Atacante do Al Ahly afirma que não existe segurança suficiente nos estádios egípcios e já pensa em deixar o país africano
Por SporTV.com
Cairo, Egito
Nesta quarta-feira, o futebol egípcio viveu um dos momentos mais violentos de sua história. Ao menos 74 pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas no Port Said Stadium (nordeste do Egito) após torcedores do Al Masry invadirem o campo para comemorar a vitória da sua equipe por 3 a 1 sobre o Al Ahly. Mas o que seria comemoração se transformou em agressão a jogadores e integrantes da comissão técnica da equipe derrotada. Atacante do Al Ahly, o brasileiro Fábio Júnior estava no campo durante a confusão e acredita que o esporte no país pode estar com os dias contados (assista ao vídeo).
- Eu acho que o futebol do Egito vai acabar por causa dessa violência, pela falta de segurança nos estádios. As torcidas são fanáticas, mas não é como no Brasil, que tem violência, mas não tem tanta morte como tem aqui. O pessoal aqui agride até matar o outro. A gente estava no vestiário com a torcida querendo entrar e não tinha quase segurança nenhuma. A polícia egípcia não liga para nada, para eles está tudo bem. Em um instante vinha um torcedor sangrando, outro com a perna quebrada para dentro do vestiário e o doutor ajudar - afirmou o atleta, que já defendeu Vasco e Flamengo, em entrevista ao "SporTV News".
O jogador afirmou que as invasões de campo se repetiram durante a partida e reconheceu que temeu pelo pior.
- Nós estávamos ganhando o jogo por 1 a 0 no primeiro tempo. Voltamos para o segundo, eles fizeram o gol de empate e a torcida entrou em campo para comemorar e fazer lambança. Depois, eles fizeram mais um e a torcida voltou a entrar em campo. No terceiro, a torcida invadiu de uma vez. O árbitro apitou, cancelando o jogo que já estava no final e então eles começaram a agredir todo mundo. Agrediram nosso médico, o fisioterapeuta e quem mais eles viam pela frente. Tentaram entrar no vestiário da gente e ainda agrediram o nosso goleiro. Eu fiquei com medo, porque em um mundo como esse, a gente não sabe o que vem pela frente. Eu pensei primeiro nessa hora na minha família, mas graças a Deus não aconteceu nada comigo.
saiba mais
O susto pelo qual passou faz Fábio Júnior repensar a sua permanência no país africano. Mesmo com mais dois anos de contrato, o atacante já fala em deixar o Egito.
- Às vezes dá medo viver em um país como esse. E se continuar assim, é melhor ficar no Brasil. Eu optava por ficar aqui pensando no futuro da minha família. Mas com essa violência não dá para viver. Eu pretendo voltar para Portugal ou para o Brasil para jogar mais uns três ou quatro anos - disse.
Em nota oficial, a Federação de Futebol do Egito anunciou que o campeonato nacional do país está suspenso por prazo indeterminado.
Outras tragédias marcantes do futebol mundial
Ano | Jogo | Local | Campeonato | Confusão |
---|---|---|---|---|
1964 | Peru x Argentina | Lima (Peru) | Torneio Pré-Olímpico | 381 mortos e mais de 500 feridos |
2001 | Hearts of Oak x Kumasi Ashanti Kotoko | Accra (Gana) | Campeonato Ganês | 126 mortos e 90 feridos |
1989 | Nottingham Forest x Liverpool | Sheffield (Inglaterra) | Copa da Inglaterra | 96 mortos e mais de 200 feridos |
1988 | Muktijodha x Janakpur | Katmandu (Nepal) | Amistoso | 93 mortos e mais de 100 feridos |
1996 | Guatemala x Costa Rica | Cidade da Guatemala (Guatemala) | Eliminatórias da Copa do Mundo | 84 mortos e mais de 150 feridos |
fonte: globo