sexta-feira, 15 de maio de 2015

"Vergonha" e "escândalo": incidente na Bombonera repercute pelo mundo

Jornais argentinos fazem críticas pesadas após confusão no clássico entre Boca e River, e presidentes dos dois clubes concordam sobre episódio "lamentável"

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Buenos Aires, Argentina
Olé River x Boca print (Foto: Reprodução)Imediatamente após a partida, "Olé" já resumiu sentimento diante da confusão (Foto: Reprodução)
A imprensa internacional não escondeu sua decepção com o incidente ocorrido em La Bombonera na noite de quinta-feira, quando um torcedor atirou spray com gás de pimenta nos jogadores do River Plate durante o intervalo do Superclássico com o Boca Juniors, pelas oitavas de final da Taça Libertadores. Imediatamente após a partida, suspensa antes do começo do segundo tempo, o site do tradicional diário “Olé” já se referia ao incidente como "vergonha" - expressão que foi a mais utilizada nas capas dos jornais argentinos nesta sexta-feira.
Frisando ser o episódio um dos maiores escândalos da história da competição continental, o "Olé" destacou que a Conmebol poderá declarar o River vencedor do confronto, mencionando o artigo 23 do estatuto da entidade que considera, caso seja comprovada a responsabilidade, o clube mandante, o Boca, perdedor da partida pela contagem de 3 a 0. Sendo assim, Los Millonarios, que venceram o embate de ida no Monumental de Nuñes pela contagem mínima, estariam classificados para avançar às quartas e pegar o Cruzeiro. 

E se depender da opinião do secretário de Segurança, o panorama será sombrio para os xeneizes. Em entrevista aos jornalistas locais e reproduzida pelo "Clarín", Sergio Berni isentou o aparato policial e colocou toda a carga sobre o Boca Juniors, mandante da partida. 

- Não tenho a menor dúvida de que a responsabilidade é do Boca. Não houve agressões nem invasões ao campo. Houve negligência na hora de organizar a segurança interna – enfatizou o secretário.

Capas jornais Argentina (Foto: Reprodução)Jornais argentinos tratam incidente como "vergonha" e "escândalo"(Foto: Reprodução)
Perplexo com o acontecimento na Bombonera, Marcelo Gallardo, ídolo e hoje treinador do River, se mostrou indignado com a indefinição das autoridades, que não tomavam providências contra o agressor e muito menos atitude sobre a suspensão da partida, o que ocorreu longo tempo após o ocorrido. Ao finalmente receberem a ordem para deixar o gramado, jogadores e comissão técnica da equipe visitante viraram alvos fáceis de objetos atirados por torcedores rivais.

- É lamentável que tenhamos que viver algo assim. Estamos esperando por uma decisão há mais de uma hora – bradou o ex-meia da seleção argentina aos jornalistas ainda enquanto aguardava no gramado o desenrolar dos fatos.

Igualmente indignado, porém mostrando constrangimento, o presidente do Boca revelou que se desculpou com o dirigente maior do clube rival e prometeu que todos os agressores serão identificados.

- É lamentável tudo o que aconteceu. É um papelão mundial. Quero identificar esses desajustados. Eu pedi desculpas a (Rodolfo) D’Onofrio. Eu não posso acreditar – disse Daniel Angelici em entrevista divulgada pelo "La Nación", que tinha como chamada “O pior do futebol na Bombonera: uma noite em que a violência aflorou de todos os lados”.

pimenta, Boca Juniors x River Plate (Foto: AFP)Clássico argentino foi suspenso antes do começo do segundo tempo (Foto: AFP)
"Vergonha" chega à Europa

Na Europa, a reação foi a mesma expressada pelos platinos. Com o título de “Superclássico da vergonha”, o site do madrileno "Marca" estampou em sua capa o episódio do confronto de Buenos Aires, destacando que quatro jogadores do River (Leonardo Ponzio, Leonel Vangioni, Carlos "Pity" Martínez e Ramiro Funes Mori) tiveram queimaduras e foram os mais atingidos pelo ataque.

Já o italiano "Corriere dello Sport"ressaltou o autêntico clima de guerra provocado pela torcida xeneize, destacando "Emboscada dos torcedores do Boca. Jogadores do River queimados". "La Gazetta dello Sport" seguiu a linha: " O Superclássido da vergonha: emboscados os jogadores do River, e partida suspensa após 45 minutos de jogo.”

Jornais Boca e River (Foto: Reprodução)"Marca" cita "Guerra Química" no clássico (Foto: Reprodução)FONTE: GLOBO