segunda-feira, 12 de março de 2012

Polêmicas se sobressaem no legado de Teixeira na CBF


Ao longo do seu mandato na entidade, dirigente coleciona mais pontos negativos do que positivos. Conheça os principais deles

Ricardo Teixeira (Foto: Antonio Lacerda/EFE) Teixeira ocupava a presidência da CBF desde 1989 (Foto: Antonio Lacerda/EFE)
LANCEPRESS!


Em seu longo período no comando da CBF, Ricardo Teixeira acumulou pontos positivos e negativos. Os pontos ruins se sobressaem no mandato.
No campo das vitórias, Teixeira levou o Brasil a conquistar duas Copas do Mundo – em 1994 nos Estados Unidos e em 2002 no Japão e na Coreia do Sul – e trouxe, em 2007, a Copa de volta ao país, dessa vez em 2014. Também instaurou o sistema por pontos corridos no Campeonato Brasileiro, criou a Copa do Brasil, reconheu títulos brasileiros e trouxe mais credibilidade ao decretar o fim das viradas de mesa. Esta última tardiamente.
MAIS

ENQUETE

Mas Teixeira errou mais do que acertou. Décimo oitavo presidente da CBF, burlou a lei para se reeleger, antecipando o pleito e, anos mais tarde, estendeu o mandato de presidente para sete anos. Mudanças no estatuto da entidade foram constantes em sua gestão.
Ao longo dos 23 anos no cargo, Teixeira brigou e reatou relações com diversas personalidades do esporte brasileiro, com destaque para o ex-presidente da Fifa João Havelange, Pelé, Zico e Ronaldo.
Sua gestão foi marcada por três episódios de virada de mesa e dois escândalos na arbitragem. Foi alvo de duas CPIs – a do Futebol e a da Nike – e escapou de uma terceira sobre a organização da Copa de 2014.
Teixeira nada fez para evitar o êxodo de jogadores para o exterior, não ajudou os clubes grandes, estes cada vez mais endividados. Clubes pequenos sobrevivem à duras penas e o futebol feminino não recebe a atenção merecida. Por outro lado, a CBF aumentou o número de patrocinadores e se tornou uma entidade cada vez mais rica.
Apesar de ter prometido, Teixeira não fez a adequação do calendário brasileiro ao internacional. Também não trabalhou pela melhoria da arbitragem e não agiu para tornar os estádios brasileiros arenas dignas para a torcida.
Também não deu a devida atenção ao combate da violência entre torcidas organizadas. A proibição da venda de bebidas alcoolicas nos estádios como desculpa para acabar com a violência provou-se ineficaz, e somente prejudicou clubes.
LADO POSITIVO DA ERA TEIXEIRA

Títulos da Copa do Mundo
A Seleção voltou a ser campeã mundial em 1994, nos EUA. O feito se repetiria no Japão e Coreia do Sul, em 2002. O Brasil é o único pentacampeão do mundo.

Copa no Brasil
Em 2007, o Brasil ganhou a sede da Copa do Mundo de 2014. A competição mais importante do futebol mundial volta ao país após 64 anos.

Pontos corridos
Suportou a oposição da Globo, dona dos direitos de transmissão do Brasileiro, e, com apoio do Clube dos 13, instaurou os pontos corridos na Série A e, depois, na Série B.

Copa do Brasil
Criada em 1989, a competição deu oportunidade a diversos clubes em todo o Brasil. A partir de 2001, passou a dar vaga ao campeão na Libertadores.

Copa América
Foram dez edições durante a gestão de Teixeira. O Brasil conquistou cinco títulos, os dois últimos sem os principais jogadores e em decisões contra a rival Argentina.

Credibilidade
Depois de três viradas de mesa em sua gestão, Teixeira acabou com isso. Clube grande que hoje é rebaixado tem de obter a vaga na Série A dentro de campo.

Títulos brasileiros
Teixeira reconheceu como títulos brasileiros as conquistas anteriores à 1971, data da primeira edição do Campeonato Brasileiro.


LADO NEGATIVO DA ERA TEIXEIRA

Estatutos
Alterou por diversas vezes o estatuto da CBF para se beneficiar. Aproveitou a Copa de 2014 para tentar ficar até 2015. Não atuou pelo cumprimento do Estatuto do Torcedor.

Violência
Nada foi feito para dar segurança aos torcedores. A violência entre torcidas organizadas afasta o torcedor dos estádios e aumenta o risco de tragédias.

Bebidas alcoolicas
Venda proibida nos estádios em jogos organizados pela CBF. Clubes prejudicados e solução ineficaz para acabar com a violência nos estádios brasileiros.

Calendário
Prometeu adequar o brasileiro ao internacional, o que poderia gerar dinheiro para os clubes, com excursões e pré-temporadas. Ficou na promessa.

Futebol feminino
Só é lembrado em época de Jogos Olímpicos. Campeonatos fracos, sem nenhum investimento em atletas e sua formação em categorias de base.

Escândalos de arbitragem
Em 1997, o diretor de árbitros da CBF, Ivens Mendes, foi acusado de favorecer times. Em 2005, o juiz Edilson Pereira de Carvalho integrou esquema em site de apostas.

Viradas de mesa
Permitiu que o Grêmio, em 1993, e o Fluminense, em 1996, jogasse a Série A. Em 1999, o Tricolor venceu a Série C e foi direto para a Série A (Copa João Havelange).

Pirataria
Passivo diante da venda de produtos falsificados, que afetam ainda mais os cofres dos clubes, todos com uma grande quantidade de dívidas.

Parentes e amigos
Favorecidos em nomeações. A filha. Joana Havelange, está no Comitê Organizador da Copa de 2014. O tio, Marco Antônio Teixeira, foi secretário geral da CBF.

Publicidade
Contratos de patrocínio da entidade ficaram defasados e alguns deles acabaram se tornando alvo de disputas judiciais e investigações em Brasília.

Jogadores fora do Brasil
Teixeira nada fez para evitar o êxodo de jogadores para o exterior, fato que enfraquece as equipes brasileiras bem como o nível do Campeonato Brasileiro.

Clubes
Usou seu poder político e econômico em favor próprio e da Seleção. Clubes grandes seguem cada vez mais endividados e os pequenos sobrevivem à duras penas.

Doações a políticos
Nas eleições de 1998 e 2002, doou mais de R$ 1,6 milhão para a campanha dos integrantes da chamada “Bancada da Bola”, que tantou o ajudou diversas vezes.

Estádios precários
Precisou da confirmação da Copa do Mundo no Brasil para dedicar atenção e dar início à melhora dos palcos do futebol por todo o país.

fonte: lance