Técnico faz longo discurso em sua apresentação, pede paciência à torcida do Galo e descarta qualquer pressão para que o Alvinegro conquiste títulos
Com a derrota de Marcelo Teixeira nas eleições presidenciais do Santos, a saída de Vanderlei Luxemburgo virou uma certeza. Antes mesmo de o Campeonato Brasileiro chegar ao fim, o técnico já era alvo de especulações que davam como provável a sua ida para o Internacional. Mas após a frustrante reta final do Atlético-MG na competição, primeiramente ficando longe do título, depois deixando escapar uma vaga na Taça Libertadores de 2010, a diretoria do Galo agiu rapidamente, e Luxemburgo foi anunciado pelo presidente Alexandre Kalil na última terça-feira, via Twitter, como a primeira grande contratação para a próxima temporada.
Apresentado nesta quarta-feira, na sede administrativa do clube, em Lourdes, Luxemburgo optou por começar a entrevista coletiva de maneira diferente. Antes de atender aos jornalistas, fez um longo discurso para, entre outras coisas, explicar por que escolheu trabalhar em Belo Horizente, e não em Porto Alegre - o Colorado, vice-campeão brasileiro, vai disputar a Libertadores, torneio que sempre foi uma obsessão do treinador.
Afirmando que não vai carregar sob os ombros o peso de o clube não conquistar um título nacional desde 1971, quando foi campeão da primeira edição do Brasileirão, ele elogiou a estrutura do Galo e, à sua maneira, resumiu o que podem esperar de sua passagem no Alvinegro:
Com a derrota de Marcelo Teixeira nas eleições presidenciais do Santos, a saída de Vanderlei Luxemburgo virou uma certeza. Antes mesmo de o Campeonato Brasileiro chegar ao fim, o técnico já era alvo de especulações que davam como provável a sua ida para o Internacional. Mas após a frustrante reta final do Atlético-MG na competição, primeiramente ficando longe do título, depois deixando escapar uma vaga na Taça Libertadores de 2010, a diretoria do Galo agiu rapidamente, e Luxemburgo foi anunciado pelo presidente Alexandre Kalil na última terça-feira, via Twitter, como a primeira grande contratação para a próxima temporada.
Apresentado nesta quarta-feira, na sede administrativa do clube, em Lourdes, Luxemburgo optou por começar a entrevista coletiva de maneira diferente. Antes de atender aos jornalistas, fez um longo discurso para, entre outras coisas, explicar por que escolheu trabalhar em Belo Horizente, e não em Porto Alegre - o Colorado, vice-campeão brasileiro, vai disputar a Libertadores, torneio que sempre foi uma obsessão do treinador.
Afirmando que não vai carregar sob os ombros o peso de o clube não conquistar um título nacional desde 1971, quando foi campeão da primeira edição do Brasileirão, ele elogiou a estrutura do Galo e, à sua maneira, resumiu o que podem esperar de sua passagem no Alvinegro:
- Se trabalharmos direito, os títulos vão surgir. (...) E, acima de tudo, a recuperação da grandeza do Atlético-MG. Vim para buscar isso. É um clube grande, que não pode se dar o luxo de entrar em uma competição achando que vai apenas participar por participar.
ACERTO - Esse namoro já vem de um longo tempo. Todas as vezes que surgia uma oportunidade, discutíamos e falávamos da possibilidade, mas nunca chegamos a concretizar (o acerto). Desta vez, tinha acertado com o Marcelo Teixeira que, se ele continuasse como presidente do Santos por mais um biênio, eu discutiria uma renovação de contrato com o Santos. A oposição já havia anunciado que não gostaria de continuar comigo, então não ficaria preso.
Havia as possibilidades do Inter de Porto Alegre, de um clube da Rússia e do Atlético Mineiro. O Kalil foi conversar comigo e me mostrou coisas que eu já conheço. No futebol não tem muita novidade. Você sabe tudo o que está acontecendo nos clubes, porque devemos estar bem-informados. Estive duas vezes na Cidade do Galo. Uma com o Palmeiras, a outra com o Santos. Sabia que o clube estava construindo um centro de treinamento muito bom.
Havia as possibilidades do Inter de Porto Alegre, de um clube da Rússia e do Atlético Mineiro. O Kalil foi conversar comigo e me mostrou coisas que eu já conheço. No futebol não tem muita novidade. Você sabe tudo o que está acontecendo nos clubes, porque devemos estar bem-informados. Estive duas vezes na Cidade do Galo. Uma com o Palmeiras, a outra com o Santos. Sabia que o clube estava construindo um centro de treinamento muito bom.
CRÉDITO - Recebi informações de que o Atlético, com a chegada do presidente Kalil, readquiriu credibilidade. As informações que nós pegamos com os atletas que jogaram e jogam aqui, profissionais que passaram por aqui nesta temporada, são de que o clube cumpriu todos os seus compromissos financeiros. O pagamento sai no primeiro dia de cada mês. Ninguém quer trabalhar e não receber. Somos profissionais, trabalhamos e queremos ser pagos por isso. Então, soube que o clube havia mudado, e que hoje todos os compromissos firmados são cumpridos.
AMBIÇÃO
- Acima de tudo, é a recuperação e a busca de grandeza do Atlético. É um clube grande, que não pode se dar o luxo de entrar em uma competição achando que vai apenas participar por participar. A ambição de conquista do torcedor, do dirigente e de quem trabalha aqui tem de estar constantemente viva. Percebi nesta temporada que o time brigou na elite do futebol brasileiro. Não se classificou para a Libertadores e não conquistou o título porque só um pode ser campeão, apenas quatro se classificam para a Libertadores. De repente, por causa de um percalço ali, outro ali, a equipe não conseguiu aquilo que projetou. Não quero discutir isso porque não estava aqui. Mas o Atlético brigou e incomodou.
PROJETO
- Não existe nada na vida que você consiga realizar sem ter projeto e planejamento. Tenho 57 anos de idade e 44 de futebol, ou seja, estou há muito tempo nisso. Cobro constantemente dos dirigentes que eles têm de criar projetos, fazer planejamento, tratar o clube profissionalmente. Se você aparece com um projeto de três ou quatro meses é porque a torcida está carente e precisa que o time ganhe alguma coisa ontem. Meu contrato começa no dia 1º de janeiro, e não vou carregar nas costas nenhum peso de 37 anos. Tenho um projeto de dois anos, e eu vou ganhar, sim, neste período. Não tenho dúvidas.
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- Alguma coisa muito boa vai acontecer com o Atlético. Agora, não tenho a obrigação de ganhar o primeiro campeonato (o Estadual de 2010), até porque minha história mostra isso muito bem. Cheguei ao Cruzeiro e não ganhei o primeiro (o Brasileirão de 2002). Estivemos na zona de rebaixamento durante um período, ganhei os últimos cinco jogos e quase classifiquei o time para as oitavas de final do Campeonato Brasileiro. Mas aquela equipe que quase esteve para cair em algum momento, na sequência (em 2003), conquistou a Tríplice Coroa. Porque tinha um projeto.
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- Sempre digo que um campeão você constrói na derrota, quando tem o discernimento de absorver a derrota. Quando isso não existe, você é um perdedor. A derrota também pertence ao grande desportista, e o importante é perder muito menos do que ganhar. A minha história é 80% de vitórias e 20% de derrotas. Quando perco esses 20%, procuro amadurecer e saber que mais para frente tem alguma coisa muito boa para acontecer.
O projeto apresentado pelo Kalil e a proposta profissional que ele me passou se encaixam no meu perfil. É preciso ter um centro de treinamento onde eu possa preparar um atleta para jogar futebol. Se você não tem isso, não consegue preparar ninguém. No futebol, o CT é o coração de um clube, onde você começa a ganhar um jogo, a conquistar um campeonato. E o CT do Atlético, hoje, é um dos melhores da América do Sul, baseado no que conheço de outros clubes. Então, eu já tenho um local importante para gerir o futebol.
COMPROMETIMENTO - Duas coisas importantes são a credibilidade e o respeito com que o profissional tem de vir para cá. O Atlético cumpre com aquilo que é acordado, então o funcionário é obrigado a se doar ao máximo, cem por cento. A partir do momento em que você fala para o funcionário "Olha, nós temos de ganhar o jogo porque estamos com o salário atrasado. Se ganharmos, de repente vai sair daqui a 15 ou 30 dias, mas temos de ganhar o jogo".... Bom, isso não funciona. O que dá resultado é chegar e falar: "Olha aqui, vocês têm a obrigação de ganhar e render cem por cento porque vocês são pagos religiosamente em dia para cumprir a profissão." Assim se começa a criar uma filosofia diferente.
FÓRMULA DO SUCESSO - Quatro fatores que são fundamentais: disciplina, união, trabalho e profissionalismo. Com tudo isso jogando junto, não tenho dúvidas de que vamos ser vencedores. Agora, não dá para afirmar que eu vou ganhar a primeira competição... Eu quero ganhar sempre, porque não gosto de perder. Me incomoda. Mas no fim das contas, que eu vou ganhar, vou. Disso não tenho dúvidas. Minha história foi assim no Palmeiras, no Corinthians, no Bragantino e no Cruzeiro.
PACIÊNCIA - Precisamos ter inteligência para saber que existe um projeto de dois anos. E que este tem de ser muito sólido para que possamos conquistar. Caso contrário, uma derrota vai doer muito mais do que, por exemplo, vinte vitórias que tivermos numa competição. Ela vai te bater muito mais pesado, vai te ofuscar e impedir de ganhar lá na frente. Por isso tenho muita tranquilidade. Não vou prometer ao torcedor do Atlético que vou ganhar títulos. Mas eu vou ganhar.
PROMESSA DE TRABALHO - Vim para trabalhar, e é através do trabalho que não tenho dúvidas de que serei vencedor. Se trabalharmos direito, com critério, de uma maneira muito bem-feita, os títulos vão surgir. E não quero título que vai me satisfazer pouco. O Atlético e qualquer grande clube têm de pensar em grandes conquistas.
Almejo o Campeonato Mineiro, sim, porque não é uma competição rural, mas sim algo importante. Mas dentro da estrutura de um clube que quer chegar a algum lugar, as conquistas têm de ser a Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro, adquirir o direito de disputar a Libertadores, porque é neste torneio que está a elite do futebol sul-americano.
Brasileirão, Libertadores e Mundial... Se todos pensarem dessa forma, a tendência é a coisa acontecer. Estou aqui porque percebo que podemos fazer muitas coisas boas. Conquistar títulos através do trabalho.
fonte globo