Em busca de tríplice coroa, merengues precisam provar que podem render sem CR7, lesionado, e Barcelona tem melhor chance de ganhar título importante na temporada
Por Cassio Barco
Barcelona, Espanha
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Não só os 22 jogadores de Barcelona e Real Madrid entram em campo nesta quarta-feira, às 16h30, em Valência, no Estádio Mestalla, para disputar a final da Copa do Rei da Espanha. A terceira edição do superclássico na temporada levará ao gramado elementos que poderão ter forte influência no resultado final. O GloboEsporte.com transmite a partida em Tempo Real.
Do lado do Barcelona, cada um dos 11 titulares atuará com a pressão da obrigação. Depois da eliminação na Liga dos Campeões para o Atlético de Madrid e a queda para a terceira posição no Campeonato Espanhol, o torneio nacional se tornou a principal opção para levantar um troféu de maior peso na temporada – o time ganhou a Supercopa da Espanha no início da temporada, com dois empates diante dos colchoneros.
Neymar e Daniel Alves no treino do Barcelona na véspera da final: pressão sobre a dupla de brasileiros (Foto: EFE)
O Real ainda tem uma temporada em aberto, mas leva uma tonelada de dúvidas para o campo. A final desta quarta pode começar a dar as repostas para as perguntas que seus torcedores têm feito durante uma temporada quase impecável até aqui – não fossem algumas baixas, como as duas derrotas para o Barcelona, nos jogos de turno e returno do Espanhol. Na segunda posição do campeonato nacional e na semifinal da Liga dos Campeões, os madrilenhos têm a chance de terminar o ano enchendo mais a sala de troféus do Bernabéu, numa temporada em que podem terminar até com a tríplice coroa. Ou de mãos vazias, já que estão atrás do Atlético de Madrid na Liga e enfrentam o atual campeão Bayern na Champions.
A única certeza no Real Madrid, e aquela que não queria ter o técnico Carlo Ancelotti, é a ausência de Cristiano Ronaldo, que ainda se recupera de lesões musculares. O que gera mais uma dúvida. Será que o time merengue conseguirá se virar sem seu principal jogador numa partida decisiva? No último jogo eliminatório disputado sem o português, contra o Borussia Dortmund, pelas quartas de final da Liga dos Campeõs, o Real levou um susto ao ser derrotado por 2 a 0 e quase perder a vaga nas semifinais depois de ganhar tranquilamente em casa por 3 a 0. Naquela noite, lesionado, o melhor do mundo liderou o time do banco de reservas. Desta vez, nem isso. O atacante não está na lista de relacionados para a partida e se concentrará na recuperação para tentar encarar o Bayern de Munique na próxima semana.
Bale, ao centro, e Willian José, à direita, no treino do Real: galês é trunfo, e brasileiro, aposta no banco (Foto: AFP)
Em seu momento mais difícil em anos, e com o técnico Tata Martino como principal alvo de desconfiança e críticas da torcida e da imprensa catalã, o Barcelona se apoia no que fez de melhor nesta temporada para levar o título: as duas vitórias contra o Real no Campeonato Espanhol. No jogo de ida, ganhou no Camp Nou por 2 a 1, com o primeiro gol de Neymar no superclássico. Depois, na volta, as duas equipes protagonizaram um dos confrontos mais empolgantes do ano. Então líder, o time da capital podia praticamente "matar" seu rival, no Santiago Bernabéu. Mas Messi, em sua última atuação brilhante, fez três gols na virada que terminou em 4 a 3 e jogou o anfitrião para a segunda posição. Parecia ali a mudança de jogo dos culés, que na rodada seguinte ultrapassaram os merengues na classificação. Não adiantou muito. Depois da derrota para o Granada por 1 a 0 no último sábado, o Barça voltou para a terceira posição. Ainda assim, o desempenho nos dois duelos é considerado um bom motivo para crer num novo triunfo.
No treinamento da véspera da final, o Barcelona tentou aliviar a pressão com músicas de torcidas da Argentina, trazidas pelo técnico Tata Martino, e uma descontraída partida de rúgbi, liderada por Neymar (assista no vídeo ao lado). O único a treinar separado foi Puyol. Caso o zagueiro se recupere a tempo, pode ser titular contra o Real. Como Bartra, que vinha atuando na posição, também é dúvida, Martino pode ter de recorrer ao volante Song para jogar na defesa, e o time ficaria assim: Pinto, Jordi Alba, Song (Bartra ou Puyol), Mascherano e Dani Alves; Busquets, Xavi e Iniesta; Fabregas, Neymar e Messi.
Sem Cristiano Ronaldo, o Real deve contar com Isco entre os titulares. O espanhol foi um dos poucos elogiados após a derrota para o Borussia no jogo de volta das quartas da Liga dos Campeões. Mas a principal aposta do técnico italiano Carlo Ancelotti para a final é mesmo Bale. O galês já mostrou seu poder de decisão ao balançar a rede em sete jogos que CR7 não pôde atuar na temporada. Soma 18 gols e seis assistências desde que chegou a Madri, mas ainda não marcou na Copa do Rei. Casillas, Carvajal, Sérgio Ramos, Pepe e Coentrão; Xabi Alonso, Modric, Isco (Illarramendi) e Dí Maria; Bale e Benzema devem ser os 11 eleitos para entrar em campo.
Cristiano Ronaldo não estará no gramado para tentar repetir o feito da última vez que os rivais se encontraram numa final de Copa do Rei. Não faz muito tempo. Foi dele o gol da vitória, na prorrogação, quando subiu mais que Daniel Alves e deu cabeçada indefensável para Pinto – dois dos jogadores mais criticados na defesa do Barcelona e que estarão em campo nesta final – para fazer 1 a 0, na decisão de 2011. Antes disso, a última final entre as duas equipes havia sido em 1990, desta vez com título do Barcelona, após vitória de 2 a 0.
Os números das duas equipes na Copa do Rei contrastam com o atual momento que vivem os clubes. E mostram a queda de rendimento do Barcelona durante a temporada: a tabela do Campeonato Espanhol mostra um Real Madrid mais efetivo, 94 contra 92 gols, e um Cristiano Ronaldo artilheiro, com dois a mais que Messi. Mas a história na competição de mata-mata é diferente. O Barça marcou 25 vezes e tem quatro jogadores entre os cinco maiores goleadores do torneio. Quase o dobro do que os 13 feitos pelos madrilenhos. Apenas Messi balançou as redes cinco vezes.
O argentino passou em branco nas duas últimas partidas do Barcelona. O que chega a causar incômodo na mal acostumada torcida catalã, mas não no técnico Tata Martino, que defendeu o atacante ao dizer que não tem com o que se preocupar, pois "Messi joga duas vezes abaixo da média para cada 20 acima".
Não foram tantas as vezes que os dois times se encontraram em finais da Copa do Rei. Desde 1903, quando a competição começou a ser disputada, com o nome de Copa Espanha, foram seis encontros, com três títulos para cada lado. Este será um tira-teima histórico, ainda que os merengues, com 18 títulos, precisem de muitos títulos ainda para alcançar os 26 do Barça, maior vencedor da história da Copa do Rei.