sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Pivôs ou armadores? Splitter, Varejão e Nenê mudam em prol da equipe

Bom momento do trio faz Magnano priorizar jogo dentro do garrafão, mas sem esquecer as variações táticas. Estatísticas da temporada têm altos e baixos

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Direto de Granada, Espanha
    Do elenco brasileiro que vai disputar a Copa do Mundo da Espanha, três jogadores chegam à competição com status de estrelas da equipe. E todos da mesma posição. O trio de pivôs da NBA Tiago Splitter (Spurs), Nenê (Wizards) e Anderson Varejão (Cavs) promete dar muito trabalho às defesas adversárias. O moral está tão elevado que o técnico Rubén Magnano conseguiu implementar um novo conceito de jogo ao diminuir o número de arremessos do perímetro, passando a ser mais presente dentro do garrafão. 
    Como antídoto ao tripé, os oponentes tendem a observar mais esse setor e achar uma forma de não deixá-los jogar dentro da área pintada. Para não se tornar previsível e facilmente marcado, o Brasil vem treinando bastante a rotação de seu quinteto, fazendo a bola passar pelos "grandalhões" e ser devolvida rapidamente aos armadores ou laterais. Na cabeça de Magnano, esse tipo de lance será recorrente nas partidas, o que os tornam verdadeiros armadores.
    - Com certeza, as equipes vão entrar em quadra pensando no garrafão do Brasil e, taticamente, vão tratar de fechá-lo. Esse garrafão tem que ter habilidade de fazer o time jogar. Curiosamente, o jogo pode vir de dentro para fora, ele vão fazer o retorno de jogo, falo entre aspas, pois não sei o que vai acontecer. Nem sempre vão pontuar, mas serão armadores. Assim como nossos jogadores têm que passar (a bola) para o garrafão, eles lá de dentro têm que ter a leitura de passar a bola para os que estão desmarcados - declarou Magnano.
    Boa temporada de Splitter e Nenê deverá fazer com que garrafão brasileiro seja muito marcado pelos rivais (Foto: Fabio Leme)
    Boa temporada de Splitter e Nenê deverá fazer com que garrafão brasileiro seja muito marcado pelos rivais 
    (Foto: Fabio Leme)

    Em alta após seu primeiro título na NBA com o San Antonio Spurs - único brasileiro a conseguir tal feito -, Splitter admite sentir a atenção redobrada em cima dele, de Varejão e de Nenê durante as partidas preparatórias, mas confia na qualidade técnica de seus companheiros e nesse novo estilo de jogo:
    - Quase em todos os jogos que estamos fazendo agora temos recebido marcação dupla. Acaba que sobra um jogador, e precisamos saber encontrá-lo livre. Não é muito difícil fazer isso, mas no calor do jogo fica mais complicado. Acho que todo mundo tem essa capacidade, Nenê passa muito bem, Anderson também sabe jogar muito bem nessa posição. Vai ser uma das armas do time, nós estamos mostrando isso. Nossa capacidade é boa, mas todo mundo tem que jogar bem para fazermos um bom campeonato.
    A princípio na reserva de Splitter e Nenê, Anderson Varejão entende que a boa leitura de jogo é fundamental para a rotação funcionar e o grupo ganhar confiança.
    - Sabemos e imaginamos que é algo que os adversários comentam, mas o importante é sabermos usar isso da melhor maneira possível para ajudar a seleção brasileira. Sabemos do potencial que temos dentro do garrafão, com os pivôs que temos, uns que jogam de frente para a cesta, outros que jogam dentro para conseguir brigar pelos rebotes e fazer bem os bloqueios também. É importante para dar moral para o grupo - comentou Varejão.
    Varejão faz o papel de armador, à procura dos laterais, em treino da seleção brasileira (Foto: Fabio Leme)Varejão faz o papel de armador à procura dos laterais em treino da seleção brasileira (Foto: Fabio Leme)











    TEMPORADA DO TRIO DA NBA TEM ALTOS E BAIXOS
    Badalados na seleção, Tiago Splitter, Nenê e Anderson Varejão têm números que oscilam em suas participações nesta temporada da NBA. Em termos de comparação entre eles, Splitter é o grande vitorioso da turma, já que conquistou o título com os Spurs. O número de 59 jogos dos 100 de sua franquia (59%) só não foi maior por causa de uma lesão no ombro.
    - É um momento bom na minha carreira tanto na questão física quanto na do amadurecimento, entender o jogo, estar em um time bom, que está disputando títulos. Então, para mim, foi um ano maravilhoso de acabar sendo campeão. Espero continuar nesse momento, pois não é sempre que você consegue jogar bem e feliz - analisou Tiago.
    Já Nenê esteve presente em 53 dos 93 compromissos dos Wizards (57%), que perderam na semifinal da Conferência Leste para o Indiana Pacers. O brasileiro ficou muito tempo ausente devido a uma lesão no joelho. Varejão foi o que mais atuou com os Cavs (79.3%), apesar de sua equipe ter sido a única das três a cair antes dos playoffs. Foram 65 apresentações em 82 rodadas. Dos três, Nenê foi o que teve a maior média de tempo em quadra. Os seus 29.2 minutos foram superiores aos 27.4 de Varejão e aos 21.3 de Splitter, que diminuíram sua minutagem de partida em relação ao ano anterior.
    Tiago Splitter Spurs NBA (Foto: AFP)Tiago Splitter, campeão da NBA 2013/14 com o San Antonio Spurs NBA (Foto: AFP)
    O jogador do Washington voltou a liderar nas estatísticas como o melhor aproveitamento dos arremessos de quadra com 53.1%, superior à temporada 2012/2013, porém, sua terceira pior marca nos 13 anos na NBA. Foi dele a melhor média de pontos, com 14.2. Splitter aparece com 52.3%, pior marca em seus quatro anos de liga, e 8.2 pontos. Os 49.5% de Varejão também não foram os melhores de sua história, mas o pivô melhorou em relação aos 47.8% da temporada anterior, que registrou 8.4 pontos de média.
    - Foi um ano bom, passei por várias situações diferentes, comecei como titular, fui para o banco e depois titular de novo, mesmo não sendo uma coisa com que me preocupo muito. O que vale é ser importante para o time e estar em quadra no final. Foi uma temporada de altos e baixos, o que é normal para qualquer jogador. Eu diria que foi uma boa, mas não excelente - avaliou Varejão, que perdeu alguns compromissos por conta de uma hiperextensão no joelho esquerdo.
    No quesito rebote, Anderson aparece como o primeiro do trio, com média de 9.7, o melhor dos Cavs na temporada, enquanto Splitter vem na sequência com 6.2, e Nenê em terceiro com 5.5, abaixo dos 6.7 da edição passada, quando atuava menos. 
    Com a marcação muito em cima por parte dos adversários, Magnano quer que seus pivôs saibam jogar como verdadeiros garçons. Nesse fundamento, Nenê está mais sólido. Nos últimos dois anos, o camisa 13 elevou seus números. Hoje, é responsável por quase três passes decisivos por jogo. Anderson, com 2.2, e Splitter, com 1.5, precisarão crescer.
    O Brasil estreia na Copa do Mundo da Espanha em duelo com a França, às 13h (horário de Brasília), com transmissão do SporTV e Tempo Real do GloboEsporte.com.
    fonte: globo