sexta-feira, 29 de maio de 2015

Janelas da alma: veja Cruzeiro e River pelo olhar de quatro personagens

Dois torcedores e dois radialistas expõem suas emoções durante o duelo entre brasileiros e argentinos, no Mineirão, pelas quartas de final da Taça Libertadores

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Belo Horizonte
Já dizia o velho ditado: os olhos são as janelas da alma. Mas é possível dizer que eles também são a porta de entrada para a memória. Tudo que é visto é, de certa forma, fotografado, como se os olhos fossem lentes que registram, por toda a vida, os momentos mais marcantes. Na quarta-feira, jornalistas e torcedores se dirigiram ao Mineirão com a expectativa de guardarem na memória mais um daqueles dias inesquecíveis. Cruzeiro e River Plate decidiriam uma vaga para as semifinais da Libertadores e, nas arquibancadas, as pessoas tentavam imaginar os acontecimentos que se sucederiam. Dentre eles, quatro personagens em especial.


Osvaldo Reis, o Pequetito, é narrador da Rádio Globo. Gabriel Anello exerce a mesma função, pela rádio argentina Mitre. Em comum, ambos têm uma mesma característica: a capacidade de transmitir emoção a torcedores, como Mariano Moroni, do River Plate, e Matheus Meinicke, cruzeirense, presentes no Gigante da Pampulha naquela noite.
- É difícil relatar a partida sem usar da paixão. Tem coisas no futebol brasileiro que não aplicamos no argentino. Chama a atenção como as torcidas interagem – destacou Gabriel.
Apesar de estarem separado no estádio, torcedores argentinos e brasileiros compartilharam as apreensões e as esperanças que circundam uma partida daquele quilate. No entanto, antes de o juiz apitar o início do duelo, era possível perceber qual das torcidas se mostrava mais confiante na classificação.
Maidana Cruzeiro River Plate (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)Maidana comemora segundo gol do River Plate sobre o Cruzeiro (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
- O torcedor cruzeirense é o mais apaixonado do país. A ansiedade está a mil, e a nossa torcida está comparecendo em bom número. Vou torcer muito e ver o show do Cruzeiro lá dentro – afirmou Matheus.
O sonho do tricampeonato continental, tão vivo após a vitória do Cruzeiro sobre o River, por 1 a 0, na semana passada, demorou apenas 19 minutos de jogo para se transformar em um terrível pesadelo. Sánchez recebia na entrada da área e abria o placar no Mineirão, para a decepção de Osvaldo Reis e a euforia de Gabriel Anello.
- É incrível ver como canta alto a torcida do River – exaltou Mariano.
Se no lado norte do Mineirão uma “hinchada” se empolgava com o bom futebol dos Millonarios, no restante do estádio milhares de cruzeirenses acompanhavam, atônitos, o zagueiro Maidana aproveitar escanteio pela esquerda para ampliar o placar e superar a vantagem cruzeirense do jogo de ida. O segundo gol, porém, não calou a torcida celeste, que seguiu cantando durante todo o intervalo.
- Foi um primeiro tempo horrível, mas eu tenho fé que o Cruzeiro vai conseguir se classificar – disse Matheus.
Era complicado, impossível para muitos, mas aquilo era futebol, podiam pensar os torcedores cruzeirenses. Uma chama ainda resistia, a esperança de uma reviravolta épica. Porém, quando Téo Gutierrez fez o terceiro, com apenas seis minutos de segundo tempo, um balde de água arrefeceu os ânimos celestes. A bola chutada pelo colombiano, que passou tão próxima das mãos de Fábio, se tornou a metáfora de uma classificação, antes vista de perto pela torcida azul, mas que se distanciou logo no momento decisivo.

- O River beirou a perfeição. Para mim, o River fez uma partida nota nove. A verdade é que o River assumiu um protagonismo muito grande, aqui, neste campo e eliminou um grande rival - ressaltou Gabriel Anello.
Mais de 55 mil pessoas compareceram ao Mineirão e acompanharam a classificação da equipe argentina. Aos cruzeirenses, as imagens gravadas em suas mentes devem ser guardadas em uma simples caixa - que só com muita coragem será aberta. Já para os torcedores do River a vitória heroica receberá uma bela moldura e será relembrada com carinho pelos argentinos que foram ao Gigante da Pampulha.
- O jogo foi inesquecível. Parece que o River jogou em casa – encerrou Mariano, que certamente já reserva um espaço na sua memória para os próximos duelos da equipe argentina pela Libertadores.
FONTE: GLOBO