sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Conheça William Barbio, o 'Cabeleira' da Colina


Ônibus para o treino, fuga para não cortar cabelo, cremes para o estilo rastafári... As peculiaridades do novo xodó do Vasco

Especial William Barbio (Foto: Cleber Mendes) William Barbio desponta como novo xodó da Colina (Foto: Cleber Mendes)
Bruno Braz 


"...Basta acreditar que um novo dia vai raiar, sua hora vai chegar...". De fato, ela chegou. A música "Tá escrito", do grupo Revelação, foi escolhida por Wiliam Barbio como sua trilha sonora. O que talvez ele não imaginasse é que esse trecho faria tanto sentido com o momento que vive.
Barbio, filho de um vigia e de uma cozinheira, é morador de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Para ir aos treinos do Vasco, em São Januário, pega um ônibus até Nova Iguaçu e de lá ganha aquela carona amiga do goleiro Diogo Silva. Vez por outra, em virtude do estilo rastafári, é reconhecido por passageiros:
– Às vezes, algumas pessoas entram e falam: Você que é o Wiliam Barbio? "Pô", boa sorte aí – disse.
 Barbio: Apoio da família é muito importante na carreira
No Vasco, até então, passava quase despercebido. Há quase oito meses no clube, só havia entrado em três jogos. Até que o técnico Cristovão Borges resolveu dar-lhe a oportunidade de iniciar uma partida. As lágrimas que corriam no rosto de sua mãe Claudete ao ouvir, do setor social da Colina, os gritos de "Uh! É Cabeleira" da galera, traduziam não só o reconhecimento pelo gol e a grande partida, mas também toda uma trajetória difícil, que começou no Nova Iguaçu, ainda pequeno.
– Quando ele tinha 12 anos, disputou um campeonato pela escolinha do Nova Iguaçu. Foi tão bem que já o coloquei depois no clube. Por lá, ele foi artilheiro do Carioca juvenil e depois da Taça OPG. Sempre foi muito humilde e até hoje me chama de "senhor", o que acho engraçado – afirmou o empresário Jorge Morais.
O futebol veloz e aguerrido chama tanta atenção quanto a vasta cabeleira que cultiva. Seu procurador, inclusive, garante que nunca se opôs ao estilo. Já Barbio não cogita a possibilidade de cortar.
– Quando subimos para a Primeira Divisão, os jogadores combinaram que todos teriam que raspar o cabelo, inclusive o meu. Lembro que corri desesperado e o Jânio Morais (presidente do Nova Iguaçu) teve que reunir todos para pedir que não cortassem o meu – lembrou.
Humilde, diz que seu maior sonho é conquistar muitos títulos pelo Vasco. Já o apelido dado pela torcida, ele garante não o incomodar:
– Pode ser "Cabeleira da Colina".
PRODUTOS QUE BARBIO USA PARA O CABELO
Creme especial 
para cachos 
Segundo a mãe Claudete, Wiliam Barbio
sempre pede um produto especial para
manter os cachos. 
Xampu A marca do xampu, segundo a mãe de
Wiliam Barbio, ele também escolhe a dedo.
 Umidificador Para deixar a cabeleira sempre com
aspecto molhado, Wiliam Barbio utiliza
um creme umidificador.
 Massagem Outro capricho que o jogador não
dispensa é um creme de massagem
para os cabelos.
ALEGRIA AO VER O ÍDOLO EDMUNDO
Wiliam Barbio foi bastante assediado nesta quinta-feira, em São Januário. Ainda no gramado, foi exaltado por alguns pequenos torcedores que estavam no local. Já na sala de imprensa, apesar de certa timidez por estar concedendo sua primeira coletiva, mostrou intimidade, brincou e deu muitas risadas durante a entrevista.
Mas o momento de maior emoção para o jogador estava reservado para o término da coletiva. Após responder inúmeras perguntas dos jornalistas presentes, Wiliam Barbio começava a deixar a sala e, assim que abriu a porta, o novo xodó da torcida cruz-
maltina deu de cara com um dos maiores ídolos do clube: Edmundo.

Naquele momento, o Animal aguardava o fim da entrevista para anunciar, ao lado do presidente Roberto Dinamite, detalhes de seu jogo de despedida. Envergonhado, sem saber muito o que falar, Barbio se limitou a cumprimentar o ídolo.
– Opa, e aí, Edmundo, tudo bem? – disse Wiliam Barbio, apertando a mão do ex-atacante cruz-maltino.
 BATE-BOLA
WILLIAM BARBIO
Em entrevista em São Januário

O Cortez despontou num clube grande antes. Foi importante o tempo que ficou só treinando?
Acho que, para mim, foi a melhor coisa ter me adaptado no Vasco. Agora a chance chegou e eu pude aproveitar.

Como foi a reação da família?
Quando acordei, fui na casa da minha tia e meus pais compraram todos os jornais da banca. Não tinha nem como andar pela casa. Fiquei feliz em saber que minha família está comigo.

E a namorada?
Ela é tranquila. Ficou lá me esperando em casa. Não deu para ficarmos juntos muito tempo porque tinha treino hoje (Barbio namora há dez meses).

Como surgiu a ideia de deixar o cabelo crescer?
Tinha cabelo curto, mas aí falei: “Mãe, vou deixar crescer e ver no que vai dar”. Aí sempre crescia e depois eu cortava. Depois de um tempo eu falei: "Agora eu vou deixar crescer mesmo”. No começo ficavam falando: “Wiliam, corta isso, está que nem um mendigo (risos)." Agora ninguém zoa não.

Todos destacam sua humildade. De onde ela vem?
Vem da minha família. Não é porque fiz um gol que tenho que me sentir. Se eu não mantiver a humildade, um dia isso acaba.

fonte: lance