Goleiro Aranha foi vítima de ofensas por parte de torcedores do Grêmio, nesta quinta; Paulo Schmitt diz que, "na pior das hipóteses", abrirá inquérito para apuração
As atitudes racistas de torcedores gremistas contra o goleiro Aranha, do Santos, na vitória santista por 2 a 0, nesta quinta-feira, na Arena, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, não devem passar impunes, ao menos na esfera esportiva. O procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schmitt, afirmou que irá solicitar provas e imagens da partida para investigar o episódio.
- Vamos solicitar imagens e outras provas para análise. Na pior das hipóteses, iremos requerer instauração de inquérito - afirmou, por meio de sua assessoria, ao GloboEsporte.com.
O ato de racismo partiu da arquibancada posicionada atrás da meta defendida pelo goleiro, e levou o camisa 1 do Peixe a paralisar a partida, aos 42 do segundo tempo, para reclamar a Wilton Pereira Sampaio (veja no vídeo acima). Apesar da denúncia, o árbitro não relatou o episódio na súmula do jogo. O canal ESPN flagrou uma torcedora gritando "macaco" em direção ao goleiro, atitude que gerou grande revolta nas redes sociais.
Procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt irá solicitar imagens do episódio (Foto: Edgard Maciel de Sá)
Após a vitória, Aranha se manifestou sobre o ocorrido.
- Começaram a me chamar de "preto fedido", a gritar "cambada de preto". Fiquei nervoso, mas me segurei. Mas aí começou coro de macaco, eles imitando. Fizeram rapidinho, para não dar tempo de filmar. Fico nervoso com essas coisas. Não me sinto impotente. Hoje, graças a muito esforço e luta, há leis. No futebol, o torcedor usa várias maneiras para desestabilizar o jogador. Mas sou cara com idade boa, experiente. Não vou deixar de jogar meu futebol por causa de manifestação de torcedor - afirmou.
O Grêmio também se posicionou contra a atitude e criticou a manifestação dos torcedores. O clube afirma que irá fazer o possível para identificar os envolvidos para evitar que seja prejudicado com punições como perdas de mando de campo.
- Não vamos compactuar com o racismo, mas o Grêmio não pode ser punido por um ato individual. A administração da Arena tem todas as condições de buscar a identificação. Assim que for encontrado, vai punir e tomar as medidas necessárias - afirmou o assessor de futebol Marcos Chitolina.
Aranha reclama de insultos ocorridos na Arena do Grêmio (Foto: Diego Guichard)