quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Ceni dribla lesão, brilha no retorno aos gramados e volta a ser campeão


Com segurança, goleiro voltou em alto nível após ficar seis meses parado, renovou por mais um ano e agora mira o tri da Libertadores

Por Marcelo Prado e Alexandre Lozetti
São Paulo
30 comentários
 Rogério Ceni. Nome que lembra conquistas, recordes, idolatria de 15 milhões de são-paulinos. Quis o destino que, aos 39, o goleiro escrevesse um capítulo de superação para vencer o momento mais difícil dos seus 22 anos de carreira. A grave lesão no ombro direito, sofrida durante a pré-temporada no CT de Cotia tirou o capitão dos gramados por seis meses e trouxe à tona enormes dúvidas: Ceni voltaria a jogar futebol? Retornaria jogando em alto nível?
Foram oito, nove horas por dia na sala de fisioterapia. Apesar de tudo que já viveu no futebol, Ceni tinha uma disposição que impressionava a todos, principalmente os mais jovens, como Lucas e Wellington. O volante, que também se recuperava de uma lesão no joelho esquerdo, fez uma aposta com o veterano: quem voltasse mais cedo, ganharia uma camisa autografada do concorrente. É claro que Ceni voltou antes.
Rogério Ceni, São Paulo e Tigres (Foto: Agência EFE)Rogério Ceni: campeão mais uma vez com a camisa do São Paulo (Foto: Agência EFE)
A "reestreia" ocorreu no dia 29 de julho, na goleada por 4 a 1 sobre o Flamengo. Nesse momento, o desafeto Emerson Leão já havia sido demitido. Ceni reencontrou o São Paulo nas mãos de Ney Franco. E, após ter convivido com a insegurança em algumas partidas, o goleiro voltou a mostrar tudo o que sabe.
Teve grandes atuações, fez gols (um deles contra o Bahia, de falta, pela Copa Sul-Americana) e voltou a ser o comandante que uma titubeante equipe necessitava em campo. No meio do caminho, chegou a se estranhar com Ney Franco por não concordar com uma substituição durante a partida contra a LDU de Loja, pela Copa Sul-Americana, mas nada que não fosse consertado na base da conversa. A coroação de um ano que parecia perdido veio com o inédito título. O capitão voltou a erguer uma taça após quatro anos.
– O legal é a história, são os quadros que você deixa na parede do CT, do Morumbi e na casa dos são-paulinos. Eu tinha quadros com Waldir Peres, Zetti... O São Paulo tem a torcida que mais cresce no Brasil devido aos títulos que ganha.
Mesmo fechando o ano com uma conquista, Ceni mantém os pés no chão e deixa claro que o São Paulo termina a temporada em débito com o seu torcedor.
– Fomos semifinalistas no Campeonato Paulista, o que é uma obrigação. Na Copa do Brasil, paramos na semifinal. No Campeonato Brasileiro, reagimos muito tarde, mas pelo menos conseguimos atingir o objetivo de garantir vaga na Libertadores. Pela grandeza do São Paulo, sempre temos de pensar em títulos. Por isso, que falo que o ano foi apenas razoável.
– Esse título traz confiança, é legal, mas temos de evoluir. Com a ausência do Lucas, temos de remontar o time para o ano que vem, temos de ser mais fortes. Ainda estamos abaixo do Fluminense, por exemplo. O Corinthians também está há mais tempo junto, mesmo que tenhamos os vencido no Brasileiro.
O desempenho em campo foi tão elogiado que Ceni aceitou o desafio de esticar sua carreira por mais uma temporada. Se der tudo certo, baterá o recorde de Pelé, que atuou em 1.114 partidas oficiais pelo Santos. Na vitória sobre o Tigre, o defensor entrou em campo pela 1.049ª vez. O capitão garante: 2013 será o seu último ano. E, com a Libertadores na alça de mira, projeta o que espera da temporada que começará no mês que vem.
– Conquistar uma Libertadores pela terceira vez seria algo fantástico, coisa que nem Pelé conseguiu. Aí seria algo a ser comemorado. Teremos dificuldades, tenho muita preocupação que esse título possa mascarar alguns defeitos que temos. Mas vamos brigar. É o que o torcedor são-paulino espera.
FONTE: GLOBO