sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Cubano que pediu asilo no Pan do Rio tenta guiar Catar à decisão do Mundial

Rafael Capote foi um dos atletas do país caribenho que, em 2007, fugiram da Vila Pan-Americana. Naturalizado catari, joga semifinal na sexta contra a Polônia: "Sonho"

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Direto de Lusail, Catar

Quase oito anos depois de uma reviravolta na carreira, Rafael Capote se vê perto de ser campeão mundial de handebol. Ele foi um dos atletas de Cuba que fugiram da concentração do país durante os Jogos Pan-Americanos do Rio 2007 e pediram asilo no Brasil. O objetivo era ter melhores condições de vida e dar um salto no caminho profissional, já que não acreditava que seria possível crescer dentro do país natal. Depois de uma passagem de um ano pelo handebol brasileiro, o armador, de 27 anos, foi para a Europa, se naturalizou, e agora defende as cores do Catar no Mundial masculino que está sendo realizado no próprio país. 
A equipe anfitriã, que tem ao todo nove jogadores naturalizados, disputa nesta sexta-feira as semifinais contra a Polônia, às 13h30 (de Brasília), no Lusail Hall. O SporTV e o SporTV Playtransmitem ao vivo a competição.
Rafael Capote, do Catar (Foto: Matheus Tibúrcio)Rafael Capote abre o sorriso ao avistar jornalistas brasileiros no Lusail Hall (Foto: Matheus Tibúrcio)

TEMPORADA NO BRASIL
Três meses depois da fuga da Vila Pan-Americana, no Rio de Janeiro, Capote estreou pelo São Caetano, comandado pelo atual auxiliar técnico da seleção brasileira, Washington Nunes. Até hoje o armador cubano se lembra com muito carinho da sua estada no Brasil e admitiu que pensa num possível retorno à Cidade Maravilhosa nos Jogos Olímpicos do Rio 2016. Mesmo há muito tempo sem viver no Brasil, Capote mostrou que ainda sabe falar bem o português.
- Sinto saudade das amizades que deixei lá. Foi muita gente, e que até agora falo com eles, que continuaram me apoiando e seguindo a minha carreira. Eu penso nas Olimpíadas, mas ainda temos que jogar o Pré-Olímpico ou sermos campeões aqui. Mas aí já é mais complicado, mais difícil - disse Capote, bem-humorado.
Na temporada 2008-2009, o armador já estava de malas prontas para a Europa. Defendeu clubes da Itália, da França e da Espanha antes de assinar com o El Jaish, do Catar, em novembro de 2013. Por estar há mais de três anos sem jogar pela seleção cubana, ganhou a nacionalidade catari para vestir a camisa da equipe - a Federação Internacional de Handebol (IHF) estipula esse período de tempo para que um atleta possa jogar por outro país. O título asiático, no ano passado, foi a primeira conquista deste grupo que está disputando o Mundial em casa.
Jogando diante dos próprios torcedores, o Catar já fez bonito no torneio. Se tornou o terceiro time de fora da Europa a figurar nas semifinais. Os outros foram o Egito em 2001 (na edição seguinte a que foi sede) e a Tunísia em 2005 (ano em que foi anfitrião). O próximo passo é quebrar uma sequência de europeus nas três primeiras colocações. Desde a primeira edição, em 1938, seleções da Europa ficam com o ouro, a prata e o bronze nos Mundiais.
handebol rafael capote catar mundial (Foto: EFE)Camisa 9 do Catar, Capote já marcou 36 gols neste Mundial. Na equipe, só perde para Markovic, que tem 55 (Foto: EFE)
- Está sendo uma experiência muito legal. Temos a possibilidade de conseguir uma medalha para uma equipe de fora da Europa, então é algo muito bom. Tínhamos a intenção de chegar aqui e fazer um bom campeonato. Agora, até onde chegamos, acho que é um sonho. Não estava nas nossas expectativas. Mas estamos aqui (nas semifinais) e agora temos de tentar chegar o mais longe possível - afirmou o armador.
FONTE: GLOBO