Taxista passa ao lado da pista na Av. Olavo Fontoura, parte do circuito
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra
Av. Olavo Fontoura, Av. Assis Chateaubriand, Marginal do Tietê. Vias bem conhecidas dos taxistas e motoqueiros de São Paulo, mas que neste fim de semana estarão interditadas para servir a outros pilotos: os participantes da SP Indy 300, prova que abre a temporada 2010 da categoria. Depois do trânsito gerado pelas obras que transformaram um pedaço da metrópole em um circuito automobilístico, o que resta aos motoristas "comuns" é ver a festa de longe.
Para o taxista Sílvio Henrique Gonçalves Souza, 52 anos, a situação é injusta. "Vai ser um evento antidemocrático", protestou. "Inveja da pista eu não tenho, mas fico indignado. Ontem, rodei 1000 km para levar credenciais da corrida, que vai acabar sendo uma coisa só para os mais ricos".
Já Valdecir de Oliveira Carvalho, 50 anos, que também atua como taxista na região da Av. Luiz Carlos Berrini, aprovou a realização da prova em São Paulo. "O movimento tem aumentado bastante por causa do evento", afirmou, após declarar que não vai se importar com a interdição da Marginal do Tietê. "Para mim, não vai fazer muita diferença passar do lado da pista. Não costumo correr muito".
As reformas ainda não estão finalizadas. Na Olavo Fontoura, por exemplo, o asfalto ainda apresenta imperfeições, como atesta Geraldo Nunes, repórter de trânsito da Rádio Eldorado. "A avenida foi recapeada e já tem cara de uma pista de corrida, mas ainda tem muitas ondulações. Para os carros da Indy, é perigoso até bater o fundo no chão. Pode ser que passem mais uma camada de asfalto, mas seria ideal fazer isso umas 48h antes da corrida", alertou.
Márcio Valente, dono de um ponto de táxi em frente ao complexo do Anhembi há 13 anos, é da mesma opinião. "(A pista) ainda não está 100%, cheia de ondulações. Os pilotos devem sofrer com isso, mas, para os carros de passeio, valeu a pena. É coisa pra 'gringo' ver", brincou.
Os 'gringos' verão o circuito finalizado, mas não precisarão passar pelos transtornos causado por reformas em algumas das principais avenidas da cidade. "Só Deus pra ajudar nessa bagunça", reclamou o caminhoneiro Edivaldo Ferreira, que percorre um trajeto de Ceasa a Guarulhos diariamente para distribuir óleo lubrificante. "Procuro evitar tudo isso tomando outras rotas. Mas valeu, porque a Marginal está bem melhor que antes".
Apesar das reclamações, Nunes minimizou o impacto das reformas para a prova no aumento do trânsito. "Não atrapalhou muito, porque a Olavo Fontoura é paralela à Marginal do Tietê, que está em obras de ampliação. Claro que, no dia da corrida, vai ter congestionamento com a interdição da via local da Marginal. Mas tem gente que reclama de tudo. A prefeitura não pode deixar de fazer um evento internacional porque vai gerar trânsito", opinou.
Os motoristas cotidianos não acompanharão o evento de perto, mas poderão desfrutar das vias reformadas depois. "A pista está ótima, estou surpreso com a qualidade. A única coisa que poderia melhorar é a sinalização", disse o motoqueiro Adjackson da Silva Souza sobre a Marginal. A etapa da Indy em São Paulo, portanto, não será tão "antidemocrática" assim.
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fonte: terra
