Treinador se despede do clube baiano, agradece carinho da torcida tricolor e já fala do desafio no rubro-negro carioca, sem medo de Ronaldinho Gaúcho
Por Eric Luis Carvalho
Salvador
Cinco meses após a chegada ao Bahia, Joel Santana encerrou nesta sexta-feira a sua terceira passagem pelo clube. Após se despedir dos jogadores, em um encontro que durou mais de meia hora, o treinador desceu para a sala de imprensa a aproveitou o microfone para agradecer a todos no clube pelo carinho recebido nos últimos meses e avisar, já como treinador rubro-negro, que o 'império do Fla já está montado'.
Ao ser questionado se faltou ética na negociação com o Flamengo, uma vez que o acerto aconteceu antes da saída de Vanderlei Luxemburgo, Joel negou e disse que só conversou com o clube rubro-negro depois do desligamento de Luxa.
- A Patricia Amorim não tem nem meu telefone, mas existe o convite. Ainda não sei quando assumo lá, precisamos ver. Não estou me despedindo, é um até logo. É a quinta vez que estou voltando ao Flamengo. Eles têm o mesmo carinho comigo que o Bahia tem. Eu só conversei com as pessoas do Flamengo quando o Luxemburgo não estava mais no cargo. Conheço o Luxemburgo desde a Arábia. Ele não era nem treinador. O Melo, preparador do Luxemburgo, é como um irmão pra mim. A coisa aconteceu nesta quinta-feira. Me ligaram e pediram - disse Joel, que antes falou sobre o adeus ao Bahia.
- Vim me despedir. Quero deixar claro meu agradecimento ao presidente por todo o apoio. Jantei com o presidente ontem (quinta-feira), ele foi um gentleman. Queria que eu ficasse, mas ele entende o que eu estava fazendo. Queria agradecer a torcida pelo apoio nesta longa jornada – disse.
Joel fez juras de amor ao time baiano e deixou claro que sai com portas abertas para um possível retorno.
- Isso é o momento do futebol. Estou indo, mas posso voltar. Nada vai separar a paixão que nós temos. Nada vai acabar o meu carinho do Bahia. O mundo do futebol muda a todo momento. Estou indo lá para uma missão. Mas se não der certo, quem sabe, se o Bahia quiser, e eu estiver disponível, eu volto. Não é um adeus, é um até logo – disse o treinador.
Longe de polêmica, Joel tratou de equiparar Bahia e Flamengo na importância para o futebol brasileiro. Além disso, o treinador mostrou gratidão pelo clube baiano, citando que chegou ao Bahia “quando ainda não era ninguém”, e disse que o Tricolor é um time que dá sorte à sua carreira.
- O nome do Flamengo não pesou. O Bahia é do mesmo tamanho. Minha gratidão pelo Bahia é de quando eu não era ninguém. O Bahia dá sorte na minha vida. Todas as vezes que eu cheguei aqui as coisas mudam. Ontem (quinta-feira) era um dia diferente. Era um dia de Yemanjá. A coisa mudou. A minha vida é de cigano. Eu vou andando como a vida se apresenta – disse.
O treinador ainda falou o grupo atual do Bahia. Joel disse que vai torcer pelo sucesso do Tricolor na temporada.
- Com esse grupo o Bahia vai longe. As coisas aqui estão acontecendo. Não tive nenhum tipo de problema aqui. Problema de horário, de nada. Estou deixando o Bahia porque a vida é assim. A vida muda a qualquer momento – falou.
Sem medo de Ronaldinho Gaúcho
Questionado se temia a força de Ronaldinho Gaúcho dentro do Flamengo, Joel, bem ao seu estilo, brincou.
- Meter medo? Vocês sabem que eu sou. Onde eu chego meu império está montado. Ele pode não ter trabalhado comigo ainda, mas ele já ouviu falar. Ele é o cara que vai decidir para mim, assim como o Souza está definindo aqui para mim. Não vou pro Flamengo criar problema. O maior desafio no Flamengo é ganhar – disse.
No final, Joel pegou a bandeira do Bahia, que decora a sala de imprensa, e disse que levaria para casa.
- Vou levar o bandeirão. Conheci gente nova aqui, voltei a ver amigos de tantos anos, então obrigado por tudo. Não vou esquecer nunca. Deus abençõe vocês. Até a volta - disse Joel, encerrando a despedida.