quarta-feira, 12 de novembro de 2008

LEMBRA DELE? Nasa diz que Vasco atual precisa de um jogador como ele


Marcado por causa de gol contra no Mundial Interclubes, ex-volante diz que contagiava o time com sua raça e se refere a Eurico como 'esse cidadão'

Nasa vive hoje em Juazeiro do Norte (CE)
Um lance apenas já é capaz de fazer um jogador entrar para a história de um clube, mesmo que a carreira não tenha sido brilhante ou recheada de conquistas. É o que acontece com o vascaíno Cocada e o corintiano Tupãzinho, autores do gol do título no Carioca de 1988 e no Brasileiro de 1990, respectivamente.

Outros jogadores vão na direção oposta. Por mais que tenham sido vitoriosos, ficam eternamente marcados por um erro. Um exemplo é Toninho Cerezo e o passe para o italiano Paolo Rossi no Mundial de 1982.

O caso de Nasa é mais cruel. Ele esteve presente em todos os times do Vasco campeões entre 1997 e 2000 (veja tabela no fim da matéria), mas será sempre lembrado por um lance de azar: o gol contra no Mundial Interclubes contra o Real Madrid, no Japão, em 1998.

- Não deu tempo nem de pensar. O chute veio na minha direção, não tinha como tirar a cabeça. E se eu não cabeceio, e a bola entra? Iam me perguntar por que não tentei desviar - comenta o ex-volante, perto de completar 40 anos. - Por que o lateral não meteu o pé para evitar o chute? E quem deu o passe para Roberto Carlos? Foi o Seedorf.

As duas perguntas indicam quais foram, na opinião dele, os erros cruciais do Vasco na partida: substituir Válber por Vitor na lateral direita e inverter a marcação em Seedorf e Raúl. Nasa diz que passou todo o período de treinos no Japão se preparando para anular o holandês ("eu respirava o homem") e na preleção ficou sabendo que teria de colar no espanhol, trocando o posicionamento com Luisinho.

Confira o perfil de Nasa no Futpédia

O segundo gol do Real Madrid, com passe de Seedorf e falha de Vitor em disputa com Raúl, reforça a argumentação. No entanto, Antônio Lopes, o treinador na época, contesta essa versão:

- A nossa marcação era por zona, e não individual.

Nasa diz que nunca se abateu por causa do lance e que lembra com saudade do período no Japão - apesar do longo tempo de preparação, naquele que foi o terceiro erro vascaíno, segundo ele.

- Ficamos mais de 20 dias no Japão, sem necessidade. Estávamos longe da família, foi um martírio. Todos os jogadores comentaram isso. Culpa do Eurico, né? Foi ele que decidiu isso.


Nasa triste por Dinamite

Essa é a única vez na entrevista em que Nasa cita o nome do ex-presidente do Vasco. Nas outras, fala em "esse cidadão" e reclama da falta de abertura para diálogo. A luta do time contra o rebaixamento no Brasileirão entristece Nasa por ser no ano em que Roberto Dinamite assumiu o poder no lugar "desse cidadão". Ele acha que a situação poderia ser outra se houvesse no atual meio-campo um outro Nasa.

Divulgação/Arquivo Pessoal
O ex-volante vascaíno posa com os filhos
- Falta um jogador com as características do Nasa. Uma andorinha só não faz verão, mas já faz diferença. Todos se contagiam quando vêem um jogador correndo, dando carrinho, jogando no limite e só descansando após o apito final.

Nasa, que se considera um iluminado por Deus, voltaria a participar de um lance azarado após a partida contra o Real. Na final do Campeonato Carioca de 1999, é nele que desvia a bola da cobrança de falta de Rodrigo Mendes. O gol determinou o título do Flamengo, graças à vitória por 1 a 0 sobre o Vasco.

O ex-volante define como tranqüila a sua relação com a torcida cruzmaltina, embora reconheça que há quem não goste dele por causa do "acidente no Japão", como se refere ao gol contra. No mural que está montando na sua casa com fotos da época de jogador, estão momentos que fazem referência aos seis títulos na época de Vasco. Os que despertam mais saudade são os do Brasileirão de 1997 e da Taça Libertadores de 1998.


'Tenho consciência da minha importância'

Em ambos, Nasa e Luisinho eram os cães de guarda do técnico Antônio Lopes. Graças ao poder de marcação de ambos, ganhavam liberdade jogadores como Felipe, Ramon e Juninho Pernambucano.

- Eu dizia ao Felipe: "Vai embora (para o ataque) e volta respirando" - exemplifica o ex-jogador.

Nasa faz um balanço positivo de sua passagem por São Januário, que durou de 1997 a 2001.

- Sei que minha participação está mais em crédito do que em débito. Tenho consciência da importância que tive.

Atualmente dono de uma academia de ginástica, Nasa defendeu ainda Santa Cruz-PE, América-PE, Icasa-CE, Guarani-CE, Ferroviário-CE, União São João-SP, Comercial-SP, Moto Clube-MA, Madureira-RJ e Yokohama (Japão). Mora em Juazeiro do Norte (CE), onde realiza no fim do ano uma pelada beneficente com o amigo Ronaldo Angelim, zagueiro do Flamengo.


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FONTE: GLOBO