sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Novo Mundial, novo herói: Inter tem candidatos a Gabiru

Clube repete 2006 e vai ao Mundial com jogadores vaiados pela torcida. Há quatro anos, Gabiru perdoou todo mundo

Por Alexandre Alliatti Porto Alegre

Adriano Gabiru Internacional arquivo
Cena inimaginável: Gabiru comemora gol do título

mundial do Inter (Foto: AP)

Era curioso ver aquela massa vermelha, no dia mais feliz da vida dela, gritando, em uníssono:

- Ah, uhu, me perdoa, Gabiru! Ah, uhu, me perdoa, Gabiru!

Aquele 17 de dezembro de 2006 redimensionou o conceito de maluquice futebolística para os colorados. Justamente no jogo contra o Barcelona, Fernandão sofreu lesão. Aí Abelão, cabeça dura, resolveu colocar Gabiru em campo. Gabiru! Contra o Barcelona! “Acabou”, pensaram pencas de colorados. Minutos depois, o meio-campista, odiado, faria o gol do título mundial do Inter. Viraria herói.

Adriano Gabiru trocou as vaias pela eternidade, substituiu as manifestações de raiva da torcida por pedidos de perdão. E perdoou. Para cada solicitação de desculpas, para cada cartaz de arrependimento pelas ruas de Porto Alegre, o meia respondeu com o perdão. O gol e a idolatria não alongaram a passagem dele pelo Beira-Rio. Durou pouco, mas o jogador ficou na história. E o Inter, quatro anos depois, tem candidatos a novos Gabirus: parecidos, mas jamais iguais.

Alecsandro Edu Wilson MatiasAlecsandro, Edu, Wilson Matias: candidatos a Gabiru (Foto: Montagem sobre foto da VIPCOMM)

Edu talvez seja o caso mais parecido. Embora seja, pessoalmente, o extremo oposto de Gabiru, a passagem dele pelo Beira-Rio tem semelhanças com a do herói de 2006. Ele, a exemplo de Gabiru, chegou ao clube gaúcho com pinta de grande contratação. Até agora, não engrenou. Na reserva, convive com a insatisfação da torcida.

A diferença é que Gabiru, em 2006, tinha todo o apoio de Abel Braga, e Edu, em 2010, anda esquecido por Celso Roth. Mas o jogador topa ser um novo Gabiru.

- Seria algo positivo para o time e para mim, porque o Inter seria campeão do mundo. Todo mundo pensa fazer um gol na final. Todo mundo comenta que o Gabiru, antes do Mundial, vivia uma situação difícil. O trabalho dele resultou em um gol no Mundial. Eu sigo na minha, trabalhando. O Celso não definiu a lista. Se eu estiver lá e tiver a oportunidade, espero realizar um bom trabalho e representar bem o Inter – disse Edu.

Alecsandro é outro caso parecido. Uma diferença básica é que ele é titular do Inter e já soma 51 gols pelo clube. Mesmo assim, a exemplo de Gabiru, pode ouvir pedidos de perdão em dezembro. Em recente entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, o centroavante comentou a semelhança das duas situações.

- São trajetórias diferentes, com chegadas diferentes. Com certeza, se eu fizer um gol no Mundial, não vou ser um Gabiru. Gostaria de ser um Gabiru. Quero ser o Gabiru de 2006. Quem não quer fazer um gol numa final de campeonato? Mas, com certeza, são situações diferentes. Já tenho gols muito importantes. Não numa final de Mundial, até porque não aconteceu ainda, mas tenho gols importantes, que levaram o Inter a uma final de Libertadores. Eu ficaria muito feliz em fazer um gol numa final de Mundial. Não ficaria triste com comparações. Não me sentiria diminuído, porque é um baita profissional, que tem que ser respeitado, porque fez o gol mais importante da história do Internacional. Se fosse comparado a ele, ficaria muito feliz.

Quase todos os titulares do Inter já foram vaiados pela torcida, talvez com as exceções de Guiñazu e Tinga. Deles, Renan e Wilson Matias são outros jogadores sistematicamente mirados pela torcida. Como Renan é goleiro, Matias, um volante, pinta como outra alternativa de novo Gabiru.

- As vaias a esses jogadores são injustas. Em 2006, tínhamos um jogador muito vaiado, e ele fez o gol do título mundial – lembrou o vice-presidente de futebol do Inter, Fernando Carvalho.

Para dois desses jogadores, o Mundial pode ser o último ato pelo Inter. Alecsandro, se voltar a receber propostas, deixará o clube. A diretoria já pensa em nomes para a função dele em 2011. Edu só pretende ficar no Beira-Rio se seu aproveitamento no clube mudar. São situações, claro, que sempre podem ser modificadas com um gol em Mundial...

fonte: globo