Luiz Gustavo Folego é chamado para compor comissão técnica e incentiva jogadores com palestra no intervalo do jogo contra o Ecus, pela quarta divisão do Paulista
Ver de perto seu time aplicar a maior goleada de sua história e ainda "participar" do jogo. O que parece um sonho muito distante para a grande maioria dos torcedores virou realidade para o bancário Luiz Gustavo Folego no último domingo, na histórica vitória do Mauaense por 14 a 2sobre o Ecus, pela Segunda Divisão do Campeonato Paulista (equivalente ao quarto nível estadual).
O fanático torcedor do time de Mauá teve o privilégio de assistir ao massacre no gramado. Sem massagista desde a rodada passada, contra o Jabaquara, a diretoria do time convidou Folego, que acompanhava a equipe, a quebrar o galho na função. E foi assim que ele contribuiu para que o Mauaense aplicasse sua maior goleada.
Folego (de amarelo) conversa com os jogadores do Mauaense (Foto: Diel Rodrigues)
- No intervalo, estava 6 a 0 e falei para os jogadores que se eles fizessem mais de 10 a 0 entrariam para a história do clube com a maior goleada. E do jeito que estava, caberia 25 ou 30 sem exagero. Parecia jogo de empresa, aqueles entre amigos, em que todos querem fazer gol. Por isso, o Ecus conseguiu dois gols mesmo com jogadores a menos (iniciou a partida com apenas oito) - contou, acrescentando que a maior goleada do Mauaense até então havia sido por 10 a 0 sobre o Usac, em 2014.
O resultado, poém, não foi suficiente para classificar o Mauaense à próxima fase da competição. A equipe terminou na sexta posição do Grupo 3, com 24 pontos, cinco atrás do Manthiqueira, último colocado do G-4.
Mesmo assim, serviu para o torcedor de 33 anos dar mais uma prova de amor ao time de sua cidade natal. Como há 10 anos não perde um jogo da equipe, Folego acabou se tornando íntimo da diretoria e dos jogadores. Antes da partida contra o Jabaquara, ele telefonou para o presidente do clube para pedir uma carona com a delegação até Santos. O pedido foi atendido. Na hora do embarque, o massagista não apareceu, e o torcedor foi "promovido". Até apareceu na súmula:
Luiz Gustavo Folego apareceu na súmula do jogo contra o Jabaquara (Foto: Reprodução)
Como conhece a fundo a história do Mauaense, Folego já foi chamado até para dar palestra a jogadores recém-contratados. Isso aconteceu no início da temporada 2009.
- É o time da minha cidade, que sempre acompanhei. De uns 10 anos para cá, mais de perto. Neste ano, fui aos 18 jogos (metade em casa, metade fora). Digo que também sou corintiano porque no Brasil há o costume de torcer por um time grande, mas não acompanho os jogos do Corinthians. Na final do Paulista de 2009 (Corinthians x Santos), eu estava no estádio do Guapira (na Zona Norte de São Paulo) assistindo ao jogo da Mauaense contra o Barcelona Esportivo Capela.
E o trabalho de massagista? Para a sorte de Luiz, sua vida dentro de campo foi mais fácil do que a do atacante Wedisley, do Ecus, que foi improvisado no gol e cansou de buscar a bola no fundo da rede nos 14 a 2 do último domingo. Com as equipes eliminadas e a larga vantagem do time da casa, sobraram poucas divididas e quase não houve atendimentos médicos.
- Melhor assim, evitou as piadas dos meus amigos que vibravam a cada vez que eu aparecia em campo. Mas, na verdade, fico triste pelo fato de o clube passar por essa situação. Infelizmente, casos assim são comuns nesta divisão. Tentamos ajudar como podemos.
Folego (de boné azul) foi massagista do Mauaense nos dois últimos jogos da Segundona (Foto: Reprodução / Facebook)
Dificuldades à parte, o torcedor-massagista, que trabalha na elaboração de um almanaque sobre o Mauaense, ganhou neste domingo mais algumas páginas de boas histórias para contar sobre a “Locomotiva do ABC”. Ou seria o "Clube das Goleadas Inúteis"?
- Brinquei com meus amigos que todas as goleadas não serviram para nada. Nos 14 a 2, já estávamos eliminados, assim como nos 10 a 0 sobre o Usac, em 2014, e nos 7 a 1 contra o Palestra de São Bernardo, em 2011.
fonte: globo