Repórter e blogueiro do GLOBOESPORTE.COM conversam com detidos em Oruro. Eles garantem que não sabem quem atirou sinalizador
Por Diego Ribeiro*
Oruro, Bolívia
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Os 12 torcedores do Corinthians presos (clique aqui e veja os nomes deles) após a morte de um garoto de 14 anos na partida entre San José e Timão, em Oruro, estavam dividindo uma cela de 12 metros quadrados e apenas um banheiro nos fundos da "Fuerza Especial de Lucha Contra el Crimen" (Força Especial de Luta Contra o Crime), no centro da cidade boliviana. À noite, eles foram indiciados por homicídio e transferidos para um centro de detenção provisória, onde irão aguardar o julgamento.
Pela manhã, após autorização da fiscal investigativa Abigail Saba, a reportagem do GLOBOESPORTE.COM teve acesso ao local onde o grupo estava detido e conversou com os corintianos.
Foram dois contatos. No primeiro, eles não quiseram tirar fotos e nem se identificar. Em seguida, na presença do blogueiro do Timão do GLOBOESPORTE.COM, Ricardo Taves, eles se soltaram e aceitaram, inclusive, ser filmados. Tadeu Macedo Andrade, de 30 anos, foi o porta-voz do grupo. Ele reiterou que nenhum dos detidos atirou o sinalizador. No entanto, não soube identificar quem teria sido o autor do disparo que matou o garoto.
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- Estamos aqui de bodes expiatórios. Não foi nenhum daqui. Todo mundo sabe, a justiça, a polícia, que não foi a gente (quem atirou o sinalizador). Não sei afirmar quem foi - disse.
Tadeu explicou que o grupo está sem alimento e água. Além disso, reclama que não puderam tomar banho e que estão se alimentando graças a apoio de amigos.
- Falta chuveiro, água, mas estamos bem. Conseguimos um advogado aqui. Falar para nossas famílias que, cedo ou tarde, vamos sair daqui, porque somos inocentes
Um a um, os corintianos estão prestando depoimentos a respeito da morte do garoto Kevin Douglas Espada, de 14 anos, atingido por uma cápsula que, de acordo com a polícia boliviana, partiu de um sinalizador aceso pela torcida visitante em Oruro.
- Chegamos ao estádio cerca de meia hora antes do jogo, fizemos nossa festa e estávamos na batucada (com a bateria). Foi um acidente, logo depois do gol do Corinthians. Levantamos o bandeirão e aquilo disparou – relatou.
- Fomos escolhidos aleatoriamente pela polícia – completou outro preso.
O grupo está apreensivo com possíveis retaliações de torcedores bolivianos. Durante a manhã, porém, o clima foi de tranquilidade – na medida do possível – na sede da delegacia.
* Colaborou Ricardo Taves, blogueiro do Corinthians