quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Ao L!Net, Horta fala de administração, promete títulos e reformas estruturais


Homem forte da diretoria, empresário garante ginásio e piscinas da Colina funcionando em janeiro, diz não ter perfil de vice-presidente, avalia gestão Roberto Dinamite e muito mais


Vice-presidente do Vasco, Fernando Horta (Foto: Wagner Meier/ LANCE!Press)
Quando se fala em eleição presidencial do Vasco, o nome de Fernando Horta sempre aparece nas conversas. Ele nunca lançou oficialmente candidatura, mas já cogitou isso diversas vezes. No pleito de novembro não foi diferente, mas o presidente da Unidos da Tijuca acabou desistindo, por alegar que não teria tempo suficiente para se dedicar ao Vasco, e acabou apoiando a chapa vencedora, de Eurico Miranda, tornando-se, mais tarde, primeiro vice-presidente geral do clube. Entre as pessoas mais respeitadas do país em termos de gestão, por pegar uma escola de samba falida e transformá-la em uma potência, Horta conseguiu um espaço na agenda, mesmo com a proximidade do Carnaval, e recebeu a reportagem do LANCE!Net. Na mesma linha da nova diretoria, o português reforçou o discurso de “resgatar o respeito” e prometeu reformas estruturais no clube até o fim de janeiro:
– O patrimônio do clube já está sendo resgatado. Até o fim de janeiro, você vai ter o ginásio, de salão e basquete, e as piscinas funcionando. Pode me cobrar. Isso já está sendo providenciado e sendo feito. Você vai poder ir para o Calabouço, para as outras sedes, que tudo vai funcionar. Não só em São Januário. Tudo vai funcionar.
Quando o senhor assumiu o comando da Unidos da Tijuca, a escola tinha problemas financeiros. Hoje, a escola se tornou uma potência. Como fazer o mesmo no Vasco?
O Vasco é uma situação muito mais complicada do que quando eu peguei a Unidos da Tijuca. Até porque, o universo é muito maior. Mas a gente tem esperança, sim. Não estou prometendo que vamos pagar quase R$ 800 milhões de dívidas, mas vamos deixar o Vasco muito melhor do que quando entramos, mais organizado e com as pessoas tendo novamente respeito ao Vasco. Pode ter certeza disso.
O senhor é sempre cogitado para concorrer na eleição do Vasco, mas nunca acabou se candidatando oficialmente. É uma coisa que ainda almeja?
O Eurico sabe muito bem que eu não tenho perfil de ser vice. Como ele também não tem. Nós temos mais para ser presidente. Mas isso aí é uma coisa que vamos ver mais para o futuro. Vamos trabalhar esses três anos e ver como fica. Estou aí para ajudar o Vasco e o mais importante é que mostrei para os vascaínos que, se eu fosse para uma eleição, teria chance de ganhar. Mas meu intuito é ajudar o Vasco no momento.
Como você avalia a gestão de Roberto Dinamite?
Foi uma situação muito lamentável. Não estamos aqui para falar de herança maldita, pois a nossa proposta não é essa. Mas, quando chegamos, vimos coisas que aconteciam que minha neta, que vai fazer seis anos, não seria capaz de fazer igual. Foi uma administração muito ruim. Não sei se partia dele, das pessoas com as quais ele se cercou... Mas o Vasco não tinha comando. Cada um fazia da maneira que queria. Por isso chegou ao caos. Não é por não ganhar um título. É problema administrativo. Às vezes você pode ter uma coisa que seja pobre, mas limpa. Mas além de estar pobre, as coisas no Vasco estavam sujas. Então, vejo que é uma administração para esquecer.
Como o senhor acompanhou todas essas dificuldades recentes que o clube passou?
Igual a todos os vascaínos. Eu, depois que o Vasco caiu, nunca fui ver um jogo. Tinha vergonha de ver o Vasco na Segunda Divisão, pela potência que o Vasco é. Adoro futebol, viajei com o Vasco para tudo que é lugar, Japão, Europa... Tudo por minha conta. E eu deixei de ir. Fui a um jogo ou dois. Fui torcer no último jogo (contra o Icasa, pela Série B), no Maracanã, naquela vergonha, que quase que a gente toma um gol no fim. Nunca vou falar que tenho vergonha de ser vascaíno, mas eu me afastava das discussões de futebol.
Já deu para fazer um levantamento da dívida do Vasco e saber como quitá-la?
É cedo para isso. Temos por alto, ou por baixo, o montante da dívida. Mas todo dia aparece uma novidade, alguém cobrando alguma coisa. Então, acho que nos próximos 30 dias é que vamos ter uma coisa mais precisa. Mas digo que é maior do que R$ 700 milhões. É muito difícil. Toda hora aparece uma coisa, uma surpresa. Confissões de dívidas feitas no dia 28 (de novembro), dia 1 de dezembro... E nós assumimos a diretoria no dia 2. Então, é muito difícil.
Fernando Horta é o primeiro vice-presidente geral do Gigante da Colina (Foto: Wagner Meier)
Como está para conciliar a administração da Unidos da Tijuca com as obrigações na diretoria do Vasco?
Neste período próximo ao Carnaval fica um pouco mais difícil, mas estamos tentando. O Vasco montou uma diretoria forte e com pessoas certas para administrá-lo. Então, é uma questão de a gente se reunir todos os dias, conversar e tomar caminhos certos para o clube. Não está sendo difícil. É mais para o presidente. E o Eurico está praticamente 20 horas por dia dentro do Vasco.
O senhor é bastante respeitado no mercado empresarial. Está participando deste processo em busca de novos parceiros?
Estou participando na parte que nós pegamos um Vasco destroçado. Estamos tentando primeiro resgatar a imagem do clube. E sobre os parceiros, isso deve ficar para janeiro. Agora é um período complicado para as empresas. Mas naquilo que eu puder ter uma participação, vou tentar levar para o Vasco. Tenho credibilidade porque sempre fui uma pessoa que honrou os compromissos assumidos. E vamos continuar honrando isso dentro do Vasco.
Apesar de todas as dificuldades, o senhor almeja títulos já para a próxima temporada?
Lógico. O Vasco vai estar sempre na briga por títulos. Pode ter certeza disso. Pode escrever que eu assino. O Vasco vai disputar e vamos buscar títulos sempre.
Voltando aos assuntos políticos. Antes da eleição, o senhor se aproximou de um grupo concorrente ao de Eurico, mas acabou voltando atrás e apoiou o vencedor da eleição. Por que acabou mudando assim e como é a sua relação com o Eurico?
Eu não me aproximei. Esse grupo (de Julio Brant) é que se aproximou de mim. Continuo amigo deles, acho que foram eleições bem disputadas e brigamos só naquele dia. São todos amigos, estou aberto a todos eles. A minha relação com o Eurico sempre foi muito boa. Embora tivéssemos tido divergências políticas no passado, somos amigos há muitos anos. Acho que ele é um sujeito de palavra, grande vascaíno e tenho certeza que ele vai fazer uma grande gestão.
Presidente da Unidos da Tijuca, Horta está confiante no título da escola no Carnaval de 2015 (Foto: Wagner Meier)
O senhor indicou alguém para algum cargo no Vasco?
A maioria que o Eurico indicou eu já conhecia. São pessoas que já conhecem o Vasco. Então estou totalmente à vontade porque não indiquei ninguém. Então, sou mais um fiscal. No futebol eu não me envolvi muito, pois a pessoa que está lá, o José Luis (Moreira, vice de futebol), é bastante capaz, mas aprovei o nome do Doriva, por exemplo, para ser o nosso técnico. Gostei dele, é uma pessoa com ideias novas e sempre gosto da renovação.
A Tijuca tem uma grande relação com o Vasco e já homenageou o clube, em 1998. Pensa em homenagear o Cruz-Maltino novamente?
Gostaria de estar vivo. No outro centenário é impossível, mas quem sabe quando ele fizer mais uns anos? Um enredo mesmo sobre a história do Vasco. Porque aquele enredo era misto, falava do Vasco da Gama navegador também. A ideia agora seria fazer um só do Vasco, só da história do Vasco. Como o Vasco foi construído, toda a situação desde que o Vasco nasceu... E se me tirarem o campeonato ou me derrubarem outra vez, não tem problema. Aquele ano foi uma covardia. A escola vinha para o título, mas não cabe mais falar sobre isso, já é passado.


FONTE: LANCE