Depois de atacante dar queixa na delegacia, Antônio Carlos também faz reclamação formal, e jurídico do Avaí comenta: "Não tem como existir injúria racial se ele é negro"
Momento que os jogadores se desentenderam e alegam terem sido xingados (Foto: Reprodução)
Depois de Franci, atacante do Boa Esporte, registrar um boletim de ocorrência contra Antônio Carlos, foi a vez do zagueiro do Avaí fazer sua reclamação formal na delegacia contra o jogador da equipe mineira por injúria e difamação. Segundo o diretor jurídico do clube catarinense, Sandro Barreto, o defensor nega ter cometido qualquer tipo de injúria racial e ainda alega ter sido ofendido por Franci com xingamentos.
Após o confronto entre Avaí e Boa Esporte, no sábado, pela 26ª rodada da Série B, Franci afirmou ter sido alvo de injúria racial. O atacante do Boa alegou que o zagueiro Antônio Carlos o chamou de "macaco do c...". Ainda no sábado, à noite, o jogador registrou um boletim de ocorrência na 1ª DP, no centro da capital catarinense.
SAIBA MAIS
De acordo com o diretor jurídico do Avaí, Antônio Carlos alega ter usado o termo "malaco" - flexão da expressão maloqueiro - e não "macaco". Para o advogado do clube, é incabível a acusação de injúria racial uma vez que o jogador também é negro.
- A tendência é ele falar amanhã porque ele não disse isso (o xingamento). É normal que se reverta, não tem como existir injúria racial se o Antônio Carlos é negro, a mãe dele é negra. Isso não existe - disse Barreto.
O lance
O lance ocorreu aos 39 minutos do segundo tempo (veja no vídeo acima), quando o placar apontava 1 a 0. Franci perdeu uma disputa no ataque e foi ao chão, reclamando em seguida. Quando os dois ficaram próximos, ele ouviu o que teria sido o xingamento. Segundo a assessoria de imprensa do Avaí, o zagueiro de 21 anos nega ter chamado Francis de macaco.
Casos
O caso de injúria racial de maior repercussão neste ano envolveu o goleiro santista Aranha, xingado por torcedores do Grêmio durante partida em Porto Alegre, pela Copa do Brasil. Uma torcedora foi flagrada por câmera na arquibancada falando "macaco", e o Tricolor gaúcho foi a julgamento no STJD. Foi excluído da competição, recorreu e no Pleno conseguiu mudar a pena (para perda de três pontos), mas não evitar a eliminação.
O ano de 2014 tem registrado vários episódios como esse. O primeiro a ganhar maior repercussão teve como protagonista o cruzeirense Tinga, que ouviu torcedores do Real Garcilaso imitarem sons de macaco durante partida no Peru pela Taça Libertadores. Nos dias seguintes, times brasileiros entraram em campo com faixas de apoio ao meia. Um deles foi o Boa Esporte, que manteve essa rotina mesmo depois.
fonte: globo