Em guerra declarada, José Mourinho e Guardiola lideram os dois clubes com mesmo objetivo e jeitos bem diferentes de atingi-lo. Veja ao vivo na TV Globo
De um lado do ringue – ou melhor, do Santiago Bernabéu –, o galáctico. Do outro, a prata da casa. A descrição pode ser tanto do clube, do seu técnico ou da estrela do time. Real Madrid e Barcelona, times de ideologias bem diferentes e com objetivos muito semelhantes, iniciam nesta quarta-feira a disputa pela vaga na final da Liga dos Campeões. A partida, que começa às 15h45m (de Brasília) com transmissão ao vivo da TV Globo e do GLOBOESPORTE.COM, iniciou bem antes fora do campo: José Mourinho e Pep Guardiola fizeram questão de esquentar os ânimos nas entrevistas coletivas e aumentaram ainda mais a expectativa para o terceiro clássico em 12 dias.
José Mourinho e Guardiola se cumprimentam antes da final da Copa do Rei: clima agora é de guerra (AFP)
Embalado pela política de contratações do presidente Florentino Pérez, que na primeira gestão reuniu Figo, Zidane, Ronaldo, Roberto Carlos, Beckham e Raúl no elenco, o Real aposta em contratos milionários para fazer sucesso. Os novos galácticos são liderados pelos portugueses José Mourinho e Cristiano Ronaldo, que chegaram a peso de ouro para tentar o décimo título europeu. Em uma filosofia oposta, o Barcelona formou dentro do próprio clube suas maiores estrelas: ex-jogador da equipe, Pep Guardiola virou técnico no Barça e ajudou Lionel Messi se tornar o melhor do mundo nos últimos dois anos colecionando taças.
– Se vencermos é porque fomos os melhores. Se perdermos é porque merecemos perder. Viemos aqui com o orgulho de defender um estilo, uma maneira de jogar que levou o Barcelona e a seleção espanhola a ganharem muitos títulos. Só defendemos isso – disse Guardiola, citando que a base da Fúria campeã do mundo em 2010 atua pelo Barça (Puyol, Piqué, Iniesta, Xavi, Busquets, Pedro e David Villa).
Cristiano Ronaldo não tem melhores números do que Messi, mas decidiu a Copa do Rei (Foto: EFE)
Na disputa dentro de campo, Messi tem melhores números que Cristiano Ronaldo na temporada: marcou 50 gols até agora e é o artilheiro do Campeonato Espanhol (31) e da Champions (nove). Mas o camisa 7 do Real, com 42 na temporada (29 no Espanhol), acabou sendo decisivo na final da Copa do Rei, na última quarta, e fez o gol do título do time de Mourinho sobre o rival. Os dois marcaram no empate de 1 a 1 no dia 16, quando começou a série de clássicos.
Mourinho e Guardiola aquecem superclássico na véspera
Fora das quatro linhas, os técnicos roubaram a cena na véspera da semifinal. Mourinho criticou a reclamação de Guardiola sobre um gol de Pedro anulado por impedimento na decisão da Copa do Rei e disse que o rival criou uma nova era para os técnicos: reclamar do acerto dos árbitros. Irritado, o comandante do Barça chegou a usar palavrão na entrevista coletiva, disse que o treinador do Real pode ficar com “sua Champions particular” – em ironia às polêmicas criadas - e fez o desafio: o encontro está marcado para o Santiago Bernabéu, com a bola rolando.
– É o mesmo discurso do senhor Mourinho há seis anos. Mas ele se formou nesta mesma casa, o Barça, e sabe como trabalhamos o futebol – afirmou Pep, lembrando que o português trabalhou na comissão técnica do time da Catalunha nos anos 90.
O Barça tem oito pontos de vantagem sobre o rival no Campeonato Espanhol, pelo qual goleou o Real por 5 a 0 no primeiro turno. Mas é o time de Mourinho que chega em melhor momento à semifinal da Champions. Além de ter vencido a Copa do Rei, o clube merengue terá apenas o desfalque de Khedira, machucado, e Ricardo Carvalho, suspenso, enquanto o adversário tem vários problemas: Iniesta, Adriano, Maxwell e Abidal estão fora. Assim, Guardiola terá que improvisar na defesa e usar o volante Mascherano como zagueiro ou lateral-esquerdo.
Sem Iniesta, Messi e Xavi serão os responsáveis pela criatividade no ataque do Barça (Foto: Reuters)
Filosofias bem distintas
No confronto de filosofias, Mourinho conquistou a torcida merengue por ter conseguido parar o rival nos últimos clássicos. A série de quatro partidas em 18 dias acirrou a rivalidade e a troca de provocações dos dois lados. Experiente, o técnico português atacou Guardiola, mas também tentou diminuir o clima de guerra entre as torcidas.
– Acho que a rivalidade é a mesmo que entre Benfica e Porto, Inter e Milan, Chelsea e Manchester United. Não vejo muita diferença. Talvez nesta temporada, por termos tantos jogos em poucos dias, a rivalidade aumentou. Rivalidade é sempre rivalidade. Quando é uma boa rivalidade, é ótimo. Em Valência tivemos torcedores dos dois times e nenhum problema no estádio ou nas ruas – afirmou.
O Barça gosta de tocar a bola, geralmente tem mais posse que os rivais e teve o estilo copiado por times de todo o mundo. O melhor exemplo é a seleção espanhola, treinada por Vicente del Bosque, ídolo do Real Madrid. No Real, Mourinho aplicou um espírito de luta pouco visto nos últimos anos pela torcida.
– Prefiro ganhar e não jogar bem do que tentar fazer os dois. Vencer é o mais importante. Se vencer jogando bem, está ótimo. Mas prefiro ganhar – disse o lateral-esquerdo Marcelo, um dos discípulos de Mourinho.
– O mais importante é ficar concentrado e lembrar o que fizemos o ano todo. Se chegamos até aqui foi pela maneira que jogamos até agora. Não podemos pensar que tudo que fizemos nos últimos anos está ruim por causa de uma derrota. Temos que ser nós mesmos – afirmou Mascherano.
Real e Barça já se enfrentaram outras três vezes no torneio europeu. Duas delas em semifinais, vencidas pelos madridistas, que depois acabaram campeões do continente em 1960 e 2002. Após a partida de ida no Bernabéu, as equipes voltam a duelar na próxima terça no Camp Nou. Provavelmente mais uma semana de guerra psicológica e análises sobre os estilos. Uma história ainda longe do ponto final.
Casillas, Arbeloa, Sergio Ramos, Albiol e Marcelo; Pepe, Lass Diarra e Xabi Alonso; Özil, Cristiano Ronaldo e Di María. | Valdés, Daniel Alves, Piqué, Mascherano e Puyol; Busquets, Xavi e Keita (Thiago Alcântara); Pedro, Messi e Villa. |
Técnico: José Mourinho. | Técnico: Josep Guardiola. |
Estádio: Santiago Bernabéu, em Madri (Espanha). Data: 27/04/2011. Árbitro: Wolfgang Stark (ALE). Assistentes: Jan-Hendrik Salver e Mike Pickel (ALE). | |
Transmissão: o GLOBOESPORTE.COM acompanha a partir das 15h (de Brasília). TV Globo passa ao vivo |