Meia relembra época de transição dos alemães na sua segunda passagem pelo Bayern de Munique e promete passar experiência aos garotos do Palmeiras
Zé Roberto e Schweinsteiger, seu pupilo no Bayern de Munique (Foto: Arquivo pessoal)
João Pedro, Nathan, Victor Luis e Renato. Antes desconhecidos, esses nomes viraram comuns nas escalações do Palmeiras em 2014. Revelados na base do clube, os garotos ganharam cada vez mais espaço no conturbado ano do centenário e resistiram à briga contra o rebaixamento. Mais maduros, eles agora terão a ajuda de um novo "professor" em 2015: Zé Roberto, que, aos 40 anos, chega como reforço mais badalado do clube para a temporada de reconstrução.
O experiente jogador promete assumir esse papel no dia a dia do Verdão, repetindo prática realizada no Santos (2007), Grêmio (2012 a 2014) e até na sua segunda passagem pelo Bayern de Munique (2007 a 2009). Na ocasião, ele recorda ter participado da transição dos então garotos Thomas Müller, que ainda está no Bayern e atualmente tem 25 anos, e Toni Kroos, um dos astros do Real Madrid e hoje com 24 anos.
- Assumo esse papel desde a minha primeira volta ao Brasil, no Santos. Havia muitos garotos na época. Essa foi a ideia do Luxemburgo, de fazer eu ajudá-los dentro e fora de campo com a minha experiência. Na Alemanha, peguei Toni Kroos, Müller, Schweinsteiger, que eram jogadores jovens subindo da base. No Grêmio também não foi diferente, com Walace, Matheus Biteco e Luan. Trabalhamos juntos e ajudei sendo um tipo de espelho para eles conseguirem um futuro brilhante da mesma forma que eu consegui - disse.
Zé Roberto visitou a delegação da seleção alemã durante a disputa da Copa do Mundo (Foto: Arquivo pessoal)
Aqui os garotos ganham, por exemplo, R$ 50 mil, compram um carro do ano acham que são o novo Neymar. Essa mentalidade precisa mudar"
Zé Roberto
Na época do Bayern, Zé Roberto recorda que Kroos mostrava amadurecimento acima do normal na rotina de treinamentos. Além dele, o peruano Claudio Pizarro, o paraguaio Roque Santa Cruz e o argentino Demichelis eram alguns dos sul-americanos do grupo.
- Ele e o Schweinsteiger gostavam de ficar com os sul-americanos na roda de aquecimento. Nós conversávamos em espanhol. O Kroos falava e já dava para ver o interesse dele, pois projetava um dia jogar fora da Alemanha. Foi o que aconteceu e hoje ele está no Real Madrid, onde certamente chegou sabendo algo do idioma deles. Na época, ele tinha só 18 anos, a mesma idade dos jogadores que estão iniciando hoje no Brasil - afirmou.
Na visão de Zé Roberto, o pensamento dos novos jogadores brasileiros está equivocado. Ele entende que a fama e o sucesso repentinos atrapalham o futuro dos atletas, principalmente pela facilidade de ganhar dinheiro muito cedo.
Zé Roberto e Podolski, o alemão que cativou os brasileiros a Copa (Foto: Arquivo pessoal)
- Tento ajudar a agregar algo na carreira profissional, porque os garotos do Brasil pensam diferente dos da Europa. Aqui, no segundo contrato profissional ganham, por exemplo, R$ 50 mil por mês, compram um carro do ano e acham que são o novo Neymar. Isso é uma mentalidade que precisa mudar. Isso é só o começo. Há uma carreira longa pela frente - finalizou.
Em 2014, o lateral-direito João Pedro, de 18 anos, fez 17 jogos e um gol, enquanto o zagueiro Nathan, de 19 anos, realizou 12 partidas. O lateral-esquerdo Victor Luis, de 22 anos, teve 32 atuações e dois gols, e o volante Renato, também de 22 anos, fez 34 apresentações e balançou a rede uma vez. Todos eles terão a chance de aprender com o "professor" Zé Roberto em 2015.
fonte: globo