Meia faz gol e assistência no jogo que não terminou em campo, mas que deu ao Tricolor a conquista da Sul-Americana. 'Um dia, eu vou voltar', diz ele
Por Diego Ribeiro e Marcelo Prado
São Paulo
112 comentários
Não fosse pela confusão com os jogadores do Tigre, que se recusaram a voltar para o segundo tempo, manchando a decisão da Copa Sul-Americana, a despedida de Lucas do São Paulo teria sido um adeus dos sonhos. O atacante, vendido para o Paris Saint-Germain pelo equivalente a R$ 115,5 milhões, valor recorde para um clube brasileiro, fez um gol e deu uma assistência na vitória do Tricolor por 2 a 0, no Morumbi, destancando-se como a grande estrela do inédito título do clube paulista.
Antes mesmo de a bola rolar, a torcida já agradecia ao jogador, que teve pouco mais de dois anos de equipe profissional. Nas arquibancadas, um mosaico com a mensagem "Obrigado, Lucas". Um pouco mais à esquerda, um balão subiu com uma foto do jogador.
Assim que a bola rolou, Lucas percebeu que seria caçado em campo. Com um minuto de jogo, sofreu uma falta e, no chão, recebeu um pisão nas costas do lateral rival Orban. Levantou, não reclamou e foi para o jogo. Vigiado por até três marcadores, tinha pouco espaço, mas mesmo assim, conseguia aplicar seus dribles. Até que, aos 22 minutos, surgiu o momento que ele tanto esperava. Após passe de Willian José e chute travado de Jadson, quis o destino que a bola sobrasse para a estrela da noite, que teve categoria, limpou os marcadores e bateu cruzado, no canto direito de Albil. Na corrida para a comemoração, o abraço dos rivais e o choro, tão constante nesses últimos dias.
Mas o show estava só começando. Minutos depois, Lucas realizou um novo ato no seu espetáculo ao dar passe primoroso para Osvaldo, que cara a cara com o goleiro adversário, bateu por cobertura e fez um belo gol: 2 a 0 e título praticamente conquistado. Com tudo perdido, os argentinos resolveram apelar novamente. Primeiro, derrubaram Lucas com um carrinho. Em seguida, Orban acertou uma nova cotovelada no são-paulino, que desabou com o nariz sangrando. Após ser atendido, voltou a campo e continuou sendo ameaçado.
Quando Enrique Osses apitou o fim do primeiro tempo, os argentinos cercaram a joia são-paulina. O lateral Orban estava indignado porque Lucas, ironicamente, lhe ofereceu o algodão sujo de sangue que estava no seu nariz. Isso criou uma briga generalizada que teve extensão até o vestiário e provocou o encerramento prematuro da partida.
Lucas não estava nem aí. Após aproximadamente 30 minutos de tensão, veio a confirmação de que o jogo estava encerrado e o São Paulo havia sido decretado campeão. O camisa 7 correu feito um louco e foi ovacionado mais uma vez pela torcida. No palco montado rapidamente, foi abraçado por todos os companheiros, membros da comissão técnica e dirigentes. Recebeu o prêmio de melhor jogador da partida e ganhou sua medalha. Quando aguardava o capitão Rogério Ceni erguer a taça, recebeu um presente que talvez explique a importância que ele, o mais recente ídolo, adquiriu. Ganhou a tarja do camisa 1 e o direito de levantar o troféu, para delírio dos mais de 67 mil presentes.
Depois, sozinho no palco, pegou um microfone e fez um rápido discurso.
- Eu queria agradecer o carinho e o amor de vocês, se não fossem vocês eu não teria o prazer de entrar com essa camisa. Esse título é para vocês. Eu amo o São Paulo e um dia vou voltar a jogar por esse clube – afirmou.
A torcida aguarda ansiosa. Au revoir, Lucas!