Dupla se reforça e deve estender domínio pelo sexto ano consecutivo. Bávaros tiram Lewandowski do rival, negociam Kroos, mas se preocupam com o preço do sucesso
A Bundesliga 2014/2015 começará nesta sexta-feira sob um efeito propulsor da Copa do Mundo. Os embalos do título da Alemanha no Brasil colocam Bayern de Munique, Borussia Dortmund e os demais coadjuvantes em ainda maior evidência em relação ao que já acontecera nas temporadas anteriores. É natural atribuir o sucesso no Mundial ao esforço realizado há mais de uma década num país que hoje colhe o que plantou: estádios lotados, atmosfera invejável - com salsichões e cerveja - e muitos craques desfilando pelos gramados, por mais que haja uma concentração nos dois gigantes.
Os bávaros, atuais bicampeões, serão os responsáveis por abrir o torneio, contra o Wolfsburg, às 15h30 (de Brasília), numa noite especial na Allianz Arena. Está prevista uma pequena homenagem a Manuel Neuer, Philipp Lahm, Jérôme Boateng, Bastian Schweinsteiger, Mario Götze e Thomas Müller, os representantes do Bayern na seleção alemã. Mais de 200 países transmitirão a estreia.
- A conquista da Copa do Mundo e a presença das nossas estrelas foram o melhor anúncio para o futebol alemão – resumiu Christian Seifert, CEO da Bundesliga.
Pep Guardiola com Lahm, Schweinsteiger e Müller: campeões do mundo serão homenageados (Foto: Facebook)
A expansão já atravessa oceanos. No início do mês, o Bayern inaugurou um escritório em Nova York, por onde passou em sua pré-temporada. Os Estados Unidos estão cada vez mais interessados no futebol alemão, como prova o multimilionário contrato televisivo que entrará em vigor a partir do próximo ano, recheando ainda mais os cofres dos clubes.
SAIBA MAIS
O Borussia Dortmund, por sua vez, anunciou novo acordo com patrocinadores e não quer investir o dinheiro em contratações para tentar atingir um elenco do nível do rival - prefere pensar em longo prazo, focado em levar sua marca para a Ásia. O continente é o alvo predileto também do Bayer Leverkusen, que tem como estrela o atacante coreano Son, e do Schalke 04.
Em nível nacional, os clubes gozam de prestígio com o torcedor: mais de 470 mil bilhetes para toda a temporada foram vendidos. O Borussia lidera a lista com 55 mil, número que só não é maior por opção do próprio clube, de olho nos fãs que não vivem em Dortmund e viajam para um jogo específico. O Schalke (43 mil) e Bayern de Munique (38 mil), que recentemente aumentou a capacidade de seu estádio, vêm logo atrás.
Casa cheia: Borussia Dortmund abriu a temporada com o título da Supercopa no Signal Iduna Park (Foto: Reuters)
TETRA-TRI?
Ganhar a Bundesliga por três vezes consecutivas é um feito e tanto, mas não seria uma novidade para o Bayern (campeão em conjunto em 72/73/74, 85/86/87 e 99/00/01). Em muitas oportunidades, o fracasso é explicado pelo marasmo pós-sucesso. É um dos temores apontados por dirigentes bávaros:
- Os nossos campeões precisam ter muito cuidado ao lidar com o sucesso. Precisam ser exemplo e devem continuar sendo jogadores de futebol, não astros do show business – disse o gerente-geral e ex-atleta Matthias Sammer.
O Bayern vem de dois títulos fora da curva, o último deles garantido matematicamente em março - um recorde absoluto. O CEO Karl-Heinz Rummenigge sabe que dificilmente a história se repetirá à risca:
- Tivemos duas temporadas excepcionais, ao contrário de tudo que havia acontecido antes. Você simplesmente não pode repetir por vontade própria. Não é um alvo declarado ganhar o título pela maior margem possível, não estamos interessados nas estatísticas. Apenas queremos o título.
Herói do título, Götze deverá ter chances como titular neste início de temporada no Bayern (Divulgação / Facebook Oficial)
O elenco que possui põe o Bayern no nível mais alto de favoritismo. O clube negociou Toni Kroos (Real Madrid) e Mario Mandzukic (Atlético de Madrid), mas tirou Robert Lewandowski do Borussia Dortmund a custo zero - o polonês marcou 74 gols em 131 partidas na Bundesliga -, além de contratar também Pepe Reina (Liverpool) Juan Bernat (Valencia) e Sebastian Rode (Eintracht Frankfurt). A perda de Javi Martínez por lesão no início da temporada pode obrigá-lo a ir ao mercado na última semana de janela de transferência - Schweinsteiger e Thiago também serão desfalques nas próximas semanas.
- Não adianta ficar achando que vai ser a mesma coisa que no ano passado ou parecido. Temos que trabalhar para fazer uma grande temporada, mas em nenhum momento ter esse pensamento de ser campeão antecipado. O Borussia Dortmund tem um grande time, o Bayer Leverkusen também se reforçou muito bem, o Schalke... Nós não somos videntes, não posso adivinhar quem vai fazer o quê – afirmou o brasileiro Dante, que poderá atuar num esquema de três zagueiros em 2014/15 sob o comando de Pep Guardiola.
Lewandowski, novidade no Bayern, cumprimenta o brasileiro Dante (Foto: Divulgação / Facebook Oficial)
BORUSSIA PUXA A FILA DOS POSTULANTES
O torcedor do Borussia Dortmund tem a certeza que pode triunfar sem a sua antiga estrela. Na última semana, derrubou o Bayern em mais uma Supercopa da Alemanha, por mais que o confronto estivesse vazio de grandes nomes. A saída de Lewandowski contrasta com as chegadas de Ciro Immobile (Torino), Adrian Ramos (Hertha Berlim) e Matthias Ginter (Freiburg), mas o grande salto de qualidade para Jürgen Klopp seria contar com todos os seus atletas na plenitude física, algo raro para quem ficou sem Kuba e Gündogan por quase toda a última temporada.
Lateral-esquerdo Wendell, ex-Grêmio, é uma das novidades do Bayer Leverkusen (Foto: Divulgação)
Se Borussia e Bayern prometem manter o duopólio na frente, a disputa pelas competições europeias deverá ser empolgante. O Schalke, terceiro em 2013/14, reforçou o setor ofensivo com o camaronês Choupo-Moting (Mainz) e o alemão Sidney Sam (Bayer Leverkusen). O próprio Leverkusen contratou o suíço Josip Drmic e o turco Hakan Çalhanoglu, destaques por Nurenberg e Hamburgo na edição passada, além do lateral-esquerdo brasileiro Wendell, ex-Grêmio.
O Wolfsburg, que já conta com Luiz Gustavo, conseguiu o volante Josuha Guilavogui por empréstimo e investiu em Nicklas Bendtner (Arsenal), Aaron Hunt (Werder Bremen) e Sebastian Jung (Eintracht Frankfurt). O Borussia Mönchengladbach apostou no irmão de Eden Hazard, Thorgan, substituiu Ter Stegen com o suíço Yann Sommer e ainda buscou no Hoffehneim, onde joga o atacante Roberto Firmino, o lateral-direito Fabian Johnson, um dos destaques de sua posição no Mundial. Dois clubes foram promovidos. O Colônia, que revelou Lukas Podolski, e o estreante Paderborn, dono do menor estádio de toda a Bundesliga (capacidade para 15 mil torcedores).
fonte: globo