Atlético e Real movimentam a capital após conquistarem feito inédito na Champions. Resta saber em qual praça será a comemoração, já que times tem "points" diferentes
Por Cassio Barco
Madri, Espanha
15 comentários
A final de sábado entre Atlético e Real Madridserá a primeira na história da Liga dos Campeões da Europa a ser disputada por dois times da mesma cidade. A poucos dias da grande decisão, a capital da Espanha, que costuma respirar futebol, está ainda mais no clima do esporte. Andando pelas ruas do centro antigo, ou no lado mais moderno, é quase impossível passar um quarteirão sem alguma lembrança de que os dois times estão prestes a fazer um dos dérbis mais importantes da história. Seja em uma bandeira, uma propaganda, uma vitrine, a referência está lá. Seiscentos quilômetros separam Madri de Lisboa, que sediará a final, mas, por enquanto, a final acontece nas ruas espanholas.A TV Globo e o GloboEsporte.com transmitem o jogão ao vivo às 15h45 (de Brasília) - o site ainda acompanha com um pré-jogo especial a partir das 13h30.
O futebol faz parte da vida dos espanhóis, é o esporte mais admirado no país. No fim de semana, milhares destes apaixonados estarão nas ruas, celebrando com a taça da Liga dos Campeões de 2014. Resta saber qual praça receberá a festa. Enquanto os colchoneros esperam voltar à Praça de Neptuno - onde comumente comemoram seus títulos - uma semana depois de conquistar o Espanhol, os madridistas pretendem levar o troféu para a Praça de Cibeles, "point" dos merengues após grandes conquistas.
Até a Prefeitura de Madri decidiu assumir o clima da decisão e celebrar a final inédita entre os dois "filhos" da cidade. Uma faixa humilde com os dizeres "Capital do futebol!", acompanhada de outras duas com os símbolos de Real e Atlético, ao lado da taça da Liga dos Campeões da Europa, foi colocada na fachada do palácio. O prédio histórico, que era a sede dos correios antes de servir aos políticos, fica exatamente em frente à Cibeles, que está interditada por grades antes da final.
Viver a expectativa de um time na decisão não é novidade para Madri, que já passou por isso antes outras 12 vezes com o Real, e uma com o Atlético. O que mexe com o brio de todos de forma diferente é ter os dois times no topo e isso tem criado um ambiente novo. É quase como se os colchoneros estivessem felizes pelos merengues também estarem na final, e vice-versa. Até porque, ganhar um título desse porte, em cima do maior rival local, parece uma ideia muito mais saborosa a qualquer um dos dois.
CLIMA AMENO ENTRE RIVAIS
SAIBA MAIS
A provocação não é tão presente. Os europeus são diferentes nisso e em mais um monte de fatores, são menos barulhentos ou extravagantes do que os brasileiros. Fosse essa uma final de Libertadores entre Corinthians e Palmeiras, em São Paulo, ou Flamengo e Vasco, no Rio de Janeiro, a cidade sede estaria vivenciando um clima distinto. Em Madri não se escutam buzinas, fogos e gritos nas ruas, ou se vê muita gente saindo na rua com a camisa do time. Os espanhóis se manifestam de outras formas. O que eles gostam mesmo de fazer é de discutir futebol, o tempo inteiro. Sabe aquele papo de boteco de quem é melhor, o que os times precisam fazer para ganhar? Nisso eles são profissionais. Todo mundo tem sua opinião, e quer compartilhar onde for: em um encontro no bar, em uma parada de ônibus ou na farmácia. O clima é sempre amistoso.
Prefeitura de Madri, a cidade "capital do futebol" nas últimas semanas (Foto: Cassio Barco)
- É muito difícil achar um torcedor do Atlético para conversar sobre a final, mas quando encontro sempre gosto de falar que já ganharam o que tinham de ganhar - brincou um senhor, ironizando o menor número de fãs dos colchoneros. Ele estava com mais quatro amigos merengues, que, antes de terem a conversa interrompida pela reportagem, discutiam quem deveria ser o substituto do suspenso Xabi Alonso. Para o grupo, apesar de gostarem do brasileiro Casemiro, acham que o volante está muito novo, e, com unanimidade, colocariam Illarramendi em campo. Todos elogiaram o trabalho do técnico adversário, Diego Simeone, e a temporada que o Atlético fez até aqui.
LOJA$ FATURAM COM FINAL
A paixão e o orgulho gigantescos dos madrilenhos têm sido bem explorados pelo comércio e por grandes empresas. As lojas usam o que têm para atrair consumidores, transformando as vitrines de estabelecimentos não relacionados a futebol, como até uma perfumaria, em verdadeiras disputas entre produtos licenciados dos dois clubes. Vendedores de souvenirs trocaram camisas de "eu amo a Espanha" pelas de Diego Costa ou Cristiano Ronaldo, e garantem estar se dando bem com o movimento de turistas que vão à cidade atraídos pelos dois times. A publicidade se movimentou rápido e também tira proveito do momento. Ao andar em uma praça ou abrir o jornal, é possível ver propagandas exaltando o feito das duas equipes. Algumas frases bem elaboradas fazem muito sentido, como uma que diz: "Para qualquer país, é um orgulho ter uma equipe na final da Champions. Mas nós não somos qualquer país".
Comércio se voltou para a decisão (Foto: Cassio Barco)
Nesta quinta-feira, os dois times deixam Madri, em direção à Lisboa, onde disputam a final ,no Estádio da Luz. Há os malucos que viajam para Portugal mesmo sem ingresso, para tentar a sorte ou apenas estar mais perto do clube do coração no dia da final. Os que não quiserem se arriscar terão os bares da cidade como opção para sentir um pouco do calor da torcida. A maioria dos estabelecimentos separará os colchoneros e merengues de ambientes para evitar confusão. Depois do jogo, um grupo voltará para casa triste, e outro rumo à festa de comemoração, que promete ser longa, já que o vencedor deve regressar a Madri somente na manha seguinte. Só falta definir o local dessa farra sem hora para acabar. Praça Netuno ou Praça Cibeles? Depende do que vão fazer em campo Atlético e Real em campo neste sábado.
Distância entre as praças Cibeles (Real Madrid) e Neptuno (Atlético de Madrid) é pequena (Foto: Reprodução )FONTE; GLOBO