Representante do comitê organizador diz que dificilmente o país permitirá a venda da bebidas alcóolicas nos estádios durante a realização do Mundial
O Qatar está na briga para ser sede da Copa do Mundo de 2022. Além do país do Oriente Médio, Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e Austrália lutam para receber o Mundial. A escolha será na próxima quinta-feira, em Zurique, na Suíça. Porém, para atingir o seu objetivo, o país tem lutado para mostrar à Fifa que as altas temperaturas que castigam o local no período da competição não vão afetar os participantes do torneio. Para vencer a disputa, o comitê organizador tem batido na tecla de que os estádios e os locais de treinamento serão todos climatizados para abrigar um dos maiores eventos do planeta.
O Qatar indicou 11 estádios à Fifa para receber o Mundial de 2022. De acordo com Luciana Ceccato Farah, diretora de artes e cultura do comitê organizador da candidatura do Qatar, o país está preocupado em dar as melhores condições aos jogadores e aos profissionais que visitaram o país durante a Copa do Mundo.
- A tecnologia para climatizar os estádios já existe. Durante a inspeção da Fifa, eles foram em um campo de treinamento que já contava com o sistema de refrigeração, alimentado por energia solar. A temperatura padrão que os locais são mantidos beiram os 23 graus, mas podem chegar até 19 graus - afirmou Luciana, que mora no Qatar há cinco anos e ingressou no comitê organizador por falar português.
GALERIA DE FOTOS: veja os estádios oferecidos pelo Qatar para a Copa de 2022
Em seu relatório de análise dos países candidatos, a Fifa demonstrou preocupação com a temperatura do país no período do Mundial.
- O fato de a competição estar planejada para junho/julho, os dois meses mais quentes do ano na região, é preciso ser considerado como possível risco à saúde para os jogadores, autoridades, representantes da Fifa e espectadores, e requer a tomada de precauções - apontou a Fifa em seu relatório, mas sem descartar nenhuma candidatura.
Outro dado que chama a atenção na candidatura do Qatar é a presença de ex-jogadores como embaixadores da campanha. O francês Zinedine Zidane, o espanhol Pep Guardiola, o holandês Ronald De Boer e o argentino Gabriel Batistuta, todos com passagens pelos principais clubes do país, cederam suas imagens para o comitê local. Além deles, o técnico Bora Milutinovic e o camoronês Roger Milla também fazem parte do processo.
Os membros do comitê organizador do Qatar aproveitaram o amistoso entre Brasil e Argentina, no último dia 17 de novembro, para divulgar a candidatura do país. Além da presença de estrelas do quilate de Ronaldinho Gaúcho e Messi, que marcou o gol do triunfo dos hermanos por 1 a 0, alguns embaixadores como Zidane e De Boer também estiveram no Khalifa International Stadium, local destinado à abertura da Copa de 2022, caso o país seja escolhido pela Fifa.
Confira abaixo a entrevista com a representante do comitê organizador do Qatar:
GLOBOESPORTE.COM: Chegou o momento do Oriente Médio?
LUCIANA CECCATO FARAH: Está na hora de uma Copa do Mundo no Oriente Médio. A população tem loucura pelo futebol no Qatar. Para ele é como no Brasil. Os torcedores adoram a Seleção Brasileira.
O confronto entre a Seleção e a Argentina serviu para divulgar a candidatura?
LCF: Foi para mostrar que podemos organizar um grande evento. O mundo ainda não sabe que dá para se divertir muito no Oriente Médio, principalmente no Qatar.
O Qatar é um país religioso e as bebidas alcóolicas não são vendidas livremente. Como será na Copa do Mundo?
LCF: Bebidas alcóolicas são vendidas apenas nos hotéis e nas Fan Zones. Nos estádios eu acho muito difícil que sejam comercializadas.
International Stadium (Foto: Mowa Press)
E como é a frequência dos torcedores nos estádios?
LCF: Os estádios são menores do que nos Emirados Árabes. E quando o campeonato vai chegando ao fim, os torcedores comparecem em peso para assistir aos seus times. O Al Rayyan, o Al Sadd e o Al Arabi sempre estão com os estádios lotados.
Como será resolvido o problema dos transportes?
LCF: Será construída uma rede de metrô de superfície, que liga a área de hotéis e estádios. Vamos construir uma ponte que vai ligar a capital do Qatar a do Bahrein. De carro, o espectadores vão chegar em uma hora e meia. De trem, os torcedores chegam em trinta minutos.
Qual é o ponto forte e o destaque negativo da campanha?
LCF: O ponto forte é que o Mundial será realizado em um lugar exótico, seguro e em um país pequeno. A Copa será compacta. Você não precisa nem mudar de hotel. Os contras são a temperatura, o sistema de transporte e hotelaria, que precisam melhorar.
FONTE: GLOBO