Manifestação defende que a nova casa pertence à construtora que a ergueu no Bairro Humaitá, em Porto Alegre, não ao clube
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A relação entre torcedores do Grêmio e o seu novo estádio começou a azedar. Depois de Vanderlei Luxemburgo criticar o gramado da Arena, após a derrota para o Huachipato na estreia na Libertadores, chegou a vez de parte dos fãs. Com uma faixa nas arquibancadas do Olímpico, eles protestaram durante a vitória por 1 a 0 sobre o Veranópolis, neste domingo - o resultado classificou o Tricolor às quartas de final da Taça Piratini, primeiro turno do Campeonato Gaúcho, e o adversário será o arquirrival Internacional.
A inscrição na faixa levada pelos torcedores dizia "Olímpico é nosso, Arena é da $$$", em referência à construtora OAS, que ergueu o estádio no Bairro Humaitá e será parceira do clube por 20 anos. Ela é detentora de 35% dos lucros obtidos com o local.
Desde a sua inauguração, em 8 de dezembro, a Arena deixou de ser apenas motivo de orgulho dos gremistas. Virou também alvo de preocupação. Tudo começou com o estado do gramado, criticado desde a primeira partida, contra o Hamburgo. Na última quinta, após a derrota por 2 a 1 para o Huachipato, Luxa atacou publicamente o campo, pedindo para voltar a jogar no Olímpico até o tapete apresentar as melhores condições.
No que cabe aos torcedores, a Geral tem sido bastante afetada no novo estádio. A começar pelas brigas no setor na inauguração, que motivaram a colocação de barras de proteção na metade superior do espaço, localizado atrás de uma das traves e com capacidade para oito mil pessoas em pé.
Depois, veio a interdição do local devido à queda da grade que o separa do gramado no dia 30 de janeiro, quando os torcedores fizeram a avalanche após o gol de Elano na vitória simples sobre a LDU (o Grêmio venceria nos pênaltis e se classificaria à fase de grupos da Libertadores). A direção do clube decidiu pelo isolamento do local até a Polícia Civil terminar as investigações. Dias depois, a medida foi referendada pelo Corpo de Bombeiros e pela Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul.
As autoridades solicitaram ao Grêmio a colocação de cadeiras no espaço para evitar novos movimentos da avalanche. Inicialmente, o clube acenava com a ideia da instalação de grades em todo o setor, o que já existe na metade superior do local. No entanto, na última semana, o presidente Fábio Koff defendeu a colocação de cadeiras, embora a Arena Porto-Alegrense, empresa gestora do estádio, ainda não tenha concordado.
O principal entrave para as cadeiras seriam o fim dos ingressos mais baratos na Geral. Koff garantiu, todavia, que lutará para manter os preços acessíveis no Setor Norte, mesmo com todos os torcedores sentados. A opção por cadeiras também muda a capacidade do estádio, que cairia em quatro mil lugares - de 60 mil para 56 mil lugares.
Amparado por um alvará provisório do Corpo de Bombeiros e da Prefeitura de Porto Alegre, a Arena ainda conta com a vigilância da Conmebol. A entidade máxima do futebol sul-americano multou o clube em US$ 35 mil e ainda ameaça fechar o estádio se algum incidente semelhante ocorrer nos próximos dois anos.