Novo técnico colorado não se coloca como ídolo do clube e usará isso como trunfo contra maldição: "Não vou ter problema dos grandes jogadores que não deram certo"
Falcão, Fernandão, Dunga, Clemer e Diego Aguirre. Entre todos, um fator em comum: foram ex-jogadores que se tornaram treinadores do Inter, recentemente. Novo técnico colorado, Argel será outro a seguir trajetória semelhante. No entanto, terá como missão conseguir uma boa trajetória a frente da equipe – o que nenhum dos anteriores conseguiu na função diante de um obstáculo com cara de maldição.
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Argel ainda terá uma particularidade que o difere dos demais. Zagueiro colorado nos anos 1990, não se considera um "ídolo" do clube gaúcho. Pelo contrário, se avalia como um ex-atleta comum. Por isso, não se assusta com essa "maldição dos ex".
- Conheço muito bem a aldeia, este clube. Não vou ter o problema dos ídolos, os grandes jogadores e ídolos que não deram certo. Não sou um ídolo como sou Falcão, Fernandão, Dunga, o Taffarel... sou meia-boca. Vamos pensar com calma e tranquilidade, pensar jogo a jogo, para formar um time copeiro - disse, na entrevista coletiva desta quinta-feira, quando se despediu do elenco do Figueirense.
Formado nas categorias de base do Inter, Argel permaneceu no clube como atleta profissional entre 1993 e 1995, antes de ser vendido ao Tokyo Verdy, do Japão.Integrou o grupo campeão da Copa do Brasil, em 1992 (ainda como júnior), e dos títulos gaúchos de 1992 e 1994.
Como treinador, atua desde 2008, com passagem por 15 clubes e um título conquistado, o Campeonato Catarinense deste ano, pelo Figueirense.
Argel marca em Gre-Nal de 1994 (Foto: Valdir Friolin / Agência RBS)
"Maldição dos ex"
Considerado um dos melhores jogadores da história do Inter, Falcão assumiu o clube em abril de 2011, na vaga do então demitido Celso Roth. Três meses depois, o técnico acabou excluído devido a uma má campanha no Brasileirão.
No saldo, teve uma conquista estadual, mas o principal problema ao sair foi a exposição de atritos com o então presidente Giovanni Luigi. Falcão chegou a chorar na entrevista coletiva de despedida.
Paulo Roberto Falcão durou pouco no Inter (Foto: Lucas Uebel/Vipcomm)
Em 2012, foi a vez de Fernandão se tornar treinador colorado. Campeão do Mundo como atleta em 2006, era diretor de futebol quando foi chamado para ocupar a função de Dorival Júnior. Mas o treinador também não obteve sucesso na nova função e acabou desligado no final de novembro – permaneceu quatro meses no cargo.
Durante esse período, teve passagem marcada no episódio da “zona de conforto”. Após uma derrota em casa para o Sport, o treinador entrou em conflito direto no vestiário, reclamando da postura de atletas mais experientes. Também chorou na sua despedida.
Fernandão em sua despedida do cargo (Foto: Tomás Hammes / GLOBOESPORTE.COM)
Dunga foi contratado como treinador para assumir em janeiro de 2013. Teve um início promissor, com a conquista do Gauchão daquela temporada, mas não conseguiu manter o retrospecto no Brasileirão. Também sofreu por não poder atuar no Beira-Rio, que estava fechado para modernização. Acabou demitido em outubro, após quatro derrotas seguidas no Brasileirão.
Sem Dunga, a diretoria resolveu manter o ex-goleiro Clemer, que seria o interino até o final da temporada. Neste período, o time acabou eliminado nas quartas de final da Copa do Brasil. Ainda lutou contra o rebaixamento até a última rodada do Brasileirão. Finalizou a competição em 15º com 48 pontos, apenas dois à frente do Z-4.
Dunga acabou demitido no Brasileirão (Foto: Alexandre Lops/Divulgação Inter)
Neste ano, foi a vez da busca por Aguirre, que atuou como meia colorado no final dos anos 1980, treinado por Abel Braga, seu antecessor em 2014. Com uma metodologia diferente, que apostou no rodízio de atletas, o treinador conseguiu levar o time à conquista do Gauchão e a uma semifinal da Libertadores.
A queda repentina de desempenho, principalmente duramente a pausa para a Copa América e seguida de eliminação na competição sul-americana, fez com que a cúpula optasse pela demissão.
Resta saber qual será o futuro de Argel. O treinador assume o time na 11ª colocação, com 24 pontos, e também nas oitavas de final da Copa do Brasil. O grande objetivo será o de levar o time vermelho a disputar a Libertadores de 2016. O técnico será apresentado a partir das 11h desta sexta, no CT Parque Gigante.
Diego Aguirre não durou oito meses no cargo (Foto: Tomás Hammes / GloboEsporte.com)
fonte: globo