segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Alta temperatura é o maior desafio do Qatar para ser sede da Copa de 2022

Representante do comitê organizador diz que dificilmente o país permitirá a venda da bebidas alcóolicas nos estádios durante a realização do Mundial

Por Márcio Iannacca Rio de Janeiro

O Qatar está na briga para ser sede da Copa do Mundo de 2022. Além do país do Oriente Médio, Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e Austrália lutam para receber o Mundial. A escolha será na próxima quinta-feira, em Zurique, na Suíça. Porém, para atingir o seu objetivo, o país tem lutado para mostrar à Fifa que as altas temperaturas que castigam o local no período da competição não vão afetar os participantes do torneio. Para vencer a disputa, o comitê organizador tem batido na tecla de que os estádios e os locais de treinamento serão todos climatizados para abrigar um dos maiores eventos do planeta.

Estádio Rayyan Copa 2022Estádio do Al Rayyan vai receber painéis em seu entorno que exibirão imagens dos atleta (Foto: Divulgação)

O Qatar indicou 11 estádios à Fifa para receber o Mundial de 2022. De acordo com Luciana Ceccato Farah, diretora de artes e cultura do comitê organizador da candidatura do Qatar, o país está preocupado em dar as melhores condições aos jogadores e aos profissionais que visitaram o país durante a Copa do Mundo.

- A tecnologia para climatizar os estádios já existe. Durante a inspeção da Fifa, eles foram em um campo de treinamento que já contava com o sistema de refrigeração, alimentado por energia solar. A temperatura padrão que os locais são mantidos beiram os 23 graus, mas podem chegar até 19 graus - afirmou Luciana, que mora no Qatar há cinco anos e ingressou no comitê organizador por falar português.

GALERIA DE FOTOS: veja os estádios oferecidos pelo Qatar para a Copa de 2022

Em seu relatório de análise dos países candidatos, a Fifa demonstrou preocupação com a temperatura do país no período do Mundial.

- O fato de a competição estar planejada para junho/julho, os dois meses mais quentes do ano na região, é preciso ser considerado como possível risco à saúde para os jogadores, autoridades, representantes da Fifa e espectadores, e requer a tomada de precauções - apontou a Fifa em seu relatório, mas sem descartar nenhuma candidatura.

Outro dado que chama a atenção na candidatura do Qatar é a presença de ex-jogadores como embaixadores da campanha. O francês Zinedine Zidane, o espanhol Pep Guardiola, o holandês Ronald De Boer e o argentino Gabriel Batistuta, todos com passagens pelos principais clubes do país, cederam suas imagens para o comitê local. Além deles, o técnico Bora Milutinovic e o camoronês Roger Milla também fazem parte do processo.

Zidane e Ronald de Boer estão no Khalifa stadiumZidane e Ronald De Boer são embaixadores da campanha do Qatar (Foto: Divulgação / Twitter)

Os membros do comitê organizador do Qatar aproveitaram o amistoso entre Brasil e Argentina, no último dia 17 de novembro, para divulgar a candidatura do país. Além da presença de estrelas do quilate de Ronaldinho Gaúcho e Messi, que marcou o gol do triunfo dos hermanos por 1 a 0, alguns embaixadores como Zidane e De Boer também estiveram no Khalifa International Stadium, local destinado à abertura da Copa de 2022, caso o país seja escolhido pela Fifa.

Confira abaixo a entrevista com a representante do comitê organizador do Qatar:

GLOBOESPORTE.COM: Chegou o momento do Oriente Médio?

LUCIANA CECCATO FARAH: Está na hora de uma Copa do Mundo no Oriente Médio. A população tem loucura pelo futebol no Qatar. Para ele é como no Brasil. Os torcedores adoram a Seleção Brasileira.

O confronto entre a Seleção e a Argentina serviu para divulgar a candidatura?

LCF: Foi para mostrar que podemos organizar um grande evento. O mundo ainda não sabe que dá para se divertir muito no Oriente Médio, principalmente no Qatar.

O Qatar é um país religioso e as bebidas alcóolicas não são vendidas livremente. Como será na Copa do Mundo?

LCF: Bebidas alcóolicas são vendidas apenas nos hotéis e nas Fan Zones. Nos estádios eu acho muito difícil que sejam comercializadas.

Messi e Ronaldinho Gaúcho na partida entre Brasil e Argentina Ronaldinho Gaúcho e Messi duelaram no Khalifa
International Stadium (Foto: Mowa Press)

E como é a frequência dos torcedores nos estádios?

LCF: Os estádios são menores do que nos Emirados Árabes. E quando o campeonato vai chegando ao fim, os torcedores comparecem em peso para assistir aos seus times. O Al Rayyan, o Al Sadd e o Al Arabi sempre estão com os estádios lotados.

Como será resolvido o problema dos transportes?

LCF: Será construída uma rede de metrô de superfície, que liga a área de hotéis e estádios. Vamos construir uma ponte que vai ligar a capital do Qatar a do Bahrein. De carro, o espectadores vão chegar em uma hora e meia. De trem, os torcedores chegam em trinta minutos.

Qual é o ponto forte e o destaque negativo da campanha?

LCF: O ponto forte é que o Mundial será realizado em um lugar exótico, seguro e em um país pequeno. A Copa será compacta. Você não precisa nem mudar de hotel. Os contras são a temperatura, o sistema de transporte e hotelaria, que precisam melhorar.

FONTE: GLOBO