sábado, 30 de abril de 2011

Cotado para jogar em grande europeu, Willian relaxa e diz que sabe esperar

Após rápidas mudanças no início da carreira, meia controla ansiedade, curte sucesso no Shakhtar e monta coleção de camisas de adversários

Por Rafael Maranhão Direto de Donetsk, Ucrânia

Shakhtar  Donetsk Willian (Foto: Rafael Maranhão/Globoesporte.com)
Willian e a esposa Vanessa mostram uma camisa
trocada com Dani Alves (Foto: Rafael Maranhão)

Em apenas nove meses, Willian Borges da Silva estreou como profissional no Corinthians, virou titular, jogador mais importante do time e foi embora do Brasil no fim de 2007. Na Ucrânia, foi campeão três vezes nas duas primeiras temporadas, inclusive do maior título da história do Shakhtar Donetsk, a Copa da Uefa de 2009. Tinha apenas 20 anos e achava que dali partiria para um passo ainda maior na carreira. Dois anos depois, continua no mesmo lugar. Para quem viu a carreira decolar tão depressa, difícil foi aprender a esperar.

- Antes, eu era muito ansioso. Olhava os jogadores indo para outros clubes, via meus companheiros de equipe sendo chamados para a seleção brasileira e pensava: "Será que a minha vez não vai chegar nunca?". Mas aprendi que tudo tem seu tempo. Hoje estou bem mais tranquilo. Sigo trabalhando sem pensar muito nisso. Sei que as coisas vão acontecer quando tiverem que acontecer - disse o meia.

Não será surpresa caso elas aconteçam ao fim desta temporada. As boas atuações puseram o nome de Willian como possível reforço de uma série de grandes clubes europeus, como Manchester United e Barcelona. Chelsea e Liverpool foram os mais recentes da lista de especulações, após a brilhante performance do meia no 3 a 0 em casa sobre o Roma, em março, pelas oitavas de final da Liga dos Campeões.

Sair de Donetsk, porém, não é tarefa das mais fáceis. Graças aos bilhões do dono, o oligarca ucraniano Rinat Akhmetov, o Shakhtar não precisa vender jogador para botar as contas em dia e costuma manter os atletas até o fim do contrato. Por causa disso, alguns brasileiros como o lateral Ilsinho acabaram deixando o clube em lítigio. O vínculo de Willian com a equipe ucraniana vai até 2014. Neste domingo, ele pode se sagrar campeão ucraniano mais uma vez, com três rodadas de antecedência, se o Shakhtar não perder o clássico contra o Dínamo em Kiev.

- Eu fico feliz pelos elogios, por ver meu nome sendo valorizado e comentado como reforço de grandes clubes. Mas, até agora, não houve nada de concreto. Por isso, prefiro continuar concentrado no meu trabalho. Estamos perto de conquistar mais um importante título - afirmou.

Por enquanto, as camisas de clubes como Arsenal e Barcelona são apenas parte do acervo que o colecionador Willian vai cuidadosamente reunindo na bela casa onde vive em Donetsk. A do time catalão foi a aquisição mais recente, trocada com o lateral Daniel Alves, com quem travou duelos nos confrontos pelas quartas de final da Liga dos Campeões.

- Se essa camisa cai bem em mim? Claro, quem é que não gostaria de jogar num clube como este? Acho que cai bem em qualquer um - diz Willian, sorrindo, enquanto segura a camisa de Daniel Alves com ajuda da namorada Vanessa.

Para o meia, as duas derrotas para o Barcelona foram duras mas serviram de aprendizado para uma jovem equipe que nunca havia chegado tão longe no torneio mais importante do futebol europeu. É em partidas como estas que Willian tem a chance de comparar seu futebol com o dos jogadores dos clubes onde espera chegar em breve, como dois espanhóis de quem é fã confesso.

- Para mim, Xavi e Iniesta são os melhores meias do mundo. Sem eles, o Messi não seria o que é. O Xavi é incrível. Você acha que ele está cercado, mas sempre encontra uma solução, um passe perfeito. Cometemos muitos erros contra o Barcelona, não aproveitamos nossas chances e acabamos pagando no 5 a 1 do primeiro jogo. Mas, ainda assim, valeu. Sabíamos que seria muito difícil. É um timaço - afirmou.

Zapeando

Em Donetsk, Willian devora futebol pela TV. Controle remoto na mão, vai passando pelos canais exibindo partidas de ligas em que talvez esteja atuando no futuro. Mas quando começa um jogo do Corinthians, ele para tudo. Willian deixou o clube no mês em que completou 19 anos, no meio da temporada em que o time acabaria rebaixado para a Série B. O então treinador Paulo César Carpegiani disse que sua ausência dificilmente seria superada. Não imaginava o quanto. Hoje, o meia já não sofre tanto vendo o ex-clube. Mais difícil é aturar a torcida adversária dentro de casa.

- A Vanessa é são-paulina, seca muito nos jogos do Corinthians. Mas não adianta - brinca o jogador, ao lado da namorada.

fonte: globo