Mesmo com incidente, caso país seja escolhido pela Fifa, membro do comitê revela intenção de realizar algumas partidas na capital norte-coreana
A Coreia do Sul quer alçar voos mais altos do que em 2002, quando foi sede da Copa do Mundo em conjunto com o Japão. A expectativa do país agora é receber o Mundial de forma exclusiva em 2022. Correndo por fora na briga com os próprios nipônicos, Estados Unidos, Qatar e Austrália, os sul-coreanos têm uma preocupação latente: o eterno conflito com os norte-coreanos, que na última terça-feira realizou um ataque de artilharia à ilha habitada de Yeonpyeong, no lado sul do país. No incidente, quatro pessoas morreram.
Com um estande na Soccerex, convenção de negócios e futebol, realizada no Forte de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, na última semana, os coreanos estão na expectativa de que o incidente diplomático não atrapalhe uma possível escolha do país para ser sede da Copa do Mundo de 2022. Para Hyo Jin Ahn, relações internacionais do comitê organizador da Coreia do Sul, o país não deverá ter problemas com os norte-coreanos.
- Estou realmente surpreso, chocado, com tudo isso que aconteceu em nosso país. Espero que até o próximo dia 2, essa atitude da Coreia do Norte sirva de incentivo para unir ainda mais a candidatura. Realmente não sei se isso vai nos afetar negativamente perante a Fifa, mas eu espero que não - afirmou o sul-coreano.
Certa mesma é a intenção da Coreia do Sul com os vizinhos do Norte. O comitê organizador pretende oferecer dois ou três jogos do Mundial do lado norte-coreano. As negociações serão levadas adiante caso o país seja confirmado como sede da Copa de 2022, na próxima quinta-feira, na sede da Fifa, em Zurique, na Suíça.
- Não decidimos o número de jogos ainda porque ainda é muito prematuro. Temos conversado com eles sobre a realização da Copa e da possibilidade de alguns jogos em Pyongyang - disse Jin, revelando que os coreanos investiram cerca R$ 1,5 bilhão para lutar pelo Mundial.
A Coreia do Sul montou um estande na Soccerex
A Coreia do Sul indicou 14 estádios para receber a Copa do Mundo de 2022. Apenas um dos indicados ainda está em construção, segundo o representante do comitê organizador. O restante já está pronto caso o pais seja o escolhido pela Fifa na próxima quinta-feira.
Na última segunda-feira, o presidente de honra da Fifa, João Havelange, revelou que chegou a iniciar negociações com os governos das duas Coreias para realizar um amistoso contra a Seleção Brasileira, mas não teve tempo de concluir a ideia.
- O meu desejo era fazer um jogo de futebol entre a Seleção do Brasil e um time das duas Coreias. Um jogo em Seul e outro na capital da Coreia do Norte. Eu estaria presente nesse jogo ao lado do presidente do Brasil. Como o tempo passou, eu não tive a felicidade de ver esse encontro. Seria uma glória, não minha, mas do meu país - afirmou.
Confira abaixo a entrevista com Hyo Jin Ahn:
GLOBOESPORTE.COM: Por que a Coreia merece ser sede novamente de um Mundial?
HYO JIN AHN: A Coreia tem a experiência da Copa do Mundo de 2022. O país já está pronto para receber um Mundial. Não precisamos mostrar muita coisa. A onda vermelha do Mundial de 2002 foi uma forma de mostrar que o país estava unido pelo Mundial. Aquilo foi fantástico para a nossa imagem para o exterior.
O fato de já ter organizado uma Copa recentemente pode prejudicar na escolha da Coréia do Sul na próxima quinta-feira?
HJA: Creio que não. A Fifa sabe o que podemos fazer. Aquela onda vermelha em 2002 foi o que incentivou a Fifa a criar as Fan Fests.Tudo começou ali. A paixão do coreano pelo futebol também pode ser fundamental para a nossa vitória.
Qual o legado uma nova Copa do Mundo deixará para a Coreia do Sul?
HJA: Teremos uma grande mudança em nosso país, principalmente nas instalações esportivas. Não ficaremos com estádios vazios após o Mundial. A Fifa enfatiza muito essa questão e não teremos esse problema na Coreia.
O que pode significar para as duas Coreias uma Copa do Mundo no país?
HJA: É o único país que poderá ter uma Copa e conseguir a paz por conta de uma competição esportiva. As duas Coreias pode ficar juntas por essa competição. Uma guerra de 60 anos pode acabar por conta do futebol.
FONTE: GLOBO