segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Atraso de salários poderá rebaixar clubes na Espanha

Sindicato de jogadores promete forte fiscalização nas duas principais divisões


O goleiro Casillas recentemente se juntou à diretoria do sindicato

O goleiro Casillas recentemente se juntou à diretoria do sindicato (Crédito: Reuters)

LANCEPRESS!

Os clubes espanhóis poderão ser forçados a uma nova realidade a partir da próxima temporada. A Associação dos Jogadores Espanhóis (AFE) promete ir às últimas consequências para garantir que os atletas que atuam no país recebam em dia – o que incluiria até rebaixamento para aqueles que atrasarem os salários.

A própria regulamentação do futebol espanhol prevê este tipo de punição (entenda abaixo). No entanto, devido a questões políticas, as regras não são devidamente aplicadas, o que acaba prejudicando os jogadores, principalmente de divisões inferiores.

Indignado com os insistentes casos de atrasos salariais, o sindicato decidiu atuar diretamente na fiscalização aos clubes. De olho nesta temporada, em março a AFE formou, com a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), uma comissão mista para análise da situação financeira do futebol local.

Segundo o acordo entre as entidades, os clubes que não estivessem em dia com seus pagamentos seriam rebaixados. Mas não houve sanção nas duas principais divisões – o La Coruña, no entanto, teve de correr contra o tempo para quitar dívida com o meia Sergio González.

No entanto, a situação foi distinta nas divisões inferiores: três clubes acabaram rebaixados. O Atlético Ciudad caiu para a Quarta, enquanto Campus Stellae e Águilas CF terão de disputar ligas regionais.

Para a próxima temporada, a fiscalização será ainda maior. Em comunicado, a AFE garantiu que “utilizará todos os recursos legais oportunos” para que clubes em atraso sejam rebaixados. O prazo para quitação das dívidas é 31 de julho de 2011.

Como funciona na Espanha

Na teoriaNa prática'Jeitinho' espanhol
A regulamentação do futebol espanhol prevê a adoção dos rígidos critérios propostos pela Uefa para aceitação dos clubes nas competições locais. A entidade europeia recomenda uma auditoria anual a cada clube. Caso sejam identificadas dívidas não negociadas com funcionários e/ou outros clubes, a inscrição em torneios é vetada.A fiscalização não é bem feita. Auditorias suspeitas são aceitas, e não divulgadas. Segundo estudo publicado em fevereiro no "Jornal Internacional de Finanças no Esporte", "falta clareza e qualidade nas informações fornecidas pelos clubes." Em geral, há problemas nos dados referentes a impostos e valores de transferências.Outra prática comum no futebol espanhol é o pagamento de dívidas apenas na véspera da realização das auditorias. Assim, os clubes atrasam salários ao longo da temporada, mas quitam os débitos antes de serem fiscalizados.


Reforços
A AFE acertou com dois reforços de peso na luta pelos direitos dos jogadores espanhóis: na quinta-feira passada, o atacante David Villa, do Barcelona, e o goleiro Iker Casillas, do Real Madrid, foram confirmados como novos membros da diretoria da entidade.

Há tempos, o presidente da AFE, Luis Rubiales, buscava acordos com grandes nomes da atualidade do futebol espanhol. Em comunicado, a entidade afirmou que a chegada de Villa e Casillas “demonstra que tem o apoio de todos os jogadores do país.”

Hoje, a AFE possui crescente influência sobre as autoridades do esporte espanhol. Atualmente, a entidade conta com 6,5 mil associados, entre jogadores em atividade e já aposentados.

fonte: lance