português.

- Às vezes, não temos de pensar só no lado financeiro, mas sim na felicidade – comentou Kléber.

O atacante - que foi relacionado pelo técnico Adilson Batista para o duelo com o time boliviano - aproveitou para dizer que sua meta é seguir no Cruzeiro por muito tempo para marcar o nome na história do clube. O Gladiador também não jogou a toalha no que diz respeito à seleção brasileira e à Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.

- Enquanto tiver tempo, vou seguir lutando.

Na coletiva, ele também garantiu que está 100% fisicamente, desmentindo a notícia de que teria sido reprovado nos exames médicos do Porto.

Confira os melhores momentos da entrevista:

O “não” ao Porto

Cheguei a BH na sexta-feira e já tive uma reunião com o pessoal do Porto. Estava em dúvida, apesar do acerto verbal com eles. Não estava certo se deveria ir e deixar nesse momento... As minhas filhas, minha esposa grávida... Às vezes, não temos de pensar só no lado financeiro, mas sim na felicidade. Viajei com minha esposa para ela ver como é lá (em Portugal). E, de algumas coisas, eu não quis abrir mão. Pequenas coisas. Não foi nada em relação a salário. Noticiaram também que os exames médicos não foram positivos, o que não é verdade. Foram algumas coisas que, para mim, pesam muito. Não é só dinheiro, só o lado financeiro. É difícil deixar o Cruzeiro, com todo esse carinho do torcedor, essa confiança do técnico. Então, quero um contrato longo para ser ídolo do clube. Nunca tive isso na minha carreira e quero ter. Não estava a fim de ir. Lógico que o lado financeiro pesa, mas me sinto em dívida com o clube. Não pude conquistar nenhum título de expressão no ano passado aqui, e espero conquistar este ano. No ano passado bateu na trave, principalmente com a Libertadores.

Notícia sobre reprovação nos exames médicos

Teve uma nota oficial do Porto (explicando que o acerto não ocorreu por questões financeira e de duração contratual). Não tenho o que desmentir. A nota oficial já diz tudo. Não sei de onde saiu esse assunto, estão inventando essa história. Há outras coisas que pesaram. Isso não existe. Não tenho problema de saúde, me sinto bem. Se vier a me machucar daqui a duas semanas, é outra história, acontece.

Washington Alves/Vip.com

Kléber desembarcou em Belo Horizonte nesta terça-feira, após a negociação frustrada em Portugal

Proposta do Palmeiras

O Palmeiras chegou a me procurar, procurou o Cruzeiro e também meu agente. Todo mundo sabe disso, mas a proposta não foi boa para o Cruzeiro. Para mim, foi uma proposta boa, mas entendo bem a parte do Cruzeiro. E sempre deixei claro para o Zezé (Perrella, presidente do Cruzeiro) que o meu objetivo era ficar. Felizmente, não deu certo com o Porto e o Palmeiras, e deu certo continuar no Cruzeiro. Espero continuar aqui por muitos anos.

Recepção do torcedor no Aeroporto de Confins

Eu já fiquei muito surpreso com o torcedor no primeiro jogo (6 a 0 sobre o Uberlândia, pelo Estadual). Eu não estava bem no primeiro tempo, não estava concentrado e perdi gols, mas assim mesmo ele me apoiou. O torcedor tem carinho por mim, e eu também tenho por ele. Então, fico feliz por viver este momento aqui no Cruzeiro. Realmente, não esperava a recepção. Soube que algumas pessoas não ficaram felizes com minha saída. Agora, espero retribuir o carinho do torcedor. Quero jogar bem (na quarta-feira, contra o Real Potosí, no Mineirão) e classificar o time para a Libertadores.

Jogo contra Real Potosí

Minha vontade é de jogar. Nós treinamos algumas opções no ataque, algumas formações. Quero muito jogar, principalmente depois do que aconteceu, de ter viajado a Portugal e não ter dado certo.

Cruzeiro é favorito?

O Gladiador não escondeu a vontade de enfrentar o Real Potosí na quarta-feira

Temos de tomar cuidado, de respeitar o adversário. Para eles entrarem na Libertadores, é um sonho, assim como para nós também. O Cruzeiro foi superior lá (na Bolívia), mas, infelizmente, não fizemos os gols. Agora, precisamos fazer o resultado. Com um 0 a 0, estamos dentro, mas vamos jogar para ganhar.

Vai jogar?

Quero jogar, ajudar. Se não começar jogando, quero ajudar de outra forma. Foi difícil chegar nessa pré-Libertadores, então quero estar lá para fazer história.

Seleção brasileira e Copa da África do Sul

É difícil. Há outros jogadores na frente, mas é um sonho, um objetivo, uma meta. Enquanto tiver tempo, vou lutar para chegar lá. Com a minha permanência no Cruzeiro, jogando o Brasileiro e, quem sabe, com um título de Libertadores, as coisas podem acontecer. Vou tentar.


Retorno de ídolos ao futebol brasileiro

Isso é muito particular. Acho que o Robinho não ia querer voltar se estivesse jogando e fazendo gols pelo Manchester (City). O mesmo digo do Fred no Lyon. É isso que o jogador quer: jogar. Já o caso do Adriano é parecido com o meu. Não queria ficar na Inter (de Milão, na Itália), nem jogar lá. Preferia ficar em casa com a família aqui, mais perto dos amigos, não queria permanecer. Eu também estava assim no Dínamo. Sentia falta da família. E o futebol brasileiro está mais atrativo também. Acho que os jogadores descobriram que para chegar à seleção brasileira não é preciso sair (do país). E dá para ganhar um bom dinheiro e viver bem no Brasil.

Europa não seduz?

Meu filho vai nascer no Brasil. Às vezes, nós damos muita moral para os países de fora, mas o Brasil tem muita coisa boa. Tem muitas coisas que boto na balança. Minhas duas filhas... Se o Porto quisesse tanto, que abrisse mão de uma coisas. Mas fiquei feliz de conhecer o Porto, ver a estrutura, a importância que dão para os jogadores e ídolos.

Tem a meta de voltar algum dia ao futebol europeu?

Lógico que jogar num Milan ou num Real Madrid, é complicado não querer ir. O Porto, sabemos que foi campeão, mas não é um time que vai lutar tanto por títulos (europeus). Tenho vontade de jogar campeonatos importantes, mas no Brasil também tem o Brasileiro, a Libertadores. Se tiver de ser , vai ser...