sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Em alta no PSG, Lucas crê em chance com Dunga: "Eu me encaixo no perfil"

Sem mágoa de Felipão, jogador projeta boa sequência com a camisa do clube para chamar a atenção do novo treinador da seleção brasileira: "Ele está de olho"

Por 
Rio de Janeiro
“O que não mata, fortalece”. Foi esta a frase escolhida por Lucas, ex-São Paulo, hoje xodó da torcida do Paris Saint-Germain, para servir de motivação após ficar fora da Copa do Mundo no Brasil. Com várias convocações para a Seleção, o jogador viveu, até os últimos instantes, a expectativa de figurar na lista dos 23 convocados de Luiz Felipe Scolari, o que não aconteceu. Nada como um dia após o outro. Em entrevista por telefone, o meia-atacante disse que o bom início de temporada no clube francês e o começo da segunda era Dunga renovam ainda mais as forças, minimizando o fato de não ter sido lembrado na primeira lista do treinador, que reestreou com vitórias sobre Colômbia e Equador.
- Uma troca de treinador sempre motiva os jogadores, tanto aqueles que não vinham tendo oportunidades, quanto os que já estão no grupo, todos querem mostrar serviço. Não é porque não estive nessa primeira convocação que eu vou desanimar, pelo contrário. Com o Dunga, muda a filosofia, a maneira de pensar. Tenho que fazer o meu papel no PSG, crescer cada vez mais. Ele está de olho nos jogadores que atuam na Europa e no Brasil, vai fazer muitos testes, deve analisar mais jogadores jovens. Creio que eu me encaixo no perfil.
Lucas Brasil Copa da Confederações (Foto: Getty Images)Lucas com a taça da Copa das Confederações: esperança de voltar à Seleção com Dunga (Foto: Getty Images)



Convocado pela primeira vez com Mano Menezes, em 2011, Lucas é direto ao afirmar que conquistou diversas coisas muito cedo, fruto de um trabalho árduo, desenvolvido, principalmente, na base do São Paulo, onde o jogador começou a mostrar sua cara para o mundo. Sem qualquer ressentimento com Felipão, o jovem de 22 anos destaca sua "cabeça" como ponto forte para justificar as conquistas e se mantém otimista quanto ao futuro com a camisa amarelinha.

- Eu alcancei muitas coisas, de maneira muito rápida na minha carreira. Foi tudo muito precoce. Estou em um grande clube, jogando com grandes jogadores, tenho quase dois anos e meio de Seleção. Foi muito merecido, sempre lutei bastante, não tenho do que reclamar. Sem mágoa de Felipão. Sou um cara profissional, sempre disse que uma das minhas melhores qualidade é minha mente. Sou jovem, tenho muito futuro. Sei que tenho capacidade para voltar a vestir a camisa do Brasil.

É uma experiência fantástica jogar com um monstro como o ele, o melhor da posição que eu já vi e joguei junto.
Lucas sobre Thiago Silva, zagueiro do PSG
Companheiro de Thiago Silva no PSG, o jogador não mediu palavras para demonstrar a importância que o zagueiro tem em sua carreira, dentro e fora de campo. Junto com a “família” construída pelos brasileiros no clube francês, Lucas põe a equipe entre as favoritas na disputa pelo título da competição mais cobiçada da Europa: a Liga dos Campeões.

- O Thiago Silva é um cara fantástico, que me ajuda e me aconselha dentro de campo, com relação a posicionamento. É uma experiência fantástica jogar com um monstro como ele, o melhor da posição que eu já vi e joguei junto. O PSG vem muito forte na Liga dos Campeões nessa temporada, com uma equipe muito competitiva. Nós nos reforçamos pouco, apenas com o David Luiz, mas temos um elenco compacto, fechado e entrosado, com capacidade de brigar pelo título. Batemos na trave por duas temporadas, caímos nas semifinais, mas temos tudo pra chegar mais longe.

Confira mais trechos da entrevista:
GLOBOESPORTE.COM: Você começou com moral a temporada, titular com Blanc nas quatro partidas do time no Francês. Como foi a preparação na pré-temporada?
Lucas: Eu estou muito contente com esse início, tenho uma grande expectativa nessa temporada, comecei bem na preparação, venho jogando, pegando mais confiança, tendo sequência. Estou satisfeito com a minha evolução. Tenho que trabalhar mais para me firmar como titular da equipe.
Lucas PSG (Foto: Getty Images)Lucas em ação pelo PSG: confiança para a Champions (Foto: Getty Images)
Logo na fase de grupos da Liga dos campeões, o PSG tem o Barcelona pela frente. É bom ou ruim enfrentar uma equipe como a deles no início da competição?

Para falar a verdade, gostei de pegar o Barcelona já na fase de grupos. É uma equipe qualificada, que já serve pra testar nossa força. Não desmerecendo os outros times, todo jogo na Champions é difícil, mas enfrentar um dos maiores do mundo é um desafio para nós. Vamos nos preparar bastante, serão dois grandes jogos, bonitos de assistir.

O torcedor brasileiro ainda tem a ferida aberta pela Alemanha, naquele 7 a 1 da Copa do Mundo. O que você sentiu vendo a Seleção ser eliminada daquela maneira?

Se para os jogadores que estavam lá já foi difícil, imagina pra quem ficou de fora. Não tem como explicar, também senti na pele o que eles sentiram. Fiz parte daquele grupo, tenho amizade com eles, com a comissão, então me senti ali. Nem no nosso pior pesadelo poderíamos imaginar aquela derrota. Temos muito o que aprender com o futebol alemão e ter a humildade de assumir que eles estão acima da gente. Qualidade nós temos, mas só com o decorrer dos anos, ganhando as competições, uma outra Copa, é que vamos superar o que aconteceu.

Hulk, Lucas, Neymar e David Luiz treino Seleção Brasil (Foto: Getty Images)Aos 22 anos, Lucas atuou ao lado de Neymar, Hulk e David Luiz, companheiro de PSG, na Seleção (Foto: Getty Images)



Se você estivesse em campo no Mineirão, naquela semifinal, acha que as coisas poderiam ser diferentes?

Acho difícil imaginar que alguém mudaria aquela história. Não consigo ver nenhum jogador que faria o resultado ser diferente. Eu tinha muito a acrescentar para a Seleção, sei das minhas qualidades. Mas é difícil falar do lado de fora, quando vemos pela televisão é completamente diferente de quando estamos dentro do campo.

Qual a diferença do Lucas que saiu do São Paulo como ídolo para o jogador de hoje, que busca se firmar depois de uma temporada na Europa e voltar a vestir a camisa do Brasil?

Falando das minha características de jogo, aprendi muito na parte tática. Aqui na Europa, cobram bastante, pegam no pé. Hoje sei muito bem jogar sem a bola, evoluí muito nessa parte. Morar fora é uma experiência única, dá para aprender muitas coisas, amadurecer bastante. Mas minha alegria, meu espírito de criança, com um sorriso no rosto, não mudaram.

*Por Igor Rodrigues, estagiário, sob a supervisão de Felipe Barbalho
FONTE: GLOBO